Afinal, as bets ameaçam os investimentos?

Representantes do mercado financeiro discutiram em evento o avanço das apostas no Brasil

O presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Nascimento, afirmou durante a última semana que o tema das bets é alarmante. Assim como é preciso construir a consciência coletiva de que elas impõem risco aos mais vulneráveis.

“Tem uma agenda social aqui, porque os mais vulneráveis são os que mais se expõem a essas promessas de retorno fácil. Típicas dos cassinos e dos jogos de azar. As bets não se comparam com o mercado de capitais, têm seu lugar como entretenimento”, disse ele na Conferência Anual do Santander, em São Paulo.

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“É uma temática que remete à educação financeira, e que precisa de uma grande coordenação para evitar um mal maior às famílias brasileiras. Falam que as bets vão esvaziar o mercado de capitais, mas vão é esvaziar a geladeira do brasileiro”. Segundo ele é preciso criar consciência coletiva sobre o que é investimento e poupança.

Sinal de alerta com as bets

Carlos André, vice-presidente do Santander e presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), citou uma pesquisa que mostra que uma parcela da população que usa casas de apostas considera isso forma de investimento. O que, para ele, “acende o sinal amarelo.

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Ele comentou que o comprometimento de renda com essas casas de apostas chega a 10%. “É muito importante uma ação coordenada entre CVM, Anbima e outras entidades. O próprio Banco Central e outros agentes estão preocupados.”

Investimentos dos brasileiros

Já Gilson Finkelsztain, presidente da B3, lembrou da dificuldade de repressão a plataformas que oferecem falsas promessas de ganhos aos brasileiros. Já que muitas vezes elas não estão no país.

“Precisamos saber como fazer para banir e tirar essas plataformas do ar e tirar algumas dessas ofertas da mão do investidor desavisado. Ou da população que acha que está investindo mas na verdade está sendo lesada com o viés de entretenimento.”

Também durante o painel, Finkelsztain afirmou que a renda fixa tem sido a protagonista do mercado de capitais, por ser um país com gargalos de infraestrutura e juros reais elevados.

“Apesar de termos espaço enorme para atacar em ações, a renda fixa evoluiu muito nos últimos anos, principalmente nos últimos 18 meses, ganhando liquidez no mercado secundário.”

Ele lembrou que no passado a atuação de bancos públicos sufocou o mercado de capitais mas hoje ele é a primeira opção. “Vemos várias emissões acima de dez anos, o que há alguns anos era inimaginável. O mercado de renda fixa é o grande destaque, continuo bastante animado.”

Desafios do mercado de capitais

Ele destacou que no mercado de ações foram quase R$ 22 bilhões este ano em ofertas subsequentes e, mesmo há três anos sem operações de abertura de capital na bolsa, muitas empresas estão à espera dessa oportunidade. “Entre 50 e 100 empresas já estão preparadas para vir a mercado, que trabalharam governança, já listadas.”

O presidente da CVM lembrou que os anos de 2022 a 2024 foram desafiadores no mundo todo e no Brasil o mercado de capitais não deixou que faltassem recursos para as companhias.

“Temos hoje quase 700 companhias abertas com registro ativo na CVM e, com ações listadas, são 420. Muitas estão esperando condições de mercado para fazer sua oferta e não tivemos cancelamentos de registro no Brasil como em outros países.”

Ele citou ainda que um de seus objetivos é modernizar o cadastro centralizado. “A gente faz um cadastro para o Imposto de Renda, no banco, na corretora. Precisava simplificar a vida do usuário com um cadastro único, centralizado e automatizado.”

Com informações do Valor Econômico

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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