Relatório de produção da Vale desanima e acende alerta sobre o Ibovespa

Ações da mineradora não devem trazer bons resultados no curto prazo, estimam analistas

Mina da Vale em Itabira (MG). Foto: Janaina Duarte/Divulgação Vale
Mina da Vale em Itabira (MG). Foto: Janaina Duarte/Divulgação Vale

Em 20 de julho de 2021, as ações da Vale (VALE3) eram negociadas na B3 a R$ 113,10. Um ano depois, os mesmos papéis são vendidos na casa dos R$ 66 e acumulam queda de mais de 40% no período. No dia após a divulgação do relatório de produção da Vale no segundo trimestre de 2022, o patamar dos R$ 100 fica cada vez mais distante. 

Às 11h30 desta quarta-feira (20), VALE3 caía 3,8% e ajudava a puxar o Ibovespa para o vermelho. Ontem, a companhia divulgou que as vendas de minério de ferro no 2° tri somaram 64,318 milhões de toneladas, o que representa queda de 2,3% frente a igual período no ano passado. 

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O ponto que mais frustrou o mercado foi a mudança de guidance para o minério de ferro, principal produto da mineradora  A empresa reduziu suas estimativas de produção de 320 a 335 milhões de toneladas em 2022 para 310 a 320 milhões de toneladas. 

Enrico Cozzolino, Head de análise e sócio da Levante, diz que a notícia  é ruim para a empresa e “reforça o cenário de preocupação” com a companhia. Ele afirma que “temos um cenário muito diferente de quando vimos VALE3 a R$ 100 e distribuição de dividendos robustos”. 

A companhia divulga seu balanço financeiro do segundo trimestre no próximo dia 28, e as expectativas agora estão mais baixas. Segundo Cozzolino, a divulgação desta terça-feira mostra ao mercado que a Vale está mais longe de alcançar seus objetivos para o ano, o que mexe no preço de suas ações. 

Impacto no Ibovespa

Ainda é importante considerar o peso que a ação da mineradora tem no Ibovespa, de 14,1%. Portanto, uma perspectiva ruim para a cotação da companhia no curto prazo impacta fortemente o principal índice acionário do Brasil.

Outro fator que traz desconfiança ao investidor sobre os resultados da Vale neste ano é a preocupação com os lockdowns na China, principal mercado para a venda de minério de ferro. Os contratos futuros da commoditie têm desempenho negativo em julho, influenciados principalmente pela perspectiva de menor demanda do país asiático pelo produto. 

“A economia da China, que nas últimas duas décadas foi o grande motor do crescimento mundial, apresenta importantes sinais de desaceleração. Embora a meta de crescimento definida para o país tenha sido a menor em 25 anos, ‘apenas’ 5,5% de aumento do PIB na comparação anual, acreditamos que o governo chinês terá extrema dificuldade em atingir este patamar”, afirma Josias de Matos, analista de equities da Toro Investimentos.

Oportunidade?

Apesar das perspectivas ruins para a Vale no curto prazo, a ação ainda é indicada para quem pensa no longo prazo. “A ação da mineradora está sendo negociada em um patamar atrativo, além de ter vantagens comparativas relevantes, como a produção de minério de ferro com um prêmio de qualidade em relação a seus principais concorrentes”, analisa Josias de Matos. 

Embora, o horizonte para os próximos meses seja desafiado, o especialista diz que enxerga a Vale como “uma das principais oportunidades da Bolsa brasileira”, e que sua cotação deverá “retornar ao racional da tese” após a normalização do cenário macroeconômico mundial.

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