Agosto, mês do desgosto? Saiba como evitar armadilhas e superstições nos investimentos

Ah, agosto! O mês temido por tantos e reverenciado por tão poucos. Eu sempre achei fascinante como a cultura e a superstição se entrelaçam com nossas vidas cotidianas, mesmo nas esferas mais racionais – como a dos investimentos. Como professor de finanças, sinto-me compelido a compartilhar algumas reflexões sobre esse mês peculiar, amplamente considerado azarado.

Mas como surgiu a fama do mês do desgosto?

A fama de agosto como um mês de azar não surgiu do nada. Há uma rica tapeçaria de lendas (não validadas, obviamente) e mitos que, ao longo dos séculos, contribuíram para essa reputação.

Como é em Portugal

Em Portugal, por exemplo, existe a crença de que “casar em agosto traz desgosto”.

Diz-se que a Rainha Isabel de Aragão, após a morte trágica de sua filha neste mês, pediu que nenhum casamento ocorresse em agosto.

Japão: mês de festival e das bombas atômicas

Já no Japão, agosto é marcado pelo Festival de Obon, onde os espíritos dos antepassados são homenageados.

Embora seja um evento de respeito e celebração, a conexão com espíritos e fantasmas adiciona uma camada de mistério – e, para alguns, de azar.

E quem pode esquecer os eventos históricos que reforçam a má fama de agosto? O lançamento das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki, em agosto de 1945, é um dos episódios mais sombrios da história humana.

Esses eventos trágicos deixaram cicatrizes profundas na consciência coletiva e contribuíram para a ideia de que agosto é um mês ruim.

Onde investir em agosto?

Mas será que o azar nos investimentos é algo inevitável em agosto? Eu acredito que não. O mercado financeiro, embora influenciado por eventos externos e sentimentos coletivos, ainda responde a princípios racionais e previsíveis.

Portanto, vamos explorar alguns comportamentos que podem nos ajudar a evitar o “azar” nos investimentos, especialmente durante este mês de má reputação. E descobrir onde investir em agosto.

Como investir em agosto, evitando desastres

Primeiramente, investir sem planejamento é um convite ao desastre. Tomar decisões impulsivas, sem uma estratégia clara, é uma receita para o fracasso. É essencial ter um plano de investimento detalhado, com objetivos claros, horizonte temporal definido e uma avaliação realista de sua tolerância ao risco. Revisitar e ajustar esse plano conforme necessário é igualmente importante.

Outro erro comum é seguir a multidão. A tendência de investir em modinhas pode levar a comprar na alta e vender na baixa, resultando em perdas significativas. É crucial fazer sua própria pesquisa e análise, baseando suas decisões em fundamentos sólidos, em vez de simplesmente seguir o comportamento da maioria.

Diversificação é uma palavra mágica no mundo dos investimentos. Colocar todos os ovos em uma única cesta é um risco desnecessário. Diversificar seu portfólio entre diferentes classes de ativos e setores ajuda a mitigar os riscos específicos e a equilibrar eventuais perdas.

Ignorar a pesquisa é um pecado mortal no mundo dos investimentos. Investir em ativos ou empresas sem entender os fundamentos e os riscos associados é uma maneira quase garantida de atrair “azar”. Faça uma análise detalhada antes de investir, utilizando fontes confiáveis e, se necessário, consultando profissionais de investimento.

Finalmente, não podemos subestimar o impacto das emoções. Tomar decisões baseadas em medo ou ganância é uma armadilha clássica. Manter a disciplina e seguir o plano de investimento, mesmo quando o mercado parece estar contra você, é fundamental. Automatizar investimentos pode ser uma boa estratégia para reduzir o impacto emocional.

Investir em agosto não significa ter azar

Assim, apesar de agosto ter uma reputação sombria, não há razão para que ele seja um mês de azar para os investidores.

Com planejamento cuidadoso, pesquisa diligente e disciplina emocional, podemos navegar pelas águas turbulentas deste mês e sair vitoriosos do outro lado.

Afinal, no mundo dos investimentos, sorte é algo que criamos com preparo e prudência.

*Texto de Martin Iglesias para o íon; para ler este e outros conteúdos, acesse ou baixe o app agora mesmo.