Por que as ‘Big Techs’ vêm sofrendo nos EUA?

Guilherme Giserman, Head de Digital Assets do Itaú BBA, explica como as gigantes de tecnologia derreteram com as mudanças econômicas na terra do Tio Sam

Pregão na Nasdaq, uma das bolsas dos EUA / Foto: Divulgação
Pregão na Nasdaq, uma das bolsas dos EUA / Foto: Divulgação

Um primeiro semestre para esquecer. De janeiro a junho deste ano, os preços das ações das maiores empresas de tecnologia do mundo, representadas pela sigla FAAMG (Facebook, Apple, Amazon, Microsoft e Google), caíram cerca de 35% contra 25% de queda do S&P 500, o maior índice referencial do mercado de ações dos Estados Unidos.

Consideradas resilientes pelos seus altos volumes de fluxo de caixa e números bastante sólidos nos resultados trimestrais, essas companhias foram abatidas por um evento inesperado, mas já bastante conhecido pelas grandes economias ao longo da História: a inflação.

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Sim, a escalada dos preços pelo mundo e, principalmente, nos EUA fez com que o Fed (Banco Central norte-americano) aumentasse de forma severa os juros do país para conter as fortes pressões inflacionárias.

Guilherme Giserman, Head de Digital Assets do Itaú BBA e um dos maiores especialistas brasileiros em ações globais, disse, em entrevista ao íon, que o fato de o Fed aumentar os juros fez os investidores buscarem ativos mais conservadores e saírem de posições de maior risco, como o investimento em ações.

Há outras explicações que tornam o cenário desafiador para as Big Techs, mas, mesmo assim, de junho para cá, as FAAMG já recuperaram e tiveram valorização de 15%. E, de acordo com a Bloomberg, os grandes Hedge Funds do mundo já estão de olho novamente nas gigantes de tecnologia.

Por que as Big Techs despencaram no primeiro semestre e como essas empresas vêm se comportando no cenário atual?

A maior parte do movimento foi por causa da alta de juros nos Estados Unidos. O Fed subiu e ativos que são considerados de risco, como as ações, caem. Ativos de mais alto crescimento, chamadas de High Growth Tech, e aquelas operações de tecnologia que ainda não dão lucro foram os que mais sofreram.

Mas falando das Big Techs, essas empresas caíram de fato por causa da alta nos juros norte-americanos e devido a alguns fatores em comum, como aqueda do movimento “Fique em Casa”, que deu muito lucro pra essas empresas durante a pandemia, o fim dos cheques de estímulos às empresas e um pouco de medo por uma recessão econômica.

Geralmente, em cenários de estresse, o setor de Tecnologia deveria se sair bem e ser mais resilientes porque são empresas de qualidade, ou seja, com bom potencial de crescimento e números sólidos. Mas a inflação está muito alta e o Fed tem que subir juros, o que não é algo muito comum, então até as empresas de Tecnologia sofrem nesse nível.

Considerando o cenário de queda, as ações de tecnologia estão baratas? Seria um bom momento para investir a longo prazo?

Estão certamente muito baratas e elas já vêm mostrando uma recuperação das perdas. É, sim, um bom momento para investir pensando no longo prazo. Minhas preferências são Microsoft, Amazon, Google, entre as norte-americanas, e há oportunidade também nas Big Techs asiáticas.

Há correlação entre a queda do setor de Tecnologia e a queda dos criptoativos?

A queda de cripto acompanha totalmente a queda das ações de tecnologia. Desde 2020, a correlação ficou muito grande com a Bolsa porque no geral quem entrou em cripto começou a tratar muito como tech. Investidores institucionais, entusiastas de tecnologia e especuladores entraram nos criptoativos como algo parecido com a Nasdaq (Bolsa dos EUA voltada ao mercado de tecnologia). Além disso, essa correlação se intensificou também pela alta de juros nos Estados Unidos.

Os ativos de risco foram penalizados e tanto as ações de tech quanto os criptoativos sofreram com isso, o que, na minha opinião, é uma visão que acontece para algumas criptos, sim, mas que para o Bitcoin, por exemplo, não deveria acontecer.

O Bitcoin é uma reserva de valor que deveria ser tratada como um ouro digital e, portanto, não deveria seguir as mesmas tendências de outras criptos, que são mais especulativas. Mas é importante lembrar que, daqui pra frente, não necessariamente as ações de tecnologia e o mercado cripto andarão juntos. O que ocorre é que, conforme os Estados Unidos continuem subindo os juros, esse cenário parecido deve permanecer.

Por Leonardo Pinto, editor do Feed de Notícias do íon.

Artigo originalmente publicado no Feed de Notícias do íon Itaú. Para ler este e outros conteúdos, acesse ou baixe o app agora mesmo.

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