Bancos elevam previsão da Selic e JPMorgan espera alta de 1 ponto no próximo Copom

JPMorgan projeta Selic de 14,25% ao final do ciclo de alta iniciado pelo Banco Central; bancos avaliam pacote fiscal como 'insuficiente'

Integrantes do Copom, que decidem a taxa Selic no Brasil. Foto: Raphael Ribeiro/BCB
Integrantes do Copom, que decidem a taxa Selic no Brasil. Foto: Raphael Ribeiro/BCB

Com a queda do Ibovespa e temor de que o pacote de ajuste fiscal anunciado pelo Ministério da Fazenda na quarta-feira (27) seja insuficiente para economizar despesas, bancos estrangeiros como JPMorgan e Barclays revisaram suas projeções para a taxa Selic ao fim do ciclo de alta.

Para o JPMorgan, o pacote “falhou em reconquistar credibilidade” sobre a política econômica. As medias de Haddad trouxeram tanto estresse aos ativos que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve subir a taxa básica de juros em 1 ponto percentual na próxima reunião, em dezembro, levando a Selic a 14,25%. Seria a primeira alta desta magnitude na Selic desde março de 2022.

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Selic: alta gradual pode ser ‘tiro na culatra’, diz JPMorgan

A desvalorização acentuada do câmbio, com o dólar subindo à cotação de R$ 6 nesta quinta-feira (28), pode renovar pressões inflacionárias na economia brasileira. É o que diz o JPMorgan em relatório ao avaliar os efeitos do pacote fiscal.

“Câmbio fraco e um novo salto de deterioração das expectativas de inflação podem levar a uma pressão inflacionária ainda maior”, nota o banco americano.

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O Morgan ressalta, assim, que “uma política monetária mais suave do Banco Central neste momento pode reforçar projeções de inflação fora da meta do próprio BC, de 3%. Riscos externos e da economia doméstica são a cereja do bolo.

De acordo com o banco, a partir do anúncio do pacote pelo governo, houve “aprofundamento do conflito das políticas fiscal e econômica”. O que justificaria um ritmo mais acelerado de alta da Selic

Barclays: Copom deve elevar juros em 0,75 p.p. em dezembro

O banco britânico Barclays também reajustou suas estimativas para a próxima reunião do Copom e para o pico dos juros.

Economista da Barclays para o Brasil, Roberto Secemski vê o pacote como “um esforço bem-vindo” para reforçar o arcabouço fiscal até 2026. Mas, sozinho, o conjunto de medidas não assegura que o governo vai atingir as metas. Nem a de déficit zero em 2025, e nem a de superávit primário no ano seguinte.

Ao considerar a resposta negativa dos ativos brasileiros, a Barclays assim vê o Copom aumentando a Selic em 0,75 p.p. em dezembro. No pico do ciclo de alta dos juros, a taxa deve chegar a 13,50%. Antes, a previsão do banco era de 12,75%.

“Agora nós esperamos que o BC acelere o ritmo de aperto monetário pela segunda vez consecutiva, elevando a Selic a 75 pontos-base em dezembro, para 12%”, diz a Barclays.

Assim, em coro com outros analistas, Secemski avalia que a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil ao mês “ofuscou o pacote fiscal”.

“O anúncio teve um timing ruim por competir com o pacote”, conclui o economista.

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