Lula e Campos Neto alinhados? Veja o que dizem os dois sobre aumento de juros no Brasil

Presidente da República também comentou sobre a eventual indicação de Gabriel Galípolo para comandar o Banco Central

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante coletiva sobre a condução da política monetária. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante coletiva sobre a condução da política monetária. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Durante entrevista à rádio Gaúcha nesta sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que “quando tem que aumentar a taxa de juros, tem que aumentar”. E que “não há interferência do governo”, ao ser questionado sobre a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 10,50% ao ano.

“Eu, às vezes, fico chateado porque as pessoas se esquecem que eu fui presidente durante oito anos e eu tive um presidente do BC durante oito anos. Quando tem que aumentar os juros, tem que aumentar”, disse.

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“Eu não estou discursando, estou dizendo uma coisa que já aconteceu na prática quando fui presidente e terminei meu mandato com economia crescendo 7,5%, maior taxa de crescimento da massa salarial, com aumento do salário mínimo.”

O presidente ressaltou que vai trocar o presidente do Banco Central e que trabalha com a expectativa de que os juros comecem a cair. “Espero que a taxa de juros do Fed, banco central americano, comece a cair para que a gente possa ter mais tranquilidade.”

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Indicação de Galípolo do BC

Ainda sobre o assunto, Lula afirmou que, antes de indicar o próximo presidente do Banco Central (BC), quer conversar com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e com o presidente da comissão “para que as pessoas, ao serem indicadas, sejam votadas logo para que as pessoas não fiquem não sofrendo um desgaste de especulação política durante meses e meses”. Os nomes indicados pelo presidente precisam ser aprovados pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal.

Lula afirmou não saber se o indicado para a presidência da autoridade monetária será o diretor de política monetária do BC, Gabriel Galípolo. “Eu não sei se é o Galípolo, eu sei que eu tenho o direito de indicar o presidente do BC, eu tenho que indicar o presidente do Banco Central e tenho que indicar mais alguns diretores.”

Segundo o presidente Lula, a pessoa a ser indicada precisa ter caráter, muita seriedade e muita responsabilidade. “A pessoa que eu indicar não deve favor ao presidente da República. A pessoa que eu vou indicar é uma pessoa que vai ter compromisso com o povo brasileiro.”

O presidente afirmo que “na hora que tiver que reduzir a taxa de juros, ele vai ter que ter coragem de dizer que vai reduzir. Na hora que precisar que aumentar, ele vai ter que ter a mesma coragem de dizer que vai aumentar”. De acordo com o presidente, na economia não há mágica. “Todo momento que o presidente da República se meteu a ser economista não deu certo este país.”

Sobre as críticas que fez a atuação do Banco Central e ao presidente da instituição, Roberto Campos Neto, Lula diz que não tem problema pessoal com Campos Neto e que ele não o desagradou, mas desagradou o país. “Desagradou o país, desagradou o setor produtivo deste país.”

O presidente afirmou que não há explicação para o patamar da taxa de juros. “Não existe explicação para isso, nós obviamente que levamos em conta a necessidade de autonomia do Banco Central, mas é importante lembrar que o Banco Central deve ao povo brasileiro, ele não é uma instituição autônoma do povo brasileiro.”

Campos Neto: Se for necessário subir os juros, vamos fazer

Já o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que todos os diretores da autoridade monetária estão basicamente adotando um discurso seguindo o que foi escrito na comunicação oficial do Comitê de Política Monetária (Copom). Assim, estão tentando dizer que não há “guidance” (sinalização) para a política monetária, mas que será feito o que for preciso para levar a inflação para a meta, “inclusive que se for necessário subir os juros, nós vamos fazer”.

Em palestra em evento promovido pela Barclays, Campos Neto ressaltou acreditar que as pessoas estão entendo que, independente de quem estará no comando do BC e quem serão os diretores, a direção está estabelecida no entendimento de que a meta é determinada pelo governo e que o BC fará o que for necessário para atingi-la.

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) apontou que o colegiado avaliará a melhor estratégia para os juros entre duas. Primeiro, se mantiver a taxa de juros “por tempo suficientemente longo” levará a inflação à meta no horizonte relevante, atualmente o primeiro trimestre de 2026. De outra forma, o colegiado afirmou que “não hesitará” em elevar os juros para assegurar o cumprimento da meta de inflação “se julgar apropriado”.

Questionado sobre se ele seria um dos membros do Copom que acredita que o balanço de riscos está assimétrico, Campos Neto disse que o comitê não abre todas as avaliações de cada membro. “Imagine mapear isso em tantas dimensões.” Assim, Campos Neto disse que provavelmente estava no grupo que acredita ter muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo e que “o tempo será importante para avaliar”.

No balanço de riscos, em que o Copom menciona os principais riscos de alta e baixa para o cenário de inflação, a ata traz a novidade de que vários membros enfatizaram que haveria uma “assimetria do balanço de riscos”.

Entre os riscos de alta, o Copom destacou “uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado; e uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada”.

Os dois riscos de baixa são “uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada” e “impactos do aperto monetário sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado”.

Com informações do Valor Econômico

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