Suco de laranja mais caro: bom para quem quer ganhar dinheiro com a fruta
Laranja atinge o maior preço em 30 anos. Indo além da mesa, o item pode estar em sua carteira de investimentos
Um item bem presente na mesa dos brasileiros está ficando cada vez mais caro: a laranja. Tanto o suco quanto a fruta sofreram um aumento significativo nos preços por conta de uma safra mais restrita.
O Brasil é hoje o maior produtor e exportador de laranja e suco de laranja do mundo. É na região do Cinturão Citrícola, entre São Paulo e Minas Gerais, que são produzidas cerca de 315 milhões de caixas por safra. Para se ter uma ideia, a primeira estimativa para a safra 2024/25 aponta uma produção de 232,38 milhões de caixas.
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Já a fruta destinada à moagem alcançou recentemente o preço de R$ 85 por caixa de 40,8 kg no Estado de São Paulo. Os preços vêm aumentando desde março de 2024. Além disso, o valor atingido representa um novo recorde desde 1994, segundo dados da Cepea.
Marcos Flávio Godoy de Oliveira, professor e coordenador do curso de Agronomia da Faculdade Arnaldo Janssen, explica que essa redução acontece principalmente pela diminuição do tamanho de algumas variedades da fruta, como pera rio e valência. Elas não cresceram tanto por conta do volume de chuvas abaixo da média histórica.
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“Além disso, a falta de chuva favorece o desenvolvimento de doenças, como o greening. Também conhecida como huanglongbing, ela ataca todos os tipos de citros e não há cura. As árvores novas são as mais afetadas”, explica.
Suco de laranja na bolsa de Nova York
O que muitos não sabem é que o suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ, na sigla em inglês) tem sua variação de preços medida na bolsa de valores de Nova York. Além disso, outros itens são negociados por lá, como cacau, café, algodão e açúcar.
“A cotação do suco de laranja na bolsa de Nova York, especificamente na ICE Futures U.S., é determinada pelo mercado de futuros, onde contratos de suco de laranja concentrado congelado (FCOJ) são negociados. Assim, esses contratos especificam a entrega de uma quantidade padrão de suco de laranja em uma data futura”, explica Paulo Martins, CEO e fundador da Anova Research.
De acordo com o especialista, os preços desses contratos flutuam com base na oferta e demanda, condições climáticas nas regiões produtoras, expectativas de safra e outros fatores econômicos. “A cotação é expressa em centavos de dólar por libra-peso, e as negociações ocorrem em ciclos sazonais, refletindo as expectativas de produção e consumo”. Nos últimos seis meses, de acordo com a plataforma TradingView, a cotação do suco de laranja subiu 35,2%.
Como investir em suco de laranja e outras commodities?
Atualmente, você pode investir em suco de laranja e outras commodities de algumas maneiras. “É possível investir diretamente nos contratos futuros negociados na ICE Futures U.S. Para investidores que preferem uma abordagem mais diversificada e menos direta, há também ETFs (Exchange Traded Funds) que incluem commodities agrícolas em seus portfólios”, explica Paulo.
Não existe um ETF ou BDR específico que se concentre apenas em laranja. No entanto, segundo o especialista, o ETF “Elements Rogers International Commodity Agriculture Total Return ETN” inclui uma cesta diversificada de commodities agrícolas, onde o suco de laranja representa uma pequena porcentagem do portfólio.
Vale a pena entrar neste mercado?
Na visão de Paulo, ter exposição a commodities, incluindo o suco de laranja, pode ser uma estratégia interessante para diversificação de portfólio, especialmente em um cenário de previsão de alta.
“No entanto, é importante destacar que, enquanto muitos investidores e especuladores compram acreditando na continuidade da alta, as pesquisas da Anova Research apontam que grandes investidores institucionais estão aproveitando esses preços elevados para vender contratos e travar o preço de suas safras futuras”, explica.
De acordo com o especialista, o time tem observado uma elevada atividade institucional na ponta passiva vendedora. Isso sugere que esses grandes investidores estão se posicionando para uma queda. “Nossa projeção é de que, nos próximos meses, haverá uma queda abrupta nos preços dessas commodities. Portanto, enquanto a exposição a commodities pode ser vantajosa em certos momentos, é crucial que os investidores considerem esses movimentos e estejam cientes dos riscos associados”.