Investir no agronegócio: conheça vantagens e riscos do CRA e do CDCA

E mais: qual dele vale mais a pena investir?

Vem saber qual a diferença entre CRA e CDCA - (Foto: Freek)
Vem saber qual a diferença entre CRA e CDCA - (Foto: Freek)

O agronegócio brasileiro corresponde a quase 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Só com esse dado dá para perceber a importância que o setor tem para a economia brasileira. Desse modo, fica visível que investir no agronegócio pode ser rentável. Tanto que hoje a gente te mostra qual a diferença entre CRA e CDCA.

O que é CRA?

Começamos, então, explicando o que é o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA). Esse investimento é um título de crédito emitido por companhias securitizadoras e lastreado em recebíveis do setor agropecuário.

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“Em termos práticos, a securitizadora adquire os direitos creditórios das empresas do agronegócio e, com base nesses recebíveis, emite os CRAs para captar recursos no mercado. Ao investir em um CRA, o investidor está, indiretamente, financiando as operações dessas empresas e é remunerado com base nos fluxos de recebíveis. E isso conforme as condições acordadas no título”, explica Marlon Glaciano, planejador financeiro e especialista em finanças.

O que é o CDCA?

Já o Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA), é um título de crédito nominativo emitido por cooperativas de produtores rurais e outras pessoas jurídicas do setor agropecuário.

“Ele serve para financiar atividades agrícolas e pecuárias. O que proporciona liquidez aos produtores rurais e empresas do setor e funciona como uma promessa de pagamento em dinheiro, que assim como o CRA, é lastreada em direitos creditórios do agro”, esclarece Daniel Sabino, CRO do Grupo NanoCapital.

Portanto, os investidores compram esses títulos e, em troca, recebem seu dinheiro de volta corrigido por juros, que podem ser prefixados, pós-fixados ou híbridos.

Ainda de acordo com Sabino, a diferença aqui está no emissor do ativo financeiro. “O CDCA tem a mesma finalidade de financiar atividades no agronegócio e de promover a liquidez para os produtores e empresas do setor. Mas, enquanto o CRA é emitido por securitizadoras, que transformam os recebíveis em títulos negociáveis no mercado, o CDCA é emitido por cooperativas e outras entidades do setor”, comenta.

Vantagens e riscos de investir em CRA

Claro que quando questionamos sobre a diferença entre CRA e CDCA, não estamos falando apenas do emissor. Existem outras distinções entre esses investimentos do agronegócio. Mas falamos sobre isso daqui a pouco.

Até porque, antes é importante conhecer os benefícios e as desvantagens de investir no Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA).

“E a primeira vantagem está na isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas. Além, claro, que o CRA possui um perfil de risco mais diversificado em comparação ao CDCA. Afinal, o CRA é lastreado em uma cesta de recebíveis de diferentes emissores. O que pode reduzir o risco de concentração e oferecer uma maior proteção ao investidor”, afirma Glaciano.

Sem esquecer que o CRA permite acesso a um investimento com foco no setor agro, com potencial de bons retornos e menor volatilidade do que investimentos diretos em ações ou outros ativos do agronegócio, por exemplo.

Mas, e os riscos?

Eles existem também, claro, e a principal desvantagem está na a qualidade dos recebíveis que lastreiam o título. Isso porque, caso os devedores dos direitos creditórios não consigam pagar suas obrigações, isso pode impactar diretamente no retorno do investidor.

“Além disso, fatores como variações de mercado, riscos climáticos e a saúde geral do setor agro também podem afetar a capacidade das empresas de honrar seus pagamentos. Portanto, o investidor precisa estar atento ao perfil dos devedores e às condições gerais do agronegócio antes de investir”, argumenta o planejador financeiro.

Aliás, o CRA não tem a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), o que significa que, em caso de calote, você pode ficar no prejuízo.

“Outro risco importante é o de liquidez. Como os CRAs não são tão negociados quanto os títulos públicos, pode ser difícil vender o título antes do vencimento. Isso significa que o investidor deve estar preparado para manter o CRA até o prazo final. O que pode variar de alguns meses a vários anos”, pontua Mario Okazuka Junior, CEO da GCB Capital.

Vantagens e riscos de investir em CDCA

E assim como o CRA, investir em CDCA oferece benefícios e riscos. E para começar, a vantagem também está na isenção de IR para pessoas físicas. “O que aumenta a rentabilidade líquida do investimento”, afirma Glaciano.

Além disso, o planejador financeiro conta que o CDCA proporciona acesso direto ao setor agro. “Uma das áreas mais importantes e resilientes da economia brasileira, o que pode resultar em retornos competitivos, especialmente em períodos de forte desempenho do agronegócio. Para investidores que desejam apoiar diretamente o setor e buscam rendimentos atrativos, o CDCA pode ser uma excelente opção”, continua.

Já os riscos associados ao investimento em Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio incluem a possibilidade de inadimplência por parte da empresa ou cooperativa emissora. Visto que a saúde financeira do emissor é crucial para o pagamento dos rendimentos.

“Afinal, o setor agro está sujeito a variáveis externas como condições climáticas adversas, oscilações de preços das commodities agrícolas e variações cambiais, que podem afetar a capacidade das empresas de honrar seus compromissos financeiros”, fala o especialista em finanças. Além disso, assim como o CRA, o CDCA não possui proteção do FGC.

Afinal, qual é a diferença entre CRA e CDCA?

Como você deve ter percebido, CRAs e CDCAs são instrumentos similares por serem títulos de dívida lastreados em direitos creditórios do agronegócio.

“Contudo, o CDCA é um título que só pode ser emitido por quem exerça a atividade de comercialização, beneficiamento ou industrialização de produtos, insumos, máquinas e implementos utilizados na atividade rural. Enquanto o CRA é emitido por empresas securitizadoras”, esclarece Erik Oioli, especialista em mercados de capitais e sócio-diretor do VBSO Advogados.

E mais, Marlon Glaciano conta que o CDCA pode envolver maior risco. “Uma vez que o investidor está exposto diretamente à empresa emissora, enquanto o CRA, por ser lastreado em uma carteira de recebíveis, tende a dispersar o risco, oferecendo uma maior diversificação para o investidor.

CRA e CDCA: média atual do retorno financeiro

Bem, agora que você já ficou por dentro sobre qual a diferença entre CRA e CDCA, para finalizarmos, é legal saber qual o rendimento atual dos dois investimentos ligados ao agronegócio.

Então, de acordo com Erik Oioli, os títulos em regra pagam CDI ou IPCA mais um spread ou então um percentual do CDI.

“Hoje vemos títulos no mercado pagando, por exemplo, entre 100% e 115% do CDI ou IPCA + 7% a 9%”, comenta.

Oioli fala ainda que, na verdade, é difícil estabelecer essa média e fazer uma comparação de taxas, pois os títulos são muito heterogêneos entre si.

“O investidor deve sempre estar atento para a estrutura da operação, os riscos associados, como o risco de crédito, de performance ou riscos setoriais, as garantias oferecidas e sua qualidade e também o prazo de vencimento do título.  Quanto maior o risco e maior o prazo, em regra, maior é o prêmio pago ao investidor”, ensina.

Além disso, é importante você sempre comparar as taxas oferecidas com outras alternativas de maior ou menor risco existentes no mercado, como títulos públicos, que são títulos de baixo risco e que hoje pagam juros atrativos, diante de um cenário macroeconômico e fiscal do país mais complexo. 

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

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