Presidente da Caixa: ‘Todo mundo deveria falar bem do Brasil para ajudar a atrair investimentos’
Daniella Marques assumiu o cargo após denúncias de assédio contra Pedro Guimarães
A presidente da Caixa, Daniella Marques – que antes de assumir o comando do banco, há 40 dias, integrava a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes – fez uma defesa enfática do governo ao participar de um evento do BTG Pactual nesta quinta-feira. Ela apontou que o Brasil passou muito bem pela pandemia e está em uma posição muito favorável em relação aos outros países.
“Todo mundo deveria falar bem do Brasil, tanto aqui dentro como lá fora, para ajudar a atrair investimentos. A pandemia foi um choque sem precedentes e o Brasil foi muito bem, apesar dos que torcem contra. Tudo que foi feito nos últimos anos já deixou um legado, independentemente do que acontecer até o fim do ano”, comentou.
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Ela começou sua fala lembrando do projeto de digitalização do governo, que foi o que permitiu que, quando a pandemia chegou, dezenas de milhões de cidadãos “invisíveis” fossem encontrados e, assim, em pouco tempo a Caixa conseguiu colocar o Caixa Tem no ar e operar o auxílio emergencial. “Quando governo começou sabíamos que precisávamos dar um choque de governança nos bancos públicos.”
A executiva apontou que, após bancarizar 38 milhões de pessoas, agora a Caixa precisa dar o próximo passo e inseri-los de fato no mercado. “O Auxílio Brasil é assistência social sim, mas quer apoiar cidadão para se inserir no mercado”, disse. “Vamos lançar o programa em breve que vai ser convite à formalização”, acrescentou, sem dar detalhes.
Falando sobre o papel da mulher – Marques ressaltou que é a única executiva do sexo feminino entre os grandes bancos do país – ela lembrou seu histórico no mercado financeiro e disse que nunca “pediu licença” para ninguém, simplesmente chegou e foi fazendo seu trabalho. “E ganhei de cinco a zero de todos os homens, porque a gente sabe que, se a mulher fizer igual, ela é preterida”.
“A mulher tem que ir lá e fazer, não pedir licença, atropelar. E se algum homem atrapalhar, denuncia, que o canal agora está aberto”, afirmou, sem se referir diretamente às denúncias de assédio sexual contra seu antecessor, Pedro Guimarães. Em outro momento, Marques afirmou que a eleição polarizada atrapalha e que há muito narrativa errada e desinformação, mas que todas as denúncias dentro do banco serão apuradas com rigor.
Ela apontou ainda que a Caixa deveria ser referência mundial em sustentabilidade, já que opera um dos maiores programas sociais do planeta, mas que até sua chegada o banco não tinha uma vice-presidência específica para isso. A executiva garantiu que não há orientação política para sua atuação – “nunca recebi nenhuma ligação da presidência com pedidos nesse sentido”.
Sobre o balanço do banco no segundo trimestre, que foi divulgado nesta manhã, ela comentou apenas que a Caixa bateu recorde histórico de contratação de crédito habitacional em julho e que na nova fase do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) o banco já concedeu R$ 6 bilhões, sendo 70% para microempreendedores individuais (MEI).