Com spreads muito reduzidos, ajuste em crédito privado é inevitável, avalia gestora da Ibiuna

Vivian Lee disse que, para esse momento, a gestora se preparou e reduziu a duração dos papéis e concentrou mais a carteira em papéis na mais alta avaliação de crédito

A forte redução nos prêmios de risco no mercado de crédito privado, puxada pelo grande fluxo de recursos de investidores para esses papéis, vai levar a um ajuste, ainda que não seja a curto prazo. A avaliação é de Vivian Lee, sócia, co-CIO e gestora da estratégia de crédito da Ibiuna Investimentos, durante painel na Conferência Anual do Santander, em São Paulo.

Ela afirma que, para esse momento, a gestora se preparou e reduziu a duração dos papéis e concentrou mais a carteira em papéis na mais alta avaliação de crédito. “Estamos com carrego mais baixo, mas bem posicionados para aproveitar quando esse ajuste acontecer. E ele vai acontecer porque o mercado de crédito é assim, cíclico.”

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Ela lembra que o impacto em despesas financeiras para as empresas não vai ser material como em 2023, depois do escândalo de Americanas e da recuperação judicial da Light. Segundo Lee, havia uma “ressaca” de empresas que se alavancaram em 2020 e 2021 com o CDI muito baixo.

“Uma coisa é você pagar 2% ou 3% em cima de um CDI de 2% e outra pagar em cima de um CDI de 13%. Tivemos essa ressaca de empresas que reestruturaram os balanços e alongaram os prazos em 2023 e 2024. Então, esse aumento dos spreads não vai prejudicar o fundamento de empresas que acessam mercado de capitais, mesmo que ele aconteça no curto prazo.”

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Lee pontua, porém, que para os fundos de crédito, o impacto pode ser maior. “Quando os spreads vão para um patamar mais alto, muitos investidores podem preferir ir para CDBs com liquidez diária, por exemplo, o que pode mudar dinâmica mas ainda de forma marginal.”

A gestora da Ibiuna relembrou das crises passadas no crédito privado para explicar porque agora o impacto seria menor. Em 2015 e 2016, comentou, as empresas estavam alavancadas e o mercado de capitais era pouco desenvolvido. Em 2019 houve um ajuste técnico também diante de spreads excessivamente pequenos e, em 2020, na pandemia, “vimos letras financeiras de bancos grandes a CDI mais 4% ou 5%.”

Agora, afirma, temos mais emissores e mais liquidez, embora com os nomes “high grade” muito demandados. “Diferentemente de 2015, não temos problemas de fundamento das empresas, mas por outro lado o ajuste acontece também pelo lado técnico.”

Ela lembra que em 2023, pós-Americanas, os fundos de crédito sofreram resgates de R$ 120 bilhões. “Em 2023 estávamos leves em risco quando vieram os eventos, então compramos papéis de bancos e de utilities que são grau de investimento.”

Atualmente, prossegue Lee, com o crescimento do mercado, há quase mil emissores com preço Anbima, o que permite à gestora se posicionar nas classes em que mais vê chance de ganhos, encurtando a duração dos papéis “para esperar o ajuste.”

No ano, a gestora diz que já são mais de R$ 280 bilhões em captação para fundos que alocam no mínimo 20% em crédito. “Quando isso acontece, não tem mercado primário suficiente para suprir a necessidade de alocação e, no secundário, a demanda por papel é muito forte, o que vai comprimindo os spreads.”

De acordo com Lee, para aproveitar o momento favorável, muitas empresas têm ido a mercado para pagar antecipadamente suas dívidas mais caras com emissões mais baratas e com prazo mais longo. “Nesse momento, o fundamento das empresas em geral é bom, não nos preocupamos, mas por conta do spread muito amassado a preocupação é em que momento o ajuste virá, puxando a necessidade de venda de papéis no secundário.”

Com informações do Valor Econômico

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