Itaú (ITUB4) espera só mais um corte nos juros e vê Selic parada em 10,25% até o fim de 2025

Antes, a expectativa do banco era de que o juro básico poderia chegar a 9,75% no segundo semestre

Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, durante evento Macro Vision. Foto: Bufalos
Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, durante evento Macro Vision. Foto: Bufalos

Em um cenário que abarca uma “deterioração expressiva” do ambiente externo, diante da leitura de que os juros devem demorar a ceder nos Estados Unidos, e piora nas condições domésticas, com aumento das expectativas de inflação, o Itaú Unibanco (ITUB4) avalia que o espaço para novas reduções na taxa de juros diminuiu e projeta apenas uma nova redução de 0,25 ponto percentual na Selic neste ano, para 10,25%. Antes, a expectativa do banco era de que o juro básico poderia chegar a 9,75% no segundo semestre.

“Com esse pano de fundo e considerando o firme compromisso do Banco Central com a convergência da inflação para a meta, julgamos que o espaço para cortes adicionais está limitado”, aponta a equipe de economistas liderada pelo ex-diretor do BC Mario Mesquita em revisão de cenário publicada hoje. “Dada a desancoragem das expectativas, estimamos que, para conseguir a convergência para a meta de 3%, o Copom deverá manter a taxa Selic nesse mesmo patamar contracionista até o fim de 2025.”

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Na avaliação do banco, o risco fiscal aumentou após a alteração das metas de resultado primário a partir de 2025, “com uma convergência da dinâmica das contas públicas que ficou mais tardia e mais incerta”. Adicionalmente, o mercado de trabalho aquecido também continua a pressionar os custos da mão de obra, dizem os economistas do Itaú, ao abordarem o movimento adicional de desancoragem das expectativas inflacionárias de médio prazo.

O próprio banco elevou ligeiramente suas expectativas de inflação. A projeção para o IPCA deste ano passou de 3,7% para 3,8%, em um movimento sustentado por uma inflação de alimentos e industriais mais alta neste ano e contempla, ainda, um balanço de riscos assimétrico de alta. “O mercado de trabalho apertado pode se traduzir numa inflação de serviços subjacentes mais próximo de 6% (contra 5,5% no nosso cenário). Além disso, as enchentes no Sul do país podem pressionar ainda mais a inflação de alimentos”, apontam os economistas. Para o IPCA de 2025, o banco elevou a estimativa de 3,6% para 3,7%.

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Além disso, o banco passou a esperar um câmbio mais depreciado à frente, ao elevar sua projeção para o dólar no fim deste ano de R$ 5,00 para R$ 5,15, enquanto passou a esperar que a moeda americana encerre 2025 em R$ 5,25, e não mais em R$ 5,20. “O cenário internacional, com crescimento robusto da economia americana, segue na linha de manutenção do dólar forte. Soma-se a isso o aumento de pressões geopolíticas, negativas para ativos de risco”, afirmam os profissionais do Itaú. Internamente, eles apontam que a balança comercial tem perdido força, que o déficit em conta corrente aumentou na margem e que houve um aumento do risco fiscal, o que pesa sobre o real.

Com informações do Valor Pro, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico

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