Debêntures incentivadas e FIDCs: o que esperar ao investir em crédito privado em 2025?

Gestores avaliam os prós e os contras da Selic mais alta

Debêntures incentivas podem permitir que concessionárias façam obras necessárias, avalia especialista. Foto: Paulo Whitaker/Reuters
Debêntures incentivas podem permitir que concessionárias façam obras necessárias, avalia especialista. Foto: Paulo Whitaker/Reuters

Após dois anos de frenesi na oferta e demanda de títulos incentivados e isentos de Imposto de Renda, como debêntures de infraestrutura, CRI e CRA, o mercado de crédito privado se prepara para hibernar em 2025. É, pelo menos, o que avaliam gestores de fundos de crédito incentivado e FIDCs ouvidos pela Inteligência Financeira.

A Selic mais alta torna a renda fixa ainda mais atrativa, e restringe novas emissões e captações de fundos de crédito corporativo. Por outro lado, uma queda de oferta – porque a previsão é de que a demanda mantenha-se firme em 2025 – deve provocar o aumento de retorno dos papéis no spread. Ou seja, na parcela variável de debêntures, CRI e CRA.

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Aumento de spread pode favorecer debêntures incentivadas

Enquanto o mercado calcula o saldo do que entrou em circulação no crédito privado nos últimos dois anos, o tão aguardado aumento de spread em títulos como debêntures incentivadas, CRI e CRA pode ocorrer em 2025.

O aumento da Selic para 14,25% projetado pelo Banco Central, nesse sentido, pode forçar o movimento de ganho nas taxas dos investimentos porque também leva o prêmio de títulos do Tesouro a disparar.

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Na verdade, o mercado já vem notando um incremento no retorno de spreads: em 2024, o Índice de Debêntures da Anbima (IDA) registrou alta de 12% na variação do prêmio das debêntures.

O spread de crédito das debêntures incentivadas foi menor, contudo, e subiu 2,8% nos últimos 12 meses.

Para Marcelo Peixoto, os spreads de crédito privado devem continuar a aumentar também graças à limitação de fundos de investimento sobre novas captações.

Em 2024, a emissão de debêntures atingiu R$ 405 bilhões, enquanto o volume crédito privado bateu recorde a R$ 677 bilhões. Somente em títulos incentivados, a Anbima (Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), registrou recorde no ano.

Fundos desses títulos, por exemplo, não conseguiram absorver toda a oferta primária. O que abriu para aumento de transações entre pessoas físicas, diz Marcelo Peixoto, gestor de crédito e sócio da Trígono Capital.

Esse volume de negociações de crédito privado não deve se repetir em 2025, afirma Peixoto.

“Muitas empresas aproveitaram os spreads menores para trocar dívida de perfil, alongar ou fazer a dívida ficar mais barata. Agora, em 2025, devemos ter um equilíbrio dessas taxas”, comenta o gestor.

Contudo, Peixoto diz que debêntures incentivadas e não isentas “continuam sendo, por exclusão, um excelente ativo” em face da queda da bolsa de valores.

FIDCs bombam entre investidores em 2024: o que esperar?

Se em 2024 os investimentos de pessoas físicas em Fundos de Investimento em Direito Creditório (FIDC) dobrou em 12 meses, 2025 exige uma maior cautela do investidor. É o argumento de Júlio Ortiz Neto, CEO do family office CX3 Investimentos, ao elencar cuidados em investimentos de títulos privados.

Na visão de Ortiz Neto, os FIDCs são mais sensíveis aos riscos de crédito e inadimplência de empresas, algo que tende a subir na mesma proporção da Selic. Se um risco sistêmico como o de Americanas em 2023 atinge fundos, os FIDCs são os primeiros a sentir, justifica o gestor.

“Eu não seria um apostador de mercado de crédito neste ano, eu seria bem cauteloso”, afirma o CEO da CX3. Ele tem a mesma postura para debêntures incentivadas, mesmo ao preferir “mercados com atuação de um xerife”, como a CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

“Quando saímos do mercado organizado e vamos para o mercado de FIDC, não tem uma fiscalização tão grande. Chega a uma hora que essa bolha estoura”, continua Ortiz Neto.

Ao mesmo tempo, a própria CVM tem incentivado o investimento em FIDCs, aponta Delano Macêdo, sócio-diretor da Solis Investimentos.

Macêdo diz que os FIDC devem continuar com bom desempenho em 2025, assim como as debêntures incentivadas. Mas a vantagem competitiva dos fundos de direito antecipação de recebíveis contra demais categorias é a falta marcação à mercado, famosa por prejudicar retornos de títulos atrelados à inflação.

Em quais FIDCs investir em 2025?

Nesse sentido, o diretor da Solis diz que a categoria que costuma atravessar melhor o estresse dos juros é de a dos FIDC multi cedentes e multi sacado. São fundos onde mais de uma empresa cede direito de seus recebíveis de crédito a mais de um investidor.

“Os FIDC multi cedentes e multi sacados têm uma carteira de antecipáveis que gira mais rápido, além de ser mais diversa”, diz Macêdo.

Outro segmento de fundos em que a Solis vêm alocando com frequência é em direitos creditórios de crédito consignado de funcionários públicos.

Nesses fundos, os gestores aportam em títulos estruturados de crédito consignado de funcionários do INSS, Exército ou outros entes públicos.

“Olhamos o produto pela qualidade alta e nível de risco mais pulverizado. É um produto maduro no mercado, inclusive com registro no INSS”, conclui Macêdo.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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