Lula busca evitar ‘convivência conflituosa’ com BC no começo do mandato, diz Gustavo Franco

O ex-presidente do Banco Central comentou, em evento do Itaú, a possibilidade de Lula indicar Campos Neto para um segundo mandato

Ex-BC Gustavo Franco - Foto: Leo Pinheiro/Valor

Gustavo Franco considera “ótima notícia” que Lula queira reconduzir Roberto Campos Neto à presidência do Banco Central em dois anos, quando termina o mandato do presidente do BC. O presidente eleito teria sondado o atual mandatário do BC para uma suposta permanência na instituição ao fim do atual mandato, que acaba em 2024.

Franco, que é ex-presidente do Banco Central disse, em evento do Itaú na tarde desta quinta-feira (8), que o presidente eleito pode ter como objetivo, ao supostamente antecipar essa decisão, evitar rusgas entre governo e autoridade monetária nos seus primeiros atos, quando tentará emplacar suas políticas sociais, com ampliação de gastos, sem despertar o mau humor do mercado.

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“A convivência de Roberto com Lula será a prova”, diz Franco ao mencionar a possível vontade do presidente eleito de manter Campos Neto como autoridade monetária.  “Essa notícia de Lula querendo reconduzi-lo quer antecipar se será uma convivência conflituosa ou não”, completa.

“Mas antes de falar da transição do Roberto, precisa falar dos dois diretores que vão entrar agora (em fevereiro), e que devem ser um desses do grupo de transição”, ressalta.

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Reunião de março já pode dar pistas sobre a relação

Para Franco, a relação pode mudar já em março, quando o Banco Central terá mais argumentos para emplacar uma manutenção do arrocho monetário, caso perceba uma situação fiscal fora de controle.

“O Copom de março (segundo do ano) será o primeiro que poderá mostrar o tamanho do risco fiscal”, diz Franco. Ele completa dizendo que o tom de Lula pode mudar se houver a permanência de uma política restritiva. “Se a situação fiscal estiver com uma cara ruim, aí Roberto vai ter que subir juros, e que ver se vai ter recondução”, provoca.

Independência do Banco Central

A Lei Complementar 17/2021 avançou no objetivo de ter um Banco Central mais destacado da influência do presidente eleito pelo voto popular, diz Franco, mas o Brasil ainda está “um pouco abaixo da média (de autonomia do Banco Central) de países emergentes”, diz Franco.

“Mas o progresso foi muito bom, com destaque para algo que parece trivial, que é não coincidir mandato do presidente do BC com o do presidente da República”, destaca ao lembrar que qualquer presidente da República precisa conviver com o líder da autoridade monetária escolhido pelo presidente anterior por pelo menos dois anos, de acordo com a nova legislação.

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