Governo Lula quer uma mulher na presidência do Banco do Brasil

Nomes que circulam nos bastidores são de funcionárias de carreira do banco

Agência Banco do Brasil (BBAS3), em São Paulo. Foto: Paulo Whitaker/Reuters
Agência Banco do Brasil (BBAS3), em São Paulo. Foto: Paulo Whitaker/Reuters

O futuro governo Lula deseja ter uma mulher na presidência do Banco do Brasil (BBAS3). Segundo o Valor apurou, a ideia é aproveitar alguma funcionária de carreira, ainda na ativa, mas o martelo ainda não está batido.

Mais do que um desejo pessoal de Lula, quem estaria pressionando para ter uma mulher no comando no BB é a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. As opções que se enquadram no perfil desejado, no entanto, não são muitas. Entre os nomes que circulam nos bastidores estão o da atual vice-presidente de controles internos e gestão de risco, Ana Paula Teixeira Sousa, única mulher na cúpula do BB, da diretora jurídica, Lucinéia Possar, e da presidente da BrasilPrev, Ângela Beatriz de Assis.

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Pesaria contra Sousa o fato de ela ser ligado à administração atual. Apesar de não ser considerado “bolsonarista”, seu marido, Flávio Basílio, foi secretário de produtos de defesa no Ministério da Defesa, no governo Temer, e assim se tornou próximo dos militares. No início do governo Bolsonaro, ele próprio chegou a ser cotado para uma vaga na vice-presidência do BB. Atualmente, comanda a BBTS, empresa de tecnologia do grupo. Ambos são funcionários de carreira do BB há muitos anos e Basílio já teve passagem também pelo governo do PT, quando foi assessor do ministro Guido Mantega.

No caso de Possar, sua atuação no departamento jurídico é bem-vista, mas lhe faltaria experiência na área comercial. Já Assis é tida como um nome de perfil mais independente. Ela ingressou no BB em 1992, passou pelo varejo e diversas diretorias e não teria grandes ligações políticas.

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Apesar da busca por uma mulher para o BB, nada está definido. Se a Caixa for comandada por uma mulher, diminuiria a pressão para que o BB também o seja. No caso da Caixa, um dos nomes que circula nos bastidores é o de Maria Fernanda Ramos Coelho, que presidiu o banco no segundo governo Lula. No fim de novembro, foi ela quem entregou ao presidente eleito uma carta com sugestões dos funcionários da Caixa para a nova administração.

Enquanto isso, o atual comandante do BB, Fausto Ribeiro, faz campanha para permanecer no cargo. Próximo da família Bolsonaro, quando assumiu o comando da instituição, no ano passado, teve sua nomeação criticada por analistas, já que ele não havia passado por nenhuma vice-presidência.

Ainda assim, ao longo de pouco mais de um ano e meio de administração, Ribeiro implementou uma gestão técnica, não entregou todos os pedidos do governo — o BB não entrou no consignado para o Auxílio Brasil e rechaçou pedidos para antecipar dividendos — e vai deixar o cargo entregando lucro e rentabilidade recordes, superando inclusive os rivais privados. Filho de funcionário do BB e ele mesmo empregado de carreira do banco há décadas, também conseguiu manter um ótimo relacionamento com a base de colaboradores.

Existiria até uma campanha voluntária de alguns funcionários do banco, que usam o mote #ficaFausto. De qualquer forma, seu principal trunfo seria a forte ligação do banco com o agronegócio. Na bancada do agro, há quem defenda que mantê-lo no comando do BB seria uma forma de o governo Lula fazer um aceno ao setor — que nas eleições se mostrou claramente bolsonarista — e tentar uma aproximação. O recado para a agricultura seria de que não haveria grandes mudanças na política de financiamento, incluindo o Plano Safra.

Por Edna Simão e Álvaro Campos

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