Ipec e Datafolha: migração de voto de Ciro e Tebet para Bolsonaro explica diferença entre resultado de urnas e pesquisas

Alto percentual de indecisos em alguns estados que optaram pelo atual presidente também pode explicar discrepâncias

Foto: Bruno Kelly/Reuters e Mauro Pimentel/AFP
Foto: Bruno Kelly/Reuters e Mauro Pimentel/AFP

As diretoras do Ipec e Datafolha atribuíram as divergências dos resultados de seus levantamentos eleitorais de sábado à possível migração de votos e à relação tensa entre os pesquisadores e os eleitores conservadores, o que pode gerar desde agressão até um viés de não-resposta aos questionários, o que é difícil de ser controlado.

Em entrevista ao Pulso, a CEO do Ipec, Márcia Cavallari, afirmou que provavelmente houve uma migração de votos de parte dos indecisos e de eleitores que desistiram de votar em Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB). Cavallari ressaltou que as pesquisas fornecem informações para o eleitorado tomar decisões estratégicas e antecipar a migração de voto no sentido, por exemplo, de tentar evitar uma decisão logo no primeiro turno.

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“Na pesquisa estimulada, tínhamos Ciro Gomes com 5% e ele obteve 3%. Eram 5% para a Simone e ela recebeu 4% dos votos. E o Lula não ganhou no primeiro turno por 1,6 ponto percentual. Para mim, isso demonstra uma provável migração de votos para o Bolsonaro vindos de parte dos indecisos, e dos que desistiram de Ciro e Simone”, afirmou a CEO do Ipec, formado por ex-executivos do Ibope.

Em entrevista à GloboNews, a diretora do Datafolha, Luciana Chong, negou que o chamado “voto envergonhado” tenha sido determinante para mudar os rumos da eleição deste domingo, como chegou a ser discutido nas últimas semanas. Assim como Cavallari, ela também cita a migração de votos de última hora como possível explicação para os resultados discrepantes, enfatizando ainda que estados como São Paulo tinham um alto percentual de eleitores indecisos, o que é capaz de mudar toda uma eleição.

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A responsável pelo Datafolha reconhece que um ponto de atenção que está sendo monitorado pelo instituto é a relação tensa entre os pesquisadores e o eleitorado conservador. Pesquisadores de institutos que fazem sondagens de opinião pública têm enfrentado episódios de hostilidade e até agressões durante o período eleitoral.

“É um ponto de atenção que a gente vem monitorando. Não só dessa relação, mas toda a agressividade que vimos acontecer principalmente no último mês em relação aos pesquisadores. De fato pode ter tido alguma interferência, mas não acho que tenha sido só isso ou isso tenha sido fundamental”, afirmou ela em entrevista à Globonews nesta segunda-feira.

Chong disse ainda que não se pode falar em “erro” dos institutos.

“As pesquisas são importantes. A gente não pode dizer que houve erro. A pesquisa não prevê acertar resultado, não é prognóstico, ela é feita ao longo de toda a eleição para mostrar a fotografia de cada momento”, disse ela.

Chong ainda acrescentou: “O Datafolha faz a pesquisa e diz: ‘hoje o eleitor está pensando exatamente assim’. Não podemos projetar o que vai acontecer no dia da urna.”

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