‘O Regime’: minissérie traz Kate Winslet em grande forma e enredo fora da curva
Trama funciona muito bem a partir da performance de sua protagonista e de enredo que se caixa perfeitamente no que vivemos hoje
Elena Vernham abre uma porta de vidro. Dentro do ambiente escuro, semelhante a uma cripta, está seu pai. Ela começa a conversar com ele a respeito de suas dúvidas e aflições. Elena Vernham é chanceler de um país fictício na Europa central, uma ditadora apoiada pela elite econômica.
E o pai dela está morto. O cadáver, assim, está acomodado em uma espécie de urna de vidro e ele é envolto na bandeira do país.
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Essa é apenas uma cena esquisita diante do desfile de bizarrices da série ‘O Regime’. Trata-se de uma minissérie original da HBO exibida no Brasil no canal Max.
E é justamente essa espécie de ode ao absurdo que faz da série algo tão parecido com alguns países de verdade. E que a torna um programa fundamental nos dias atuais, onde justamente nos deparamos com tantos desafios a cerca das democracias.
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Kate Winslet: protagonista fundamental
Então, é certo que nem todo enredo sobrevive a escolhas erradas de elenco.
Mas o inverso é verdadeiro.
Um grande ator ou atriz pode transformar uma história comum em sucesso de público e crítica. E aqui as duas coisas se unem. Uma história saborosa ganha ainda mais sabor pela atuação impecável de Kate Winslet como a chanceler (ditadora) Elena Vernham.
A maneira como ela constrói a personagem é ímpar. A postura, a arrogância, o desprezo pelo povo. E o jeito como ela fala, com os lábios torcidos. Tudo se encaixa perfeitamente.
Kate já havia feito bastante sucesso em outra minissérie da HBO – ‘Mare of Easttown. Essa de 2021. Mas é na trama de ‘O Regime’ em que ela verdadeiramente merece crédito de verdadeira protagonista.
A ditadura por um fio
A série acompanha a rotina do palácio onde Elena mora com o marido (Guillaume Gallienne).
Cercada por puxa-sacos (ministros) que concordam com suas ideias mais estranhas, Elena está prestes a ver tudo mudar em sua rotina com a chegada do militar Herbert (Matthias Schoenaerts) ao palácio.
Ele vai desempenhar papel central nos acontecimentos que estão prestes a acontecer. E falar mais pode estragar qualquer surpresa. Mas o regime está por um fio, isso pode-se antecipar.
Assim, vale colocar foco também na performance da superestrela Hugh Grant. Ele é Edward Kepllinger, tachado como comunista pelo regime e a encarnação de todos os demônios na visão deturpada da chanceler. Edward é o ex-chanceler.
Com fotografia e figurinos impecáveis, ‘O Regime’ é uma história contemporânea que parece saída dos anos 1970 – não por acaso, período em que ditadores pipocaram pelos quatro cantos do mundo.
Então, diante da oportunidade de exercer nossos direitos democráticos no domingo (6), data das eleições municipais no Brasil, a série nos faz lembrar o que podemos perder quando permitimos que déspotas concentrem poder.
‘O Regime’
Minissérie em seis capítulos com aproximadamente uma hora cada
Onde assistir: Max
Elenco (principais atores): Kate Winslet, Matthias Schoenaerts, Andrea Riseborough, Hugh Grant e Guiallaume Gallienne
