Com a NTN-B pagando IPCA+7% ao ano, é hora de investir? Depende de você

Título público atrelado à inflação segue como um ativo interessante, mas para investidores que tenham horizonte mais longo.

Tela de computador mostra variação de ativo financeiro. Foto: Getty Images
Tela de computador mostra variação de ativo financeiro. Foto: Getty Images

Cenários de inflação pressionada como o atual costumam aumentar o fluxo para NTN-Bs, os títulos do governo brasileiro que pagam IPCA mais um ganho real para o investidor.

Os papéis dessa categoria com vencimento em três anos bateram a marca de 7% ao ano mais a inflação na última sexta-feira (1), muito acima da média histórica de 3% a 4% reais.

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Não é bem assim.

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Em geral, ativos seguros, com boa liquidez e rentabilidade nominal acima de 1% ao mês, como atualmente, são um sonho para o investidor em qualquer lugar do mundo.

Especialmente se o investimento ainda oferecer proteção contra a inflação. E é exatamente isso o que esses papéis apresentam.

Contudo, gestores de recursos ouvidos pela Inteligência Financeira recomendam que o investidor pense com cuidado antes de decidir.

Para o curto prazo melhor aposta é o CDI

Para aqueles com horizonte de investimento mais curto, a NTN-B não é bom negócio, diz o sócio e gestor da Hike Capital, Ângelo Belitardo Neto.

“É um produto de muita volatilidade e baixo retorno quando a curva de juros está volátil e sem uma direção definida ou não dá sinais de que vai cair nem subir de forma agressiva”, afirmou ele.

A melhor estratégia, segundo os especialistas, varia de um investidor para outro, dependendo de quando ele vai precisar do dinheiro.

Segundo o estrategista-chefe da AZ Quest, André Muller de Lima, se o investidor tem um perfil de curto prazo, o melhor negócio é apostar em títulos pós-fixados, as LFTs.

“Para horizontes de até um ano, minha recomendação seria ficar mais em Selic”, disse o especialista.

A taxa básica, hoje em 10,75% ao ano, deve continuar subindo, segundo os economistas, chegando a pelo menos 12% anuais no começo de 2025.

Opção para quem acredita em ajuste fiscal e queda da inflação

Para André Leite, chefe de investimentos da TAG Investimentos, as NTN-B seguem como uma aposta interessante, mas para o investidor disposto a esperar mais.

Além disso, é uma estratégia interessante para quem acredita que o governo fará um ajuste fiscal e que a inflação adiante vai cair.

Não é o que apontam as previsões mais recentes do mercado.

A edição desta segunda-feira (4) do Boletim Focus, a pesquisa do Banco Central com instituições financeiras, voltou a apontar alta de inflação e juros.

Segundo Leite, no entanto, os atuais patamares de juros reais embutidos em títulos públicos são insustentáveis no longo prazo e alguma solução deve vir nos próximos meses.

Neste final de semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, adiou uma viagem para a Europa, diante de expectativas de anúncio do pacote de revisão de gastos pela equipe econômica.

Instituições como o Deutsche Bank esperam que o governo anuncie um corte de R$ 30 bilhões a R$ 50 bilhões nos gastos para 2025.

“Se um ajuste for feito, a gente pode passar a ter juros reais mais civilizados, na casa de 4%, 4,5%”, disse Leite.

Neste caso, isso abriria espaço para ganhos com as NTN-B por meio da marcação a mercado.

NTN-B pode ganhar com marcação a mercado

Entenda | Marcação a mercado
Muita gente perde dinheiro ao investir em renda fixa por não entender o conceito de marcação a mercado, a movimentação de preços de ativos no mercado financeiro.

Ela vale para ações e fundos, mas com frequência refere-se à renda fixa, pública ou privada.

Esse instrumento permite ao investidor negociar seu ativo no mercado secundário se decidir se desfazer dele imediatamente, sabendo quanto ele vale.

Logo, salvo nos casos em que o emissor der calote, a marcação a mercado não tem impacto para o investidor que segurar o papel até o vencimento.

Quem negocia antes do prazo combinado fica sujeito às flutuações do mercado.

Ou seja, assim como na bolsa de valores, o investidor corre o risco de receber menos do que investiu ao revender um título.

Mas pode também conseguir um rendimento além do inicialmente acertado, se as condições para aquele papel melhorarem. Isso vale tanto para os títulos pós como prefixados.

Neste caso, é o sobe e desce dos juros da economia que influencia nos preços dos papéis.

Foi a marcação a mercado positiva que nos últimos anos levou investidores em NTN-B chegarem a ter ganho nominal anual superior a 20%.

No entanto, com a reviravolta na Selic, neste ano o ganho acumulado desses títulos gira ao redor de 6%.

No curto prazo não há tendência de melhora, já que a expectativa é de que a Selic continue a subir nos próximos meses.

Logo, o interesse dos investidores foi para os pós-fixados, enquanto os títulos pré e os vinculados à inflação perderam atratividade.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

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