Se não controlar o fiscal, Brasil corre o risco de voltar para os anos 1980, diz Rogério Xavier

Rogério Xavier participou nesta segunda-feira (14) de evento organizado pelo Itaú BBA

O gestor Rogério Xavier participou do Macro Vision 2024. Foto: Itaú Unibanco Divulgalção
O gestor Rogério Xavier participou do Macro Vision 2024. Foto: Itaú Unibanco Divulgalção

De passagem pelo Brasil, Rogério Xavier, presidente da SPX Capital, mostra-se pessimista como poucas vezes com os rumos da economia local. Preocupado com os gastos do governo e os desequilíbrios fiscais, ele fez um alerta: “Se não endereçar a questão fiscal, o Brasil corre o sério risco de perder a variável nominal, a âncora nominal”.

Rogério Xavier participou nesta segunda-feira (14) de evento organizado pelo Itaú BBA para investidores na cidade de São Paulo, o Macro Vision 2024.

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O gestor carioca, que hoje mora em Londres, debateu com Bruno Serra, da família de fundos Janeiro, da Itaú Asset, sobre as perspectivas para a economia e o investimento no Brasil e no exterior.

Dessa forma, ele apontou gastos extra orçamentários como o Vale Gás e o programa Pé de Meia, programa que oferece subsídios para jovens concluíram o ensino médio, como problemas contratados.

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Potencial de gerar bomba fiscal

“Não entrando no mérito se o jovem já está sendo apoiado por um programa de governo. Mas a verdade é que a gente está fazendo isso pelo programa errado”, destacou.

Dessa maneira, segundo Rogério Xavier, o Pé de Meia hoje gera gasto em torno de R$ 12 bilhões.

Assim, o montante é gerido através de um fundo da Caixa Econômica Federal.

“Por quê? Porque, na realidade, ele entra como despesa financeira, não como gasto. Então, é como se o governo tivesse alocando dinheiro para comprar cota de um fundo. Só que esse fundo não tem retorno porque é fundo perdido”, aponta.

“(O gasto com o programa) tem que aparecer no resultado primário. E não está”, afirmou Xavier.

De acordo com o gestor, o dinheiro empenhado e não inteiramente gasto com programas como esse e outros, como o de socorro às enchentes do Rio Grande do Sul ou para contensão de queimadas da Amazônia, deveria retornar diretamente para o Tesouro.

Mas o Congresso aprovou um dispositivo que faz com que essa sobre possa ser usada para outros fins.

“Esse valor está aproximadamente em R$ 100 bilhões. A gente fica se preocupando muito com o superávit primário, com a meta do arcabouço. E tem um parafiscal de cerca de R$ 100 bilhões”, destacou, sob aplausos dos presentes.

Análise do cenário internacional

No cenário internacional, Bruno Serra, gestor dos fundos Janeiro, mostrou-se interessado pelos Estados Unidos.

Segundo ele, o crescimento de 3,2% do PIB do país nos últimos 12 meses não seria condizente com o desemprego subindo. Para ele, o Fed (banco central americano, da sigla em inglês) deve parar antes do que o esperado o ciclo de corte de juros.

“A gente acha que os primeiros 100 pontos-base (1%) de corte são os mais fáceis. Depois, vai ser mais difícil”, contou.

Sobre China e Europa, os dois gestores concordam que o país asiático vive um esgotamento de modelo. E na Europa, o banco central europeu deverá elevar as taxas de juros para baixo da taxa de juros reais.

“Eu estive na China. E não gostei do que vi. Os pacotes de estímulo não serão para o consumo. Esquece”, afirmou Xavier. Segundo ele, o modelo chinês coloca a Europa, principalmente a Alemanha, em risco.

Eles querem fazer o melhor produto, pelo menor preço. Eles literalmente acham que quebrando as empresas ocidentais, depois vão ganhar mercado e vão ser líderes. E vão colocar, como monopolistas, o preço que eles quiserem”, destacou.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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