Preço do petróleo não cai mesmo com ‘drill baby drill’ de Trump e pressiona Petrobras

Incentivos de perfuração de Trump não mexem em preços do barril de petróleo brent e cotação deve pressionar Petrobras no primeiro semestre

Refinaria da Petrobras (PETR3; PETR4). Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Refinaria da Petrobras (PETR3; PETR4). Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Pouco importou para o preço do petróleo no mundo a fala do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que ele vai “perfurar e perfurar” o solo americano em busca de cada vez mais óleo. A política drill baby drill do novo chefe do Executivo dos EUA não levou a cotação do barril de óleo brent a cair para baixo de US$ 79 na bolsa internacional de commodities (ICE) em Londres, poucos dias depois de atingir a máxima de US$ 81. Especialistas preveem que a commodity deve continuar em alta durante o primeiro semestre.

Ao mesmo tempo, a disparada do preço do petróleo pressiona a Petrobras e o Brasil. Considerando a atual defasagem do preço de paridade do reajuste de gasolina e diesel, a estatal pode realizar um reajuste de cerca de R$ 0,20 por litro nesses combustíveis, segundo o Banco Inter.

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Preço do petróleo vai continuar alto mesmo sob Trump

Uma série de expectativas do mercado financeiro ficou na berlinda com a posse de Donald Trump, na última segunda-feira. Além da falta de tarifas de importação agressivas, que levaram o dólar a cair ao menor nível desde dezembro, o mercado recebeu as falas de Trump sobre aumentar a oferta de óleo e gás dos EUA com “ceticismo”.

Para o mercado, a promessa de Trump de perfurar o solo “enfrenta barreiras significativas” e difíceis de superar no curto prazo. Ou seja, o preço do petróleo deve continuar alto, diz Raphael Faucz, vice-presidente da consultoria norueguesa Rystad no Brasil.

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Para a Rystad, o preço do petróleo brent deve continuar na faixa de US$ 80 por barril no primeiro semestre de 2025.

De acordo com Faucz, a administração Trump pode estar superestimando a disposição do setor de óleo e gás em “se alinhar aos objetivos nacionais em detrimento das prioridades de investidores”.

“Portanto, a produção não deve registrar uma resposta imediata às desregulamentações promovidas”, diz o executivo.

Ele aponta que os efeitos são de médio prazo. Assim, a previsão é de que os EUA aumentem a capacidade de produção de 14 milhões de barris de petróleo por dia em 2025. No ano seguinte, deve atingir 14,2 milhões de unidades diárias.

Queda do brent no segundo semestre

No segundo semestre, contudo, o mercado de petróleo deve enfraquecer, aponta o vice-presidente sênior da Wood Mackenzie para Refino, Alan Gelder.

A firma de energia britânica explica que empresas de mercados emergentes, como China e Índia, enfrentam falta de petróleo hoje e precisam repor as reservas de barris, levando à alta do preço.

Mas a oferta deve “estabilizar até março”, diz Gelder. “Os fundamentos do mercado de petróleo permanecem fracos. Isso porque a demanda global deve atingir 1,2 milhão de barris por dia em 2025”, afirma. O número é abaixo do que o mercado deve produzir até o fim do ano, excluindo a OPEC.

“Esperamos um preço de US$ 70 por barril de petróleo brent ao final do segundo semestre”, afirma o executivo da Wood Mackenzie.

Preços altos pressionam Petrobras; Trump tem efeito negativo

O petróleo em alta é uma faca de dois gumes para a Petrobras (PETR3; PETR4). É o que afirma Rafael Winalda, analista de Óleo & Gás do Banco Inter.

De um lado, a receita bruta aumenta com a venda de petróleo bruto para o exterior. Por outro, a pressão para reajuste de combustíveis dentro do mercado brasileiro cresce.

Winalda calcula que, hoje, a Petrobras poderia realizar um reajuste de 7% na gasolina e no diesel para compensar a alta de preços de petróleo e dólar. Isso equivale, segundo o analista do Inter, a um aumento de cerca de R$ 0,20 por litro de gasolina e diesel.

A agenda do mercado de petróleo no Brasil tornou-se mais focada na exploração off shore via navios- plataforma (FPSO). Faucz destaca que uma série de FPSOs devem entrar em operação no Brasil em 2025. Este é, portanto, “um ponto de atenção relevante” para o setor.

“Essas unidades devem acelerar significativamente a produção nacional, posicionando o País como um importante vetor de crescimento no mercado global nos próximos anos”, diz o vice-presidente da Rystad Brasil.

A estrategista do Inter, Gabriela Joubert, diz que a política de Trump, no longo prazo, deve fortalecer companhias americanas às custas de petroleiras grandes no resto do mundo.

“Olhando para os EUA primeiro, empresas do setor podem subir na bolsa e pelo aumento de volume disponibilizado de petróleo”, comenta Gabriela. “No resto do mundo, o efeito é diferente porque o aumento de oferta prejudica as receitas”, conclui.

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