Investir em CRIs, CRAs e debêntures vai ficar mais arriscado, diz Legacy
Leonardo Ono é o entrevistado do PodInvestir, podcast original da Inteligência Financeira
Investir em títulos de crédito corporativo, como os CRIs, CRAs e as debêntures, vai ficar mais arriscado daqui para a frente. Isso, se o investidor quiser o nível de rentabilidade a que se acostumou no último ano.
Quem diz isso é Leonardo Ono, gestor de renda fixa da Legacy Capital, casa que tem mais de R$ 20 bilhões sob gestão.
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Ele foi entrevistado pelo PodInvestir, podcast original da Inteligência Financeira, que trata dos temas de destaque no mercado financeiro. O episódio está disponível no Spotify (abaixo) ou nas principais plataformas de áudio.
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Investir em debêntures
Segundo Leonardo Ono, os gestores como ele vão precisar de criatividade e paciência para revirar balanços de empresas que estão abaixo do selo máximo de boa pagadora, o AAA ou Triplo A. As notas são concedidas pelas agências classificadoras de risco.
“Hoje, se você comprar uma debênture triplo A, você eventualmente vai receber o ‘spread’ de crédito relativamente baixo, acima do CDI”, disse.
“Não estou aqui advogando para você tomar muito risco e emprestar dinheiro para empresas que estejam excessivamente alavancadas”, afirmou.
“Mas acho que o gestor vai ter que usar toda sua capacidade de análise de crédito pra tentar tomar um pouquinho mais de risco.”
Isso para que os investimentos continuem remunerando o investidor no mesmo patamar que vimos até aqui.
Tempo bom
O prêmio, ou “spread”, é a diferença entre as taxas pagas pelos papéis corporativos e os rendimentos equivalentes das NTN-Bs ou do CDI.
Eles vinham altos desde o ano passado, quando se descobriu a fraude das Lojas Americanas (AMER3), seguida da recuperação judicial da Light.
O estouro dessa crise, assim, assustou o investidor. Dessa forma, o mercado passou a exigir uma taxa de juros muito maior para as empresas que queriam emitir dívida.
Queda dos prêmios das debêntures
“No meio do ano passado, a gente foi muito vocal. Falou o seguinte: ‘Turma, as debêntures, os ativos de crédito privado estão num preço muito atrativo. Estão em liquidação. Então essa é a hora de aumentar a sua alocação em fundo de crédito e investir em debêntures”, lembrou Leonardo Ono.
“Infelizmente, nem sempre a gente consegue convencer o investidor quando a cota dos últimos seis meses não é tão boa. É muito mais fácil você começar investir depois que você já tiver ‘performando’ nos últimos 12 meses”, ele destacou.
Agora que a fraude das Americanas não aparece mais no retrovisor dos fundos, que estampam os resultados dos últimos doze meses, o apetite retornou. E os prêmios, consequentemente, despencaram.
Separar joio do trigo
Segundo o gestor, o momento é de “separar o joio do trigo pra não trazer um risco excessivo para os portfólios, mas mantendo alguma rentabilidade”.
Ele, por exemplo, que opera com um mandato mais conservador, está olhando para investir em debêntures imediatamente abaixo das Triplo A. São as Duplo A (AA).
“(Em classificações abaixo) Você encontra ainda boas empresas, onde você consegue achar um ‘spread’ um pouco mais atrativo”, conta Leonardo Ono.
“Mas também não dá pra você baixar muito a régua em termos de risco de crédito, porque o cenário que se coloca, principalmente no ano que vem, é um pouco mais incerto”, conclui o gestor da Legacy Capital.
Investir em debêntures vale a pena?
Confira a entrevista completa de Leonardo Ono.
Além de responder a pergunta se investir em debêntures, além de CRIs e CRAs, ainda vale a pena. Ele aponta tendências para o mercado de renda fixa.
E ainda destaca quais as famílias de ativos devem se destacar daqui para a frente.