Petróleo: Líderes de Arábia Saudita e Emirados Árabes recusam conversa por telefone com Biden

Entre outros assuntos, os Estados Unidos estão tentando conter a disparada nos preços do petróleo

O presidente dos EUA, Joe Biden. Foto: Kevin Lamarque/Reuters
O presidente dos EUA, Joe Biden. Foto: Kevin Lamarque/Reuters

A Casa Branca tentou, sem sucesso, organizar ligações entre o presidente americano, Joe Biden, e os líderes de fato da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos. Os Estados Unidos estão tentando construir apoio à Ucrânia, conter um aumento nos preços do petróleo e oferecer ajuda aos países do Golfo Pérsico que enfrentam ataques de combatentes apoiados pelo Irã no Iêmen, disseram autoridades do Oriente Médio e dos Estados Unidos.

O príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, e o xeque dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed bin Zayed al Nahyan, recusaram os pedidos dos Estados Unidos para que falassem com Biden nas últimas semanas, disseram as autoridades. Ultimamente, autoridades dos dois países vinham verbalizando críticas à política americana no Golfo.

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“Havia alguma expectativa de um telefonema, mas não aconteceu”, disse uma autoridade americana sobre a discussão planejada entre o príncipe saudita e Biden. “Foi parte do esforço de abrir a torneira do petróleo saudita”, afirmou.

Biden conversou com o pai de 86 anos do príncipe Mohammed, o rei Salman, em 9 de fevereiro, quando os dois reiteraram a parceria de longa data de seus países. O Ministério das Relações Exteriores dos Emirados Árabes Unidos disse que a ligação entre Biden e o xeque Mohammed seria remarcada.

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Os sauditas sinalizaram que seu relacionamento com Washington se deteriorou sob o governo Biden. Eles querem mais apoio para sua intervenção na guerra civil do Iêmen, ajuda com seu próprio programa nuclear civil à medida que o do Irã avança e imunidade legal para o príncipe Mohammed nos Estados Unidos, disseram autoridades sauditas. O príncipe herdeiro enfrenta vários processos nos Estados Unidos, incluindo ações sobre o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, em 2018, na Turquia.

Os emirados compartilham as preocupações sauditas sobre a resposta contida dos Estados Unidos aos recentes ataques com mísseis de militantes houthis apoiados pelo Irã no Iêmen contra os dois países, disseram autoridades. Ambos os governos também estão preocupados com o renascimento do acordo nuclear com o Irã, que não aborda outras preocupações de segurança deles e que entrou nos estágios finais das negociações nas últimas semanas.

A Casa Branca trabalhou para restabelecer as relações com dois países-chave do Oriente Médio de que precisa, já que os preços do petróleo ultrapassam os US$ 130 o barril pela primeira vez em quase 14 anos. Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos são os únicos dois grandes produtores de petróleo que podem bombear milhões de barris a mais de petróleo – uma capacidade que, se usada, poderia ajudar a acalmar o mercado de petróleo em um momento em que os preços da gasolina americana estão em níveis elevados.

Brett McGurk, coordenador do Oriente Médio do Conselho de Segurança Nacional, e Amos Hochstein, enviado de energia do Departamento de Estado, viajaram para Riad no final do mês passado para tentar consertar as relações com autoridades sauditas.

McGurk também se encontrou com o Sheikh Mohammed em Abu Dhabi, em uma tentativa de abordar as frustrações dos Emirados com a resposta dos Estados Unidos aos ataques houthis.

Esperava-se que a ligação com o xeque Mohammed no início de fevereiro se concentrasse em maneiras pelas quais os dois países poderiam combater os ataques houthis do Iêmen.

Uma autoridade dos Estados Unidos disse que o governo Biden trabalhou diligentemente para fortalecer as defesas antimísseis sauditas e dos Emirados, e que os Estados Unidos fariam mais nos próximos meses para ajudar as duas nações do Golfo a se protegerem. Pode não ser tudo o que os dois países desejam, disse a autoridade, mas os Estados Unidos estão tentando resolver suas preocupações de segurança.

Mas os sauditas e os emirados se recusaram a bombear mais petróleo, dizendo que estão aderindo a um plano de produção aprovado entre seu grupo, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), e um grupo de outros produtores liderados pela Rússia. A aliança energética com a Rússia, um dos maiores produtores de petróleo do mundo, aumentou o poder da Opep e, ao mesmo tempo, aproximou sauditas e emirados de Moscou.

Tanto o príncipe Mohammed quanto o xeque Mohammed receberam telefonemas do presidente russo, Vladimir Putin, na semana passada, depois de se recusarem a falar com Biden. Ambos falaram mais tarde com o presidente da Ucrânia, e uma autoridade saudita disse que os Estados Unidos solicitaram que o príncipe Mohammed mediasse o conflito, no qual ele disse que o reino está embarcando.

A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse no início desta semana que não havia planos de conversar com o príncipe Mohammed tão cedo sobre petróleo e que não havia planos de Biden viajar para a Arábia Saudita.

Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos estabeleceram laços profundos com o ex-presidente Donald Trump, que se aliou a eles em uma disputa regional com o Catar, retirou os Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã ao qual eles se opunham, fez sua primeira viagem ao exterior para Riad em 2017 e apoiou o príncipe Mohammed após o assassinato de Khashoggi.

Mas a decisão de Trump de não responder a um ataque de drones e mísseis iranianos contra os principais locais petrolíferos sauditas em 2019 abalou os parceiros do Golfo que confiam há décadas na promessa de proteção de segurança dos Estados Unidos. O Irã negou envolvimento nos ataques às instalações petrolíferas.

Com Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico

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