Mudança na Lei das Estatais reduz proteção contra ingerência política na Petrobras, dizem bancos

Goldman Sachs e BTG Pactual alertam para aumento da interferência política na Petrobras após mudanças na Lei das Estatais

Estrutura da Petrobras, uma das gigantes mundiais do setor de petróleo e gás - Foto: Geraldo Falcão/Agência Petrobras
Estrutura da Petrobras, uma das gigantes mundiais do setor de petróleo e gás - Foto: Geraldo Falcão/Agência Petrobras

As mudanças aprovadas na Lei das Estatais corroboram o cenário de aumento de riscos envolvendo a Petrobras (PETR3; PETR4) no novo governo, diz o banco americano Goldman Sachs. A norma era uma das camadas de proteção que a companhia tinha contra ingerência política na sua administração.

Os analistas Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Costa Martins escrevem que as mudanças ainda dependem de aprovação pelo Senado Federal, mas que a ampla maioria obtida ontem para a aprovação mostra que o novo governo pode ter capital político para passar mudanças mais profundas.

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Incerteza de longo prazo prejudica Petrobras, diz Goldman

“No curto prazo, o estatuto da Petrobras protege a empresa de intervenções nas suas políticas de preços e dividendos, mas no longo prazo a visibilidade permanece baixa por conta das incertezas sobre o encaminhamento do novo governo com a estratégia da companhia”, comentam.

Entre as alterações estão a redução de 36 meses para 30 dias de quarentena para que participantes de campanhas eleitorais possam assumir cargos diretivos ou no conselho de empresas estatais.

A mudança foi aprovada para acomodar o ex-coordenador da campanha de Lula à presidência, Aloizio Mercadante, na chefia do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) em 2023. Lula nomeou Mercadante à presidência do banco estatal na tarde de terça-feira.

BTG: mudança ágil na Lei das Estatais foi ‘surpresa’

Já o BTG Pactual avalia que as alterações aprovadas são indiscutivelmente negativas para a Petrobras e outras estatais brasileiras ao eliminar um dos principais mecanismos de defesa contra influência política.

Os analistas afirmam que a situação continua fluida e alguns ajustes ainda são prováveis nos próximos dias, mas a velocidade na qual a mudança ocorreu os pegou de surpresa.

Segundo eles, embora alguns possam argumentar que a lei não tem protegido totalmente a Petrobras de tentativas de ingerência política, a mudança é um sinal mais claro de que a estratégia da empresa pode ser menos sustentada por aspectos puramente técnicos a partir de agora.

Os analistas dizem ainda que as mudanças são negativas no curto prazo para as ações da Petrobras, e que a preservação de um pagamento de dividendos razoável é um catalisador positivo, mas o novo governo tem sinalizado que a atual política de dividendos deve ser revisitada.

O BTG Pactual tem recomendação neutra para os recibos de ações (ADRs) da Petrobras, com preço-alvo de US$ 8,80, abaixo do fechamento de ontem de US$ 10,14 na Bolsa de Nova York.

O Goldman Sachs também tem recomendação neutra para Petrobras, com preço-alvo em R$ 34,60 para ações ordinárias e R$ 31,40 para preferenciais, respectivamente, potenciais de alta de 28,5% e 34,6% sobre os fechamentos de ontem.

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