Vitória do BTG na Justiça pode antecipar recuperação judicial da Americanas
Agora, o banco deverá partir para novas frentes, como buscar responsabilização pelo rombo, dizem fontes
Em sua terceira tentativa, o BTG Pactual obteve uma vitória na Justiça e vai conseguir manter no banco R$ 1,2 bilhão depositados pela Americanas, cifra que tinha sido dada em garantia por empréstimos realizados. O efeito prático esperado, segundo fontes envolvidas na transação, é uma aceleração de um pedido de recuperação judicial da varejista, algo que já estava na mesa.
“O que a Americanas terá que fazer é acelerar um pedido de recuperação judicial para tentar ter uma nova decisão favorável”, disse uma fonte, que falou na condição de anonimato. Só assim, segundo ele, a empresa poderá buscar novos fundamentos para tentar sacar o dinheiro depositado no BTG. Isso significa que a varejista não poderá utilizar, momento, o dinheiro para pagar despesas correntes, por exemplo.
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O BTG, logo após o fato relevante da Americanas, que há exatamente uma semana informou sobre a descoberta de incongruências no balanço e apontando um rombo de R$ 20 bilhões, entrou na Justiça para poder sacar o dinheiro, após identificar os gatilhos para o pagamento antecipado de dívida. Isso foi feito antes da Americanas ter conseguido medida cautelar obtida pela varejista não poderia ter efeitos retroativos e que, assim, o contrato firmado entre as partes deveria ser respeitado.
Há uma série de outros bancos que entraram na Justiça contra a cautelar da varejista, para conseguirem compensar operações financeiras. No entanto, ao contrário do BTG, outras instituições financeiras não se adiantaram e acabaram não entrando na Justiça antes da própria companhia. Por isso, o entendimento que deve prevalecer é que a decisão favorável ao BTG pode não ser replicada para outras instituições que também brigam na Justiça. Agora, disseram fontes, o banco deverá partir para novas frentes, como buscar responsabilização pelo rombo, que na sua visão se trata de uma clara fraude, assim como uma capitalização por parte dos acionistas de referência.
Por Fernanda Guimarães, Valor — São Paulo