O risco Donald Trump para os investimentos em 2025, segundo o Itaú

Banco avalia o que pode acontecer se o futuro presidente dos Estados Unidos for incisivo em políticas inflacionárias

Uma das razões para a alta do dólar em relação ao real vem da cena externa, com os investidores do mundo inteiro recalculando a rota. Estão colocando nos preços dos ativos potenciais efeitos das políticas de um novo governo de Donald Trump nos Estados Unidos na economia americana e nos demais países causarem mais inflação.

“O fato de os Estados Unidos crescerem tanto e expectativas de que os juros fiquem altos – que talvez não tenha espaço para o Fed [Federal Reserve, o Banco Central americano] cortar as taxas -, tem levado o dólar americano a ficar muito valorizado”, afirmou Gina Baccelli, economista-chefe do Itaú Private Bank em encontro com jornalistas.

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Para ela, o principal risco para os mercados globais em 2025 será o quanto da retórica de Trump durante a campanha eleitoral vai ser colocada em prática. A imposição de tarifas de importação mais altas a parceiros comerciais e mudanças na política de imigração são iniciativas potencialmente inflacionárias.

Trump e a China

Baccelli lembrou que no primeiro mandato de Trump, em 2017, a guerra comercial se materializou pela taxação dos bens intermediários e não de consumo, e que a inflação era baixa.

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Ela citou que empresas como Apple e Walmart já alertaram que se houver aumento das tarifas de importação sobre bens de consumo não terão como segurar os preços. Com este pano de fundo, ela acredita numa atuação mais moderada e aberta a negociações.

“Se [o governo] vier com tudo, não tem como não ter choque de inflação em um ano, e com os índices ainda em alta, o CPI [de preços ao consumidor] rodando a 3% e o PPI [de atacado] a 2,9%”, comentou a economista.

A principal dúvida é como será a reação da China, principal alvo da artilharia de Trump, e os impactos para outras economias emergentes. Se houver retaliação, a tendência é o país asiático desvalorizar a sua moeda, com efeitos para o resto do mundo, disse Baccelli.

O viés para a moderação pode surgir de integrantes do governo vindos do mercado, caso do bilionário Scott Bessent, indicado como secretário do Tesouro, e do empresário Elon Musk, dono da Tesla.

Choque inflacionário

Para Nicholas McCarthy, diretor de estratégia de investimentos do Itaú Unibanco, se tiver um choque inflacionário nos EUA, desta vez a tendência é que vire uma recessão, de fato, com as bolsas americanas se antecipando a isso.

Nos Estados Unidos, em particular, com a alta exposição da poupança dos americanos a ações, uma elevação de juros tem efeito sobre a riqueza da população. Assim, o consumo diminui, materializando a retração da economia.

O executivo acredita que o governo Trump tende à moderação. Com o desemprego na mínima e a economia aparentemente crescendo acima do seu potencial, a avaliação é que a mão-de-obra dos imigrantes tem contribuído para conter as pressões inflacionárias sobre salários, além de incrementar o consumo.

“Se Trump parar a imigração, já tem choque, com menos gente entrando [nos EUA] para trabalhar, no mínimo vai ter menos PIB”, disse Bacelli.

Com informações do Valor Econômico

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