Tenax Capital aposta em novo fundo de debêntures para capturar fuga de CRI e CRA
Gestora de mais de R$ 1,3 bilhão aposta em aumento de demanda por debêntures de infraestrutura após decisão do CMN sobre incentivados
Os planos da Tenax Capital para abrir uma área de gestão de crédito privado estavam em desenrolo muito antes das novas regras do CMN (Conselho Monetário Nacional) entrarem em jogo para títulos de crédito isentos como LCI, LCA, CRI e CRA.
Ao lançar seu mais novo fundo de renda fixa com gestão ativa de debêntures de infraestrutura e derivativos de juros, a gestora aposta no “timing perfeito” para capturar os investidores que vão migrar à procura de outras opções de aplicação isenta de Imposto de Renda.
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O fundo de investimento, batizado de Tenax RFA Incentivado, aposta no investimento de dívidas de empresas de infraestrutura com duração média de quatro anos.
Assim, de acordo com Eduardo Duarte, estrategista de crédito da Tenax, as debêntures terão grau de risco baixo e o fundo terá como alvo o investidor pessoa física.
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Por que o novo fundo da Tenax mira o investidor pessoa física?
O novo fundo da Tenax Capital tem como meta principal superar o CDI (benchmark) por uma margem de 2% ao ano.
A liquidez dos cotistas para o investimento, que concentra operações em derivativos de juros e em debêntures, é de 30 dias a partir do aporte inicial.
Assim, a taxa de administração fixada é de 1%.
A parcela dos investimentos dedicada às debêntures de infraestrutura é suficiente para garantir a isenção tributária do fundo, o que pode atrair a atenção de investidores pessoa física. É a aposta que Cassiano Ciampone, gestor e sócio da Tenax Capital, tem para o novo produto da asset.
Com as novas regras sobre emissão de certificados e letras de crédito privado, a expectativa é que a gestora capture os investidores que procuram isenção do IR.
Dados do Itaú mostram que a emissão de CRI e CRA despencou em fevereiro após a decisão do CMN.
“À medida em que fica mais difícil conseguir enquadrar o crédito privado nesse tipo de ativo (CRI e CRA), a oferta do produto diminui. Por isso que o timing de lançamento do fundo é bom. E vamos buscar vantagem nas debêntures incentivadas”, diz Ciampone.
Mercado deve procurar títulos isentos mais arriscados
Nesse sentido, Mariana Fenelon, gestora de portfólio da Tenax, afirma que o mercado deve observar um aumento na procura de títulos isentos mais arriscados.
O movimento deve gerar, pelo menos no início, uma compressão do prêmio de risco sobre o CDI.
Mesmo assim, segundo Mariana, o horizonte para debêntures incentivadas é positivo porque “a redução dos juros no país é o que mais impacta o financiamento dos projetos” do setor.
“Ainda temos uma curva de juros longa no Brasil, mas o ciclo de redução já chama a atenção para retomar esses investimentos em infraestrutura. Tivemos nos últimos meses concessões e PPPs, então temos uma perspectiva muito boa”, afirma a executiva.
São fatores que levam a “condições de emissão bastante atrativas”.
Além de Mariana, recém-chegada na Tenax, o time que vai administrar a compra e venda de derivativos de renda fixa inclui o gestor Sergio Silva e a economista-chefe da asset, Débora Nogueira
Dessa forma, por ter metade do mandato dedicado à operação de derivativos de juros, o novo fundo da Tenax Capital incorre nos risco de mercado que afetam títulos prefixados, ou atrelados ao IPCA ou às taxas DI.
O risco de crédito vem da classificação das debêntures adquiridas pela Tenax.
A duração das debêntures média será de quatro anos, enquanto que o rating médio dos títulos será “AA”, informa Duarte.
“O objetivo do fundo é criar uma carteira equilibrada, não focar em um perfil de debênture”, pontua o estrategista.
Assim, a Tenax criou uma metodologia de avaliação interna para separar emissões em cinco graus de risco.
Já a duração “foi separada em quatro graus de duration“, afirma.
“Mas isso não quer dizer que não podemos ter operações mais triple A ou operações de prazo maior ou menor”, prossegue.
A parte de risco de renda fixa do fundo deve ser mediada pela compra e venda de derivativos.
Tanto de IPCA (DAP) quanto de contratos de DI futuro.
“Miramos nos títulos mais líquidos. Em geral, o fundo deve ter uma volatilidade de 3% a 2%”, diz Mariana.
Os planos da gestora no mercado de crédito aquecido
O novo fundo da Tenax Capital “é um de uma série de três ou quatro” produtos de crédito que devem sair do forno da gestora nos próximos meses, segundo Eduardo Duarte.
“O fato de estarmos lançando a área de crédito agora faz parte de um plano mais amplo da empresa, fundada há dois anos”, diz.
O lançamento é mais um passo para fazer da Tenax uma gestora “multiestratégia”, após lançar fundos de investimento macroeconômicos e de multimercado.
“Esse projeto começou há 18 meses, mas sempre tivemos o sonho de ter uma área de crédito”, afirma Duarte.
O fundo pode ser acessado por plataformas de corretagem.