Vem recessão nos Estados Unidos? As lições de uma segunda-feira de pânico no mercado

Segundo o economista Paul Krugman, o banco central dos EUA precisa agir rapidamente para evitar os riscos de uma grave deterioração econômica

Telão durante pregão da Bolsa de NY (NYSE) mostra discurso de Jerome Powell, presidente do Fed. Foto: Reuters/Andrew Kelly
Telão durante pregão da Bolsa de NY (NYSE) mostra discurso de Jerome Powell, presidente do Fed. Foto: Reuters/Andrew Kelly

O início da semana foi marcado por um intenso nervosismo no mercado financeiro. O índice de Volatilidade Vix, conhecido como ‘Índice do Medo’, por mostrar o grau de oscilação das ações, disparou 65% na segunda-feira. Foi o maior salto diário em mais de seis anos.

Dessa maneira, as pessoas rapidamente começaram a reavaliar o estado básico da economia dos Estados Unidos (EUA). E logo se formou uma corrente de analistas propagando a ideia de que os EUA caminham para uma recessão.

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Simultaneamente, como efeito, os grandes operadores do mercado reduziram suas alocações de maior risco. Vendendo bolsa, câmbio e criptomoedas. Houve uma corrida para os títulos do Tesouro.

Mas, na terça-feira, as principais bolsas de valores do mundo voltaram à normalidade, que durou pouco. Uma nova queda das bolsas de Nova York, na quarta-feira, enfraqueceu o sentimento dos investidores.

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É possível extrair algumas lições do pânico de segunda-feira?

Segundo o economista Paul Krugman, o banco central dos EUA precisa agir rapidamente para evitar os riscos de uma grave deterioração econômica. Krugman fez uma analogia para justificar seu ponto.

Krugman escreveu, em sua coluna de quarta-feira no The New York Times: “conheço algumas pessoas que foram avisadas pelos médicos de que são pré-diabéticas. Ou seja, o seu nível de açúcar no sangue é suficientemente elevado para ter diabetes tipo 2, embora ainda não apresentem quaisquer sintomas. A boa notícia é que perder peso, melhorar a dieta e fazer mais exercícios podem reduzir bastante esse risco. Mas devem agir rapidamente para evitar problemas graves de saúde.”

Mire no futuro, reaja no presente

Da mesma forma, diz o economista: “Está claro que o Fed cometeu um erro ao não cortar as taxas na semana passada. Na verdade, deveria ter começado a cortá-las meses atrás.”

Anteriormente, no dia 31 de julho, o banco central dos EUA, pela oitava vez consecutiva, manteve as taxas de juro estáveis, na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano. O objetivo é debelar a inflação de 3,1% ao ano, de olho na meta de 2%.

Nesse sentido, o presidente do Fed, Jerome Powell, já disse que cortes de juros “provavelmente” serão apropriados neste ano. No entanto, há maior percepção de que o momento chegou.

Agora, a próxima decisão de juros do Fed acontece no dia 18 de setembro. A expectativa da maioria dos analistas de mercado é por um corte nos juros nos Estados Unidos .

Olho no mercado

Então, parte do pânico de segunda-feira também foi motivado por um movimento em massa de vendas de ações. Sobretudo das ‘big techs’.

“Os valuations (valor e mercado) de algumas empresas de tecnologia estavam esticados. A gente entra num período de maior volatilidade no mercado e seria normal e razoável esperar algumas realizações”, diz William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue e colunista da Inteligência Financeira. Para ele, a reação de pânico do mercado foi exagerada.

William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue e colunista da Inteligência Financeira: reação de pânico exagerada; foco agora é reunião do Fed, no dia 18 de setembro

Foco nos dados

Pois os dados mostram que não há indícios de recessão na economia norte-americana.

“O último PIB (dos Estados Unidos) mostrou crescimento de 2,8% no segundo trimestre de 2024. O último PMI de serviços (de julho, mostrou aceleração da atividade econômica, indicando o maior patamar desde abril de 2022) também mostrou que a economia americana continua crescendo”, diz Castro Alves, da Avenue.

Assim, diz ele, é ver como que as empresas vão continuar reportando seus resultados nos Estados Unidos. A safra de balanços continua.

“Tem que monitorar também a questão no Japão Essa sim acabou trazendo um certo descompasso no mercado”, diz.

“A gente tem bastante dados até a próxima reunião do Fed, em setembro. Devemos ter um cenário de juros cedendo nos Estados Unidos daqui para frente”, diz o estrategista-chefe da Avenue.

Em suma, a economia está desacelerando ou caminha para uma recessão?

“(Portanto) É isso que a gente vai acompanhar. Este será um dos principais vetores do mercado, olhando à frente”, diz o estrategista-chefe da Avenue.

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