Resultado do GPA é ruim, mas novo posicionamento pode dar certo, dizem analistas

Companhia reverteu lucro do ano passado, mas Itaú BBA ainda aposta na ação

Supermercado Pão de Açúcar, antes controlado pelo grupo francês Casino. Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo
Supermercado Pão de Açúcar, antes controlado pelo grupo francês Casino. Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo

O GPA divulgou nesta quarta-feira (27) os resultados de sua operação no segundo trimestre. A empresa teve prejuízo de R$ 173 milhões no período, revertendo lucro de R$ 2 milhões nos mesmos meses de 2021. O número engloba as operações no Brasil, Argentina, Uruguai e Colômbia.

Nenhum investidor gosta de receber a notícia de que uma empresa do seu portfólio registrou prejuízo. Porém, a análise de especialistas no assunto mostra que há muitos indicadores do balanço a serem considerados além do prejuízo da companhia. 

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Fonte: GPA

Varejistas com margens piores

Primeiro, é preciso entender que a margem das varejistas, no geral, vêm sendo pressionadas há muito tempo. A inflação alta e aumento das taxas de juros no Brasil prejudicam o poder de compra dos brasileiros e aumentam o custo da operação no país. Diante desse cenário, a margem Ebitda ajustada – indicador que mostra o percentual de lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização – caiu 1,4 ponto percentual, para 7%. 

“O mercado segue bastante difícil para o varejo, que tem resultados pressionados e margens baixas, impactadas pelo aumento dos custos”, explica João Daronco, analista da Suno Research. 

O Itaú BBA classificou os números como neutros e destacou que o prejuízo operacional e a pressão na margem da companhia já eram esperados. Em relatório, a casa cita diminuição dos preços para estimular as vendas e “custos crescentes com logística” como fatores que pressionaram a margem da companhia. 

Para Matheus Jaconelli, analista da Nova Futura Investimentos, o resultado ruim acende um alerta sobreo modelo de negócio do GPA: “os consumidores estão buscando outro modelo de lojas, o que impacta diretamente a companhia. Tal migração do consumidor pode ser vista na boa performance dos números de Carrefour e Assaí”. O Itaú BBA, porém, aposta nos modelos premium do GPA para destravar valor para a ação.

Alguns bons indicadores

O “Novo GPA Brasil”, que desconsidera hipermercados, drogarias e postos, é a grande aposta da companhia para os próximos anos. O segmento registrou aumento de 6,3% na receita bruta de vendas. 

As vendas em mesmas lojas, que desconsidera as unidades abertas ou fechadas durante um período, subiram 5,8% no segundo trimestre na comparação anual. O grande destaque foi o aumento de 13,6% nas lojas enquadradas no formato de proximidade, com mix de produtos selecionados para atender quem quer fazer compras rapidamente. 

A companhia está focada no segmento de supermercados premium, investindo muito na marca Pão de Açúcar. Para o Itaú BBA, as iniciativas da empresa no segmento premium devem ser “monitoradas de perto”, porque podem “destravar valor” e devem ser o maior gatilho de alta da ação. 

Em relatório, a casa diz esperar uma valorização de 96% da ação em um ano na comparação com o fechamento desta quarta-feira (27). O preço-alvo para o papel, que hoje é negociado na casa dos R$ 16, é de R$ 32 em 12 meses. 

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