Ata do Copom: Extensão de ciclo de queda da Selic vai depender de inflação sob controle

Colegiado destacou que há um caminho longo a percorrer para a ancoragem das expectativas e o retorno da inflação à meta

Sede do Banco Central, em Brasília-DF. Foto: Rodrigo Oliveira/BCB
Sede do Banco Central, em Brasília-DF. Foto: Rodrigo Oliveira/BCB

A taxa Selic vai continuar caindo em um ritmo de 0,50 ponto percentual. E, assim, o atual ciclo de corte dos juros pode avançar ao longo de 2024 conforme a dinâmica da inflação no Brasil. Esses são os destaques da ata do Copom divulgada nesta terça-feira (19) pelo Banco Central (BC).

Na decisão unânime da semana passada que derrubou a Selic para 11,75%, o colegiado sinalizou que houve um progresso desinflacionário relevante, em linha com as expectativas.

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Mas ressaltou que ainda há um “caminho longo” a percorrer para a ancoragem das expectativas e o retorno da inflação à meta em 2024 e 2025. Isso, então, “exige serenidade e moderação na condução da política monetária.”

“O cenário doméstico vem se encaminhando em linha com o que era esperado. Concluiu-se que prossegue a trajetória desinflacionária dos núcleos e da inflação de serviços, reforçando a dinâmica benigna recente da inflação”, diz o documento.

“Além disso, dados recentes sugerem moderação da atividade econômica, como antecipado pelo comitê. A desancoragem das expectativas de inflação para prazos mais longos se manteve desde a última reunião do Copom. Por fim, as projeções de inflação no horizonte relevante não se alteraram significativamente, mantendo-se acima da meta”, complementa.

Ainda na discussão, o comitê avaliou que o ambiente externo segue volátil e mostra-se menos adverso do que na reunião anterior. Isso marcado pelo arrefecimento das taxas de juros de prazos mais longos nos Estados Unidos e “sinais incipientes de queda de núcleos de inflação, que ainda permanecem em níveis elevados em diversos países”.

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“Em função disso, para vários membros do Copom, houve um aumento da probabilidade da ocorrência de um pouso suave nos Estados Unidos. Esse ambiente tem permitido uma sinalização de inflexão de política monetária em alguns países, ao passo que outros ainda mantiveram a estratégia de aperto monetário prolongado, que tem sido fundamental para conter a inflação mundial”, prossegue o texto.

Corte dos juros sem pressa

Após a análise do cenário macroeconômico, a ata do Copom mostra que todos os membros concordaram que era apropriado reduzir a taxa Selic em 0,50 ponto percentual. E, assim, ajustar o grau de aperto monetário prospectivo. Além disso, o comitê analisou vários cenários prospectivos, caracterizados por diferentes trajetórias nos ambientes doméstico e internacional.

Dentro isso, indica o documento, debateu-se então a estratégia e a extensão de ciclo apropriados em cada um desses cenários. Optou-se por manter a comunicação recente, que já embute a condicionalidade apropriada em um ambiente incerto, especificando o curso de ação caso se confirme o cenário esperado.

“Com relação aos próximos passos, os membros do Comitê concordaram unanimemente com a expectativa de cortes de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões e avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, explica o documento.

“Tal ritmo conjuga, de um lado, o firme compromisso com a reancoragem de expectativas e a dinâmica desinflacionária e, de outro, o ajuste no nível de aperto monetário em termos reais diante da dinâmica mais benigna da inflação antecipada nas projeções do cenário de referência”, acrescenta o texto.

Em seguida, o comitê debateu a extensão do ciclo de ajustes na política monetária. A ata do Copom ressalta que o colegiado percebe a necessidade de se manter uma política monetária ainda contracionista pelo horizonte relevante. Isso para que se consolide a convergência da inflação para a meta e a ancoragem das expectativas.

“Enfatizou-se novamente que a extensão do ciclo ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, explica a ata.

A decisão do Copom em 6 pontos

No trecho final, a ata do Copom destaca as razões para a redução da taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 11,75%.

Em linhas gerais, o documento cita que a decisão foi embasada considerando a evolução do processo de desinflação. Assim como os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis.

  • “(O Copom) Entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e o de 2025.”
  • “Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.”
  • “A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária.”
  • “O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.”
  • “Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.”
  • “O Comitê enfatiza que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.”
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