Ruralistas podem formar maioria no Senado; FPA projeta 40 senadores em 2023
Bancada é decisiva para aprovar pautas de interesse do agronegócio, como licenciamento ambiental, que estão paradas
Forte aliada do presidente Jair Bolsonaro (PL) e com presença sempre mais tradicional na Câmara, a bancada ruralista do Congresso deve crescer também no Senado após as eleições deste ano.
Com o retorno de antigos membros que estavam sem mandato e a vitória de aliados que ocupavam outros cargos, como de deputado federal, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) projeta ao menos 40 senadores a partir de 2023 – de um total de 81. Acima, portanto, dos 39 na última legislatura e ainda sem considerar prováveis novas adesões, que podem levar o total para 45 – maioria na Casa.
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O contingente, reforçado por nomes como o da ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina (PP-MS), pode ser decisivo para a aprovação de pautas caras ao agronegócio que estão paradas no Senado, como mudanças no licenciamento ambiental, regularização fundiária, autocontrole da fiscalização agropecuária e no registro de agrotóxicos.
O resultado das urnas foi considerado positivo para o setor que, historicamente, consegue avançar em temas sensíveis na Câmara dos Deputados, mas enfrenta dificuldades no Senado.
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“Hoje, as nossas principais pautas estão no Senado pendentes de votação. Existe um reforço e uma qualificação da nossa representação agora com uma turma mais aguerrida”, avalia o presidente da FPA, deputado federal Sérgio Souza (MDB-PR).
Avanços nessas pautas foram discutidos ontem, em reunião no Palácio da Alvorada que selou o apoio dos ruralistas à reeleição do presidente Bolsonaro no segundo turno – em 2018, esse aceno aconteceu no primeiro turno. A meta é aprovar algumas propostas ainda neste ano.
Na atual legislatura, a FPA buscou ter atuação mais forte no Senado, mas esbarrou na articulação política e composição da Casa para realizar acordos e construir convergências para as pautas do setor.
“Com uma bancada desse tamanho agora no Senado, não tem por que protelar as votações. Os projetos estão prontos. Tudo aquilo que ficamos muito tempo sem conseguir realizar poderemos fazer em seis meses”, projeta o deputado Alceu Moreira (MDB-RS), que já liderou a bancada.
A análise inicial da composição da bancada em 2023 leva em conta senadores que já integram e seguirão no grupo por mais quatro anos. Como Luis Carlos Heinze (PP-RS), Irajá (PSD-TO), Márcio Bittar (MDB-AC), Weverton (PDT-MA) e Izalci (PSDB-DF) – derrotados nas disputas aos governos de seus Estados. E outros senadores, que estão em meio de mandato, ou licenciados, como o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI). Também há quem ainda está no segundo turno e poderá sair do Senado, como Jorginho Mello (PL-SC).
Quem são os senadores eleitos da bancada ruralista
Entram no cálculo parlamentares que já integraram os quadros da bancada e que não estavam no Senado, como a ex-ministra e ainda deputada federal Tereza Cristina, os deputados federais Alan Rick (União Brasil-AC), Efraim Filho (União Brasil-PB), Dr. Hiran (PP-RR), Professora Dorinha (União-TO) e Laércio Oliveira (PP-SE), os ex-senadores Magno Malta (PL-ES) e Wilder Morais (PL-GO), o ex-governador de Alagoas e ex-deputado Renan Filho (MDB-AL) e o ex-ministro e ex-deputado Rogério Marinho (PL-RN).
A projeção poderá ter o reforço de, ao menos, cinco novos eleitos ao Senado, o que levaria o quadro para 45 senadores.
É o caso do ex-secretário de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura Jorge Seif Jr (PL-SC), da ex-ministra da Mulher Damares Alves (Republicanos-DF), do ex-ministro da Justiça Sergio Moro (União Brasil-PR), do vice-presidente da República Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e de Jaime Bagattoli (PL-RO), empresário do agronegócio eleito em Rondônia.
No levantamento, a FPA ainda não contabilizou possíveis adesões do ex-ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes (PL-SP), do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e do senador eleito por Minas Gerais, Cleitinho (PSC), aliados do presidente Bolsonaro.
Cinco membros da bancada não foram reeleitos: Acir Gurgacz (PDT-RO), atual presidente da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, Álvaro Dias (Podemos-PR), Dário Berger (PSB-SC), Kátia Abreu (PP-TO) e Rose de Freitas (MDB-ES).
Já Wellington Fagundes (PL-MT) conseguiu a reeleição ao derrotar Antonio Galvan (PTB-MT), presidente licenciado da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), que provavelmente integraria a FPA em caso de vitória nas urnas. A disputa em Mato Grosso ainda contou com Neri Geller (PP). Aliado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Estado, ele teve a candidatura indeferida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), um dos fundadores da bancada, disse que o mais importante será ter a companhia qualificada da ex-ministra Tereza Cristina no Senado. Ele acredita que outros nomes, apesar de não serem diretamente ligados ao setor, também vão ajudar a FPA por representarem Estados cuja economia depende do agronegócio, como Rio Grande do Sul e Paraná.