Tesouro Direto x debêntures incentivadas: qual vale mais a pena?
Além da rentabilidade, o poupador deve considerar a segurança e liquidez do ativo para decidir qual produto se encaixa melhor ao seu perfil
As debêntures incentivadas dispararam no Brasil nos últimos anos. De acordo com a Anbima, no primeiro trimestre as emissões com esse tipo de papel somaram R$ 19,9 bilhões, quase cinco vezes maior do que o montante de igual período em 2023.
A rentabilidade ajuda a explicar esse avanço. Isso porque esses papéis podem pagar rentabilidade superior a 2,5 pontos percentuais acima de um título público de prazo comparável. Além disso, há ainda o principal atrativo para o investidor pessoa física: a isenção de Imposto de Renda.
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O gráfico abaixo, do Itaú BBA, mostra o spread, ou seja, a rentabilidade adicional dos incentivados em relação a um NTN-B. A comparação já mostra o spread levando-se em conta a incidência de IR sobre o titulo publico. A linha laranja central mostra o spread médio desses papéis contra o Tesouro Direto.
Fonte: Itaú BBA
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Vale a pena investir em debêntures incentivadas?
Mas é só isso que o investidor deve levar em conta ao comparar o produto com um Tesouro Direto, por exemplo? Para especialistas, além da rentabilidade, o poupador deve considerar questões como risco e liquidez para decidir qual produto se encaixa melhor ao seu perfil.
Em outras palavras, você paga um preço, não medido em cifrões, para ter um investimento que paga mais. Primeiro tem que aceitar mais prazo. Depois, estar disposto a aceitar mais risco.
Segundo o chefe de análise de crédito do Itaú BBA, Ciro Matuo, de forma resumida as debêntures incentivadas são mais apropriadas para investidores com visão de prazo mais longo.
“O título privado é mais adequado para quem tem disposição de conservar o papel até o vencimento”, disse ele.
Além disso, ponderou Matuo, o investidor deve ter presente que a debênture envolve dois riscos que no título público são menores: o de mercado e o do emissor.
Tesouro Direto: vantagens e desvantagens
Vantagens | Desvantagens |
Menor valor mínimo de investimento. O produto é disponível para aplicações a partir de R$ 30 | A B3 cobra 0,25% sobre o total aplicado pelos serviços de guarda dos títulos por ano |
Garantia do Tesouro Nacional | Imposto de Renda de 15% a 22,5% sobre os ganhos |
Liquidez. O título pode ser vendido no mesmo dia, com o resgate ocorrendo um dia útil após o pedido |
Debêntures incentivadas: vantagens e desvantagens
Vantagens | Desvantagens |
Isentas de Imposto de Renda | As chances de resgate antes da data de vencimento do título são menores. Isso porque o investidor precisa ter um interessado em comprá-lo. Assim, corre o risco de vender com deságio em relação ao preço considerado justo. Esse deságio pode estar relacionado também a taxas de corretagem, fazendo o investidor deixar na mesa parte dos ganhos. |
Rentabilidades superiores às dos títulos públicos de vencimentos similares | Não há garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Assim, o investidor corre risco de inadimplência do emissor. |
Isso exige por exemplo, identificar o rating da empresa (nota de uma agência de classificação de risco que traduz a capacidade da empresa de honrar o título). |
Marcação a mercado
Tanto os títulos do Tesouro Direto quanto as debêntures incentivadas são sujeitos à ‘marcação a mercado’. Esse jargão quer dizer, portanto, que a cotação do papel pode cair se for negociado antes do prazo de vencimento. Mesmo sendo um título de renda fixa.
Por que isso acontece? Pois bem, suponha que um título tenha rentabilidade prefixada de 12% ao ano e com vencimento em 2026. Mas o mercado comece a apostar que a Selic, hoje em 10,5% anuais, pode subir para 13% nos próximos meses para conter uma inflação acelerando.
Logo, o interesse de investidores por esse papel de 12% tende a perder apelo entre investidores. E, assim, se o detentor desse título quiser vendê-lo de imediato, o comprador tende a exigir um desconto sobre o preço do papel para fazer negócio.
Essa reprecificação dos títulos costuma acontecer de forma gradual, com as cotações se ajustando gradualmente.
Olho na liquidez
Seguindo esse raciocínio, o mercado costuma punir os papéis que são menos negociados, ou seja, com menor liquidez.
Nesse quesito, o Tesouro Direto em princípio tem risco menor de perda. Sendo mais líquido, papéis dessa categoria se ajustam de forma mais gradual, dando a um vendedor melhores condições de decidir se vale a pena se desfazer do título.