Novo chefe da FTX diz que ‘falha completa’ de supervisão contribuiu para derrocada da empresa

A declaração marca a primeira tentativa do novo CEO da FTX de explicar quais foram os problemas que se abateram sobre a empresa

 O caso da FTX foi um dos gatilhos para a queda nos preços das criptomoedas em 2022. (Foto: REUTERS/Dado Ruvic/Illustration)
O caso da FTX foi um dos gatilhos para a queda nos preços das criptomoedas em 2022. (Foto: REUTERS/Dado Ruvic/Illustration)

O novo CEO da FTX disse que a permissividade dos controles sobre os bilhões em caixa e em ativos em criptomoedas mantidos pela empresa sob a liderança de Sam Bankman-Fried fez a atual direção lutar para definir exatamente qual o volume de dinheiro que a falida plataforma de criptoativos possui hoje.

A declaração, feita ontem em um tribunal de falências de Delaware, marca a primeira tentativa do novo CEO da FTX, nomeado pouco antes de a empresa ter pedido falência, de explicar quais foram os problemas que se abateram sobre a empresa.

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John J. Ray, que foi presidente do conselho de administração da Enron nos anos que se sucederam ao colapso da companhia, assumiu como CEO da FTX na semana passada, e seu primeiro ato oficial foi autorizar o encaminhamento formal, pela empresa, do pedido de falência, disse ele.

“Nunca em minha carreira vi tamanha deficiência dos controles corporativos nem tamanha ausência completa de informações financeiras confiáveis como aconteceu aqui”, disse Ray nos documentos apresentados ao tribunal.

“Desde sistemas com a integridade comprometida até supervisão regulatória externa deficiente, passando pela concentração do controle nas mãos de um grupo muito pequeno de pessoas sem experiência, simplórias e potencialmente comprometidas, esta situação é sem precedentes”, completou.

Segundo Ray, embora muitos dos balanços da FTX mostrem a manutenção, pela empresa, de ativos significativos que ultrapassam seus compromissos financeiros, ele não confia nesses informes financeiros porque muitos não passaram por auditoria, e disse que o tribunal não deveria contar com eles, se quisesse manter sua acuidade.

A Alameda Research LLC, por exemplo, que atuava como um fundo hedge “cripto” no âmbito da FTX, informou mais de US$ 13 bilhões em ativos e compromissos financeiros de mais de US$ 5 bilhões, observou Ray.

A falta de demonstrativos financeiros auditados é apenas uma dessas “falhas inaceitáveis de gestão”, explica Ray. Entre as demais deficiências estão a ausência de registro de reuniões do conselho de administração e o uso de controles internos inadequados sobre a gestão de caixa.

Ray observa que a FTX não tinha uma lista precisa das contas bancárias que mantinham seu dinheiro.

Acrescenta que a FTX usava a falta de supervisão para ajudar a “esconder o uso impróprio dos recursos dos clientes” e para manter pouco registro sobre tomadas de decisões internas. Até o momento, a FTX obteve apenas cerca de US$ 740 milhões em criptomoedas que pertencem a entidades do próprio grupo, o que é apenas “uma pequena parcela” dos ativos digitais que a empresa espera resgatar.

Os objetivos imediatos de Ray e do conselho de administração são proteger e recuperar ativos, “parte significativa dos quais pode estar faltando ou ter sido roubada”, e investigar acusações contra os fundadores e terceiros da empresa. Além disso, pretendem implementar controles de supervisão e de auditoria dos negócios da empresa, disse Ray.

Ele relata que tem trabalhado sem parar, ao lado de assessorias como a Alvarez & Marsal, a Sullivan & Cromwell, a Nardello & Co. e outras para responder a perguntas dos órgãos reguladores, como a Securities and Exchange Commission (SEC, equivalente à CVM nos EUA), a Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities (CFTC, nas iniciais em inglês) e o Ministério Público federal no Southern District de Nova York.

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