Políticas de Trump terão ‘impacto positivo’ nos mercados japoneses, diz CEO da Nomura

Cortes de impostos e outras políticas propostas pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, serão boas para os mercados financeiros do Japão

Confira o desempenho das bolsas asiáticas — Foto: Koji Sasahara/AP
Confira o desempenho das bolsas asiáticas — Foto: Koji Sasahara/AP

Cortes de impostos e outras políticas propostas pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, serão boas para os mercados financeiros do Japão, disse o executivo-chefe (CEO) do grupo Nomura Holdings, Kentaro Okuda, em uma entrevista.

Okuda também falou sobre a atividade recorde de fusões e aquisições do Japão no ano passado, dizendo que há muitas empresas japonesas com avaliações atraentes.

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A seguir, trechos editados da entrevista:

Trump começa seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos em 20 de janeiro. Como isso afetará as empresas japonesas e os mercados financeiros?

Okuda: Há preocupações de que os aumentos de tarifas propostos por Trump tenham um impacto negativo nas empresas japonesas, mas acho que elas correm menos riscos do que parecem. Olhando para o Topix Core 30, sua taxa combinada de vendas no exterior aumentou para 57% no ano fiscal de 2023. Na indústria automobilística, que tem uma grande presença no índice, cerca de 70% das vendas nos Estados Unidos são produzidas localmente.

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Os cortes de impostos e a desregulamentação anunciados por Trump devem ter um impacto positivo nos mercados financeiros do Japão. A perspectiva para os lucros corporativos é forte, e as empresas começarão a aumentar os salários de uma forma que leve a um crescimento salarial real consistentemente positivo. Acho que isso também será um vento favorável para nossos negócios.

O que você vê pela frente para os Estados Unidos?

Okuda: No Japão, parece haver uma percepção de que muitas coisas se tornarão instáveis sob o governo Trump, mas acho que a visão americana é diferente. Há muitas previsões otimistas para o mercado de ações e, de uma perspectiva macro, a economia, incluindo os gastos do consumidor, continua forte.

Manter a inflação baixa será ainda mais importante do que fazer um pouso suave. Também há a possibilidade de que a política monetária mude do ciclo de corte de taxas.

Olhando para a nova administração, há muitas escolhas sólidas, incluindo o indicado para secretário do Tesouro, Scott Bessent. Alguns democratas tiveram uma resposta positiva em relação às seleções, então as expectativas são altas. Em vez da economia piorar e da inflação desacelerar, o foco será se a atual economia forte pode ser controlada.

As fusões e aquisições japonesas em 2024 atingiram um recorde. Isso tem sido um vento favorável para a Nomura.

Okuda: Os negócios estão aumentando em todos os níveis, incluindo entre empresas nacionais, aquisições no exterior por empresas nacionais e aquisições nacionais por empresas estrangeiras. Os objetivos são diversos, incluindo reestruturação em larga escala por grandes empresas, aquisições de gestão e fechamento de capital.

Existem algumas empresas japonesas que parecem subvalorizadas em comparação com seu valor potencial. O número e o valor dos negócios de consultoria em fusões e aquisições que estamos lidando estão em alta histórica. É um negócio estável que não requer capital, então gostaríamos de fazê-lo crescer ainda mais.

O que está por trás do boom de fusões e aquisições no Japão?

Okuda: Há muitas razões, mas há três principais. A primeira é que agora é possível adquirir empresas e reconstruir cadeias de suprimentos no exterior novamente, que estavam paralisadas devido à pandemia do coronavírus.

A segunda é a evolução da governança corporativa no Japão. Há mais empresas se engajando ativamente no diálogo não apenas com acionistas ativistas, mas também com acionistas em geral.

A terceira é que mais líderes empresariais estão considerando seriamente medidas ousadas para o crescimento futuro, como vender negócios não lucrativos e formar alianças.

Quando falo com os chefes das empresas clientes, sinto que seu pensamento sobre gestão mudou significativamente. Parte disso é ataque e parte é defesa, mas essa mudança de mentalidade teve o maior impacto no aumento da atividade corporativa.

Entrevista concedida ao jornal econômico Nikkei Asia, na quarta-feira (8), cedida pelo Valor Econômico.

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