Tesouro pré, Selic ou IPCA+? Curta, média ou longa duração? Saiba as opções para agora

Veja quais as opções mais atraentes em Tesouro Direto para carregar até o final ou vender antes do vencimento para adicionar ágio

A procura por títulos do Tesouro Direto disparou nos últimos dias. Incertezas quanto aos juros nos Estados Unidos e a situação fiscal do Brasil podem ter contribuído para elevar o interesse nesses ativos.

Nesse sentido, a alta procura fez com que o Tesouro suspendesse a venda da maioria dos títulos por algumas horas nesta quarta-feira (16). Agora, com as transações normalizadas, vale entender bem quais as opções mais atraentes entre as que o Tesouro oferece.

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É possível antecipar que há boas oportunidades nos títulos de médio prazo, entre 2029 e 2035. Isso vale para quem quer manter o papel até o vencimento ou deseja vendê-lo antes.

Melhor opção conforme o planejamento financeiro

Antes de tudo, o investidor precisa considerar o objetivo do investimento. “Quando falamos de reserva de emergência, isso deve ser mantido em ativos indexados à Selic ou ao CDI. No caso em questão, no Tesouro Selic”. A avaliação é de Luciana Ikedo, especialista em finanças.

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Por outro lado, quando o investimento é para o horizonte de longo prazo, como a aposentadoria, por exemplo, “uma das maiores preocupações que temos na alocação é garantir que o recurso tenha crescimento real, ou seja, que cresça acima da inflação. Assim, a melhor opção é o tesouro IPCA+”, acrescenta.

A especialista diz que, para horizontes mais longos, de cinco, dez ou até 20 anos, “uma taxa do Tesouro IPCA+ que supere os 6,5% de ganho real é uma opção excelente”.

Nesse sentido, apenas o Tesouro IPCA+ 2040, com retorno de 6,43%, não atinge esse objetivo.

Tesouro prefixado, IPCA+ ou Selic?

Dentro da plataforma do Tesouro Direto, a melhor remuneração é de 2031 (prefixado) sem juros semestrais, ou seja, o ativo bullet, que é juro e amortização no vencimento e está pagando 12,85%.

Esse retorno está acima da opção 2035 com juros semestrais, por exemplo, que paga 12,64%. “Então, essa é uma diferença razoável para (retirada em) um prazo menor”, diz Kaique Fonseca, economista e sócio da A7 Capital.

Fonseca destaca que hoje “temos mais juros para o prazo médio que para o prazo longo”, o que não é usual, dado que o longo prazo oferece menos visibilidade sobre o cenário econômico e monetário e, por isso, mais risco.

Contudo, esse prêmio maior no médio prazo “está acontecendo porque o mercado espera que os juros subam nos próximos três anos, e depois comece a cair. E isso reflete nos títulos e vencimentos”, acrescenta Fonseca.

Essa realidade tem atingido também os títulos indexados à inflação.

“Hoje, o ativo IPCA+ com a maior taxa contratada é IPCA 2029, pagando 6,67%, bem mais que o IPCA+ para 2040, que é um ativo muito mais longo, mais arriscado, que paga 6,43%”, detalha o economista.

Horizonte de médio prazo: Tesouro Direto 2029

Para 2029, existe uma inflação embutida nos títulos IPCA+ na casa de 5,5%. “Então, se o investidor quer se proteger da inflação, o Tesouro IPCA+ pode ser mais recomendado. Porém, ele vai ter maior variabilidade”, diz Fonseca.

Essa variabilidade não interferirá se o investidor levar o título até o vencimento.

Além disso, há o risco de a inflação vir mais baixa do que o esperado, o que fatalmente fará com que a remuneração do título IPCA+ 2029 venha abaixo da expectativa.

Duas opções para 2035: qual escolher?

Para 2035, há duas modalidades para Tesouro IPCA+. Uma com pagamento de cupons semestrais. Esta, segundo Luciana, “é muito interessante para quem pretende utilizar esses cupons para a composição do fluxo de caixa, como é o caso de quem já está aposentado, por exemplo”.

Por outro lado, a outra modalidade, com pagamento final, ou seja, principal mais juros pagos no vencimento do título, é “ideal para quem não pretende utilizar o recurso até o vencimento”, diz Luciana.

Venda no mercado secundário: como adicionar mais ganho?

Em relação ao momento de venda, Luciana diz que o investidor “terá que ter paciência para aguardar a virada da curva de juros”.

Para Fonseca, a venda dos ativos com a finalidade de obter ágio pode acontecer dentro de 18 a 30 meses, “quando a taxa (de juros futuros) estiver bem menor e o prazo não incidir no pagamento de um Imposto de Renda maior na hora de efetuar a venda”.

Nesse sentido, segundo o economista da A7, agora, “é um bom momento para quem está pensando em operar a renda fixa, ou seja, comprar e vender para tentar ter um retorno adicional”.

E, para isso, ele aconselha os títulos de média duração, de 2029 a 2035.

Tesouro Direto de média duração pode ser a melhor aposta pensando em ágio

Fonseca avalia que os juros de médio prazo estão acima do que o histórico aponta na relação com o longo prazo.

“O perfil (da curva de juro) é positivamente inclinado. Hoje, não estamos assim. Há mais juro para a parte intermediária da curva”, detalha Fonseca.

“Então, essa curva pode se torna normal, com a parte longa da curva ficando onde está ou caindo um pouco, mas, principalmente, a curva intermediária, entre 2029 e 2035, reduzindo de forma acentuada”.

Nesse cenário, entre março de 2026 e abril de 2027, com o possível alívio sobre os juros, será o momento de vender e conseguir o maior ágio possível. Isso segundo o economista.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

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