Manutenção da taxa Selic em 10,50% cresce com deflação no IPCA de agosto?

Veja como a leitura da inflação mexe com o rumos dos juros no Brasil

Edifício sede do Banco Central, em Brasília (DF). Foto: Beto Nociti/BCB
Edifício sede do Banco Central, em Brasília (DF). Foto: Beto Nociti/BCB

O que esperar da taxa Selic agora na reunião de setembro do Comitê de Polícia Monetária (Copom)?

Após o Boletim Focus consolidar o cenário de aumento dos juros, a leitura do IPCA de agosto trouxe uma novidade.

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A deflação de 0,02% no índice de preços do mês deixa no radar a chance de a Selic permanecer em 10,50%.

Aumento da Selic em xeque

Acima de tudo, em reiteradas falas nas últimas semanas, integrantes do Copom sinalizaram que serão dependentes de dados na hora da decisão sobre a nova Selic.

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Assim, a leitura benigna da inflação hoje coloca um elemento adicional.

“No que se refere à política monetária, avaliamos que a divulgação favorável do índice se soma a diversos outros fatores, como o cenário internacional”, diz Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

“Todas as declarações de diretores do BC reafirmaram a dependência dos dados para a tomada de decisão. O que faz com que a surpresa baixista e estruturalmente benigna do IPCA deixe a possibilidade de manutenção da Selic bem viva”, afirma Sanchez.

“Números muito bons. Não sei se vai dar tempo para consolidar a visão de manutenção da Selic na próxima reunião (que já é na próxima quarta-feira)”, comenta Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.

“Mas vai ser bem estranho o Copom subir juros com essa melhora no IPCA. Provavelmente o IPCA vai fechar abaixo do teto da meta este ano (4,5%)”, projeta Borsoi.

“Com esses dados, o mercado deve seguir pressionando o Copom para dar um aumento de juros. Mas ainda há parte do mercado acreditando que uma manutenção seria o melhor movimento”, avalia Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.

“(Dessa forma) Com o IPCA melhor que o esperado e em deflação, e com o Fed (Federal Reserve) e Europa cortando juros, o Banco Central deverá ponderar bem se vale a pena dar o aumento que o mercado está pedindo. Ou se a manutenção, com o juros já em território restritivo, seria o melhor movimento”, acrescenta Fernandes.

Alta da Selic precificada

Por outro lado, para Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, até o final do ano alguns pontos de atenção seriam os preços dos bens industriais. Que podem enfrentar uma leve pressão devido à recente desvalorização cambial.

Bem como, na visão do economista, pode ocorrer uma elevação dos preços de energia, após o anúncio da vigência da bandeira vermelha 1 em setembro. Isso em meio a piora no quadro hidrológico dos reservatórios.

Outro ponto importante levantado por Sung é o crescimento robusto da economia. Embora ele seja positivo para a atividade doméstica, pode gerar pressões inflacionárias ou retardar o ritmo de desaceleração, na avaliação dele.

“Diante de uma atividade econômica mais forte do que esperado. De uma inflação que, apesar do dado benigno em agosto, deve terminar o ano próximo da banda superior da meta. Assim como de expectativas de inflação desancoradas e uma taxa de câmbio acima de R$ 5,50. O BC deverá iniciar um ciclo de ajuste gradual da taxa de juros na próxima reunião, de 0,25 p.p., levando a Selic para 11,25% a.a. até o final do ano”, aponta o economista da Suno.

André Valério, economista sênior do Inter, classifica o dado do IPCA de agosto como positivo. No entanto, não foi bom o suficiente para retirar as pressões sobre o Banco Central.

“Apesar de acreditamos que não faz sentido subir juros nesse contexto, a desancoragem das expectativas inflacionárias nos últimos meses terá maior peso sobre o processo decisório do Copom.”

“Contudo, com uma inflação bem comportada, além do esperado alívio externo à medida que o Fed cortar juros, antecipamos que o ciclo de alta será curto. Tanto em quantidade de altas, quanto na magnitude dessas altas.”

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