Santander elege alta renda como motor de crescimento no Brasil

Banco tem reduzido participação em alguns negócios ligados ao financiamento do consumo, mas avança em públicos selecionados

Fachada do Banco Santander (SANB11). Foto: Edgard Garrido/File Photo/Reuters
Fachada do Banco Santander (SANB11). Foto: Edgard Garrido/File Photo/Reuters

O Santander (SANB11) vai apostar em clientes de alta renda e em nichos do agronegócio para retomar o ciclo de crescimento rentável no Brasil, sinalizou o presidente-executivo do banco no país.

“Decidimos focar na alta renda”, disse Mario Leão a jornalistas durante apresentação dos resultados do segundo trimestre.

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“Nossa rentabilidade agora vai se recuperar com menos crédito para baixa renda”, acrescentou Leão, explicando os caminhos que o Santander Brasil planeja buscar para elevar sua rentabilidade nos próximos anos.

Os comentários revelam uma virada de estratégia na franquia do espanhol Santander no Brasil, após por vários anos a instituição ter se concentrando no financiamento ao consumo.

Isso aconteceu na esteira de uma concorrência mais pesada de bancos digitais, como o Nubank, que atingiu 80 milhões de clientes recentemente, tomando do Santander a posição de quarto maior banco do país.

Além disso, há quase dois anos, o Santander vem sofrendo os efeitos negativos de uma aposta ousada no pós-pandemia.

Como resultado da rápida elevação dos juros no país para combater a inflação também alta, o Santander vem registrando constante aumento das provisões para cobrir perdas com calotes.

Como consequência, a lucratividade caiu praticamente à metade.

O balanço do banco

Mais cedo nesta quarta-feira, o banco informou que seu lucro de abril a junho somou R$ 2,3 bilhões, 45% a menos do que um ano antes.

E o próprio Leão admitiu que a rentabilidade sobre o patrimônio (ROE), que caiu 10 pontos percentuais de 2022 para 2023, não deve tão cedo voltar aos níveis anteriores.

Nova abordagem

Há meses, o Santander já vem dando passos nesta nova direção no Brasil.

Em março, o banco vendeu 40% do portal digital de financiamento automotivo Webmotors para a Carsale por R$ 1,24 bilhão.

Nesta semana, acertou a transferência da operação de seu negócio de cartões de benefícios Ben para a Sodexo, por 25 anos. O valor da transação não foi revelado.

Simultaneamente, o banco aceitou perder participação no mercado de cartões no primeiro semestre. Outros movimentos em negócios nos quais o banco têm participação podem estar por vir, indicou Leão.

“A gente vai começar a rever algumas participações que o mercado não avalia adequadamente”, disse o executivo, sem dar detalhes.

Ao mesmo tempo, o banco reforça planos para o público de alta renda, para o agronegócio e para pequenas e médias (PMEs).

A meta do Santander é atingir 1 milhão de clientes na sua franquia de alta renda, Select, no fim do ano. Atualmente, são cerca de 900 mil.

Também de olho nesse público, acertou em junho a compra do restante da corretora de investimentos Toro, na qual já detinha 62,5%.

“E planejamos nos próximos meses lançar conta internacional para os nossos clientes”, contou Leão.
O movimento vai na direção de outros grandes bancos comerciais. O Itaú Unibanco oferece conta internacional por meio da Avenue.

A XP também já tem seu produto neste nicho. BTG Pactual e Bradesco anunciaram recentemente planos de fazer o mesmo.

Nichos

Em outra frente, o Santander quer acelerar sua carteira de crédito para o agronegócio, passando de R$ 42 bilhões no fim de junho, para R$ 50 bilhões até dezembro.

Em outra frente, o banco quer dobrar seu negócio de pequenas e médias empresas (PMEs) em três anos.

Leão disse que o Santander não vai abrir mão do financiamento ao consumo. Mas agora, completou, o banco será mais criterioso sobre em quais mercados vai apostar.

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