Vale (VALE3) ensaia recuperação em junho; mas a alta será consistente?

Ações da Vale voltam a subir em junho; saiba o que os analistas dizem sobre o futuro da empresa e dos papéis na bolsa

Mina da Vale em Itabira (MG). Foto: Janaina Duarte/Divulgação Vale

As ações da Vale (VALE3) registram alta de cerca de 4% em junho, saindo de R$ 63,81 no último dia de maio até os R$ 66,04 no fechamento da segunda-feira (26). A valorização é acompanhada pelos investidores depois de um 2023 decepcionante da mineradora até então.

Diante disso, analistas avaliam se a recuperação da Vale se mantém ou não diante de um cenário internacional incerto, relacionado principalmente às projeções sobre a economia chinesa.

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“A Vale continua a trajetória de queda desses últimos dias após grandes bancos lá fora cortarem as projeções do PIB da China em 2023, o que deixa os investidores preocupados com a recuperação econômica do país”, explica Fabio Louzada, economista, analista CNPI e fundador da Eu me banco.

Mais de 100 dias de queda

O movimento de queda da Vale (VALE3) em 2023 durou mais de 130 dias, acima do tempo de queda da empresa em 2021, quando o ciclo de baixas durou exatamente 113 dias. Mas as quedas deste ano estão aquém das registradas em 2022, quando o ciclo de baixas foi de 179 dias. Os dados são do TradeMap.

“Essas quedas podem ser relacionadas ao comportamento cíclico da empresa ao longo desse período e muito por conta da cotação do minério de ferro”, diz Einar Rivero, head Comercial do TradeMap.

As duas últimas recuperações depois das quedas acentuadas tiveram duração de 109 dias e 141 dias, respectivamente, segundo o mesmo levantamento, mas o futuro não parece tão promissor para os papéis neste ciclo, dizem os analistas.

Reabertura da China

As ações dispararam rapidamente de aproximadamente R$ 65, em setembro de 2022, a cerca de R$ 90 em janeiro deste ano, com as notícias de reabertura da China, elevando os preços do minério de ferro acima de US$ 120 por tonelada.

Porém, isso, durou pouco meses.

Desde então, a Cosan comprou uma participação na empresa e nomeou um novo membro do Conselho. Além disso, a China reabriu, o que tornaram as perspectivas mais animadoras para o BTG. Isso tudo ajudou a levantar os preços. Porém, o cenário era mais complicado do que parecia, na avaliação do próprio banco.

“Infelizmente, falhamos em prever o desigual e decepcionante processo de reabertura (na China), que impulsionou principalmente serviços e viagens, porém, muito pouco os setores intensivos em commodities”, reconhece o banco.

Junho é positivo para VALE3

No mês de junho, o desempenho da empresa é favorável como o dos preços do minério, “muito por conta da expectativa do mercado perante novos estímulos do governo para aquecer a economia, principalmente o setor imobiliário”, afirma Pedro Canto, analista CNPI da CM Capital.

“Com uma suposta demanda maior de minério de ferro, o preço sobe. Arrastando as cotações da Vale (VALE3). Do lado doméstico, as perspectivas são muito boas. Porém, como a empresa tem grande exposição ao cenário internacional, especialmente à China, o cenário continua desafiador”, diz Canto.

Retomada das ações da Vale?

Para Canto, “uma retomada da empresa dependeria de uma melhora da saúde e demanda chinesas, caso o governo consiga estimular a economia”, avalia.

Além disso, uma desaceleração da inflação em outras economias centrais (como os EUA) também seria benéfico. “Assim, o Banco Central poderia aliviar mais cedo o aperto monetário aqui, no Brasil”, acrescenta Canto.

O BTG reduziu, no início do mês, sua projeção para o minério de ferro. De US$ 125, o preço da commodity caiu para US$ 105 ao final de 2023. Assim, as projeções sobre os resultados da mineradora também caem.

“Isso tem gerado cortes relevantes em nossa previsão de Ebitda, de -30%, que agora consideramos mais viável”, afirmam os analistas do BTG.

Assim, nas projeções revisadas do BTG, a Vale é negociado a 4,5x Ebitda para 2023 e um rendimento FCF (free cash flow) implícito de 9%. “Nós acreditamos que a empresa pode retornar cerca de 8 a 10% de rendimentos aos acionistas na forma de dividendos/recompras”, avaliam.

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