Ação da SLC resistiu aos problemas do agro e agora oferecerá oportunidade de entrada, avalia CFO da companhia

Ivo Brum, diretor da SLC Agrícola (SLCE3). diz que queda das ações foi discreta diante da quebra da safra de 23/24 e vê retomada agora

Ivo Brum é CFO e diretor de relações com investidores da SLC Agrícola. Foto: Divulgação

O atraso das chuvas e a manutenção do preço das commodities agrícolas em baixa estendeu a oportunidade de entrada para investidores da bolsa em ações de empresas do setor. Agora, com a chegada do período mais úmido, a perspectiva é que a produção acelere e os preços dos papéis avancem. Ao menos, essa é a perspectiva de Ivo Brum, CFO e diretor de relações com investidores da SLC Agrícola (SLCE3).

“No início deste ano, com a perda de 17% (da produção de soja), o nosso preço por ação caiu. Eu acho que é uma boa oportunidade para entrar, porque a ação está resistindo a esses 17% (de perda de produção)”, disse Brum. “A gente percebe claramente que existe uma resistência. (O preço) não cai mais que isso”, indicou o executivo em entrevista exclusiva à Inteligência Financeira.

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Quebra da safra e impactos sobre a SLCE3

Na safra anterior, houve um período chuvoso no início do período, depois parou de chover por um bom período e foi preciso fazer o replantio de algumas culturas.

Isso afetou sobremaneira o desempenho do agro como um todo. O agronegócio brasileiro fechou o primeiro semestre deste ano com queda de 2,7% de superávit em relação ao mesmo período do ano anterior.

Assim, a queda das ações da SLC Agrícola desde o início do ano foi de quase 4%. Isso considerando os valores registrado no meio da sessão da segunda-feira (4).

Na verdade, quase toda a queda ficou concentrada nos últimos 30 dias.

“Logicamente, quando a gente produzir mais, possivelmente a ação deve subir”, avalia.

Contudo, algumas projeções apontam para dificuldades da SLC em retomar o bom desempenho. A XP espera por “resultados fracos no 3T” com a queda nos preços da soja e do milho mantendo as margens pressionadas.

Provavelmente, a alta sólida nas margens do algodão não servirá para compensar as perdas da SLC nas outras culturas, segundo análise da XP.

Mas o desempenho no terceiro trimestre pode estar atrelado a um início mais lento do ano-safra na questão do regime de chuvas, que, segundo Brum, “atrasou um pouco”.

“Mas, agora, em outubro, normalizou. E está dentro do ritmo normal desde a segunda quinzena de outubro. A nossa expectativa agora é de normalização. O que é bem positivo”, acrescenta o executivo.

“Os forecasts são bastante otimistas quanto à manutenção do regime de chuva regular. Então, estamos otimistas para este ano”, acrescenta o executivo.

Efeitos dos eventos climáticos sobre a companhia

A distribuição da SLC pelo território nacional e a concentração de parte da produção em regiões mais resistentes às mudanças climáticas até aqui podem explicar parte da resistência da SLC aos efeitos dos eventos climáticos que afetaram o Brasil neste ano.

“Estamos no Cerrado, onde o clima é um pouco mais estável”, diz Brum.

Além disso, há também diversificação em sete estados diferentes, em 23 localidades, “o que também nos dá segurança quanto a isso”, acrescenta o executivo.

“E, adicionalmente, a gente também está colocando um pouco de irrigação em algumas fazendas da Bahia porque a gente vê, sim, que o efeito climático e seus eventos estão se tornando um pouco mais frequentes”, analisa.

A SLC (SLCE3) é uma das empresas que tem recorrido ao plantio na região conhecida como Matopiba (Maranhão, Tocantes, Piauí e Bahia), onde as terras têm grande espaço de valorização nas próximas décadas.

Contudo, esse movimento apresenta riscos, dada a exposição da região aos eventos climáticos.

Nesse sentido, a Bahia é o estado em que a SLC Agrícola (SLCE3) opera e que apresenta mais perigos climáticos.

Como solução para a escassez de chuva, a empresa se aproveita de uma pesquisa feita pelo pela Universidade de Nebraska, dos Estados Unidos, que identificou a viabilidade de utilizar os aquíferos da região como solução às épocas de estiagem.

“A gente já está fazendo isso, a irrigação naquela região. O que vai nos propiciar um pouco mais de segurança também nessa questão de produção”, explica Brum.

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