Lula indica a interlocutores que vai confirmar Haddad na Fazenda, diz jornal

Presidente eleito disse em entrevista já ter na cabeça o nome de 80% dos ministros

Fernando Haddad, escolhido por Lula para comandar o Ministério da Fazenda. Foto: Gustavo Basso/NurPhoto/Reuters
Fernando Haddad, escolhido por Lula para comandar o Ministério da Fazenda. Foto: Gustavo Basso/NurPhoto/Reuters

Nas reuniões políticas e no jantar de quinta-feira (1) à noite na casa da senadora Kátia Abreu (PP-TO), em Brasília (PT), o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou a alguns de seus interlocutores os nomes de ministros que já decidiu, e cujas indicações têm sido ventiladas na imprensa.

De acordo com a jornalista Andrea Jubé, no Valor Econômico, entre as nomeações, Lula afirmou que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) será confirmado no Ministério da Fazenda, e que indicará o embaixador do Brasil na Croácia, Mauro Vieira, para o comando do Itamaraty.

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No mesmo conjunto de conversas, Lula confirmou outros nomes já divulgados pela imprensa: o ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) José Múcio Monteiro será indicado para o Ministério da Defesa; o senador eleito pelo Maranhão, Flávio Dino (PSB), será o ministro da Justiça.

80% dos nomes na cabeça

Nesta sexta-feira (2), em coletiva na sede do gabinete de transição, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, o presidente eleito declarou que tem 80% dos ministros na sua cabeça, mas só vai divulgar os nomes após a diplomação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que ocorre no dia 12 de dezembro.

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Conforme o petista, ele fará conversas com partidos “menores” e outros segmentos da sociedade na próxima semana.

Lula ressaltou aos jornalistas que o país não deve ter grande crescimento em 2023. “Não tenho falado com a imprensa porque estou esperando a transição terminar e entregar relatório”, afirmou.

Outro compromisso que Lula planeja para depois da diplomação é viajar ao exterior. Ele afirmou que pretende ir aos EUA para encontro com o presidente Joe Biden. “Eu não posso viajar antes da diplomação. Se for possível eu viajar, vai ser depois do dia 12 quando eu for diplomado”, disse.

Na sequência, Lula comentou que os EUA também enfrentaram problemas relacionados ao exercício da democracia. “Eu acho que nós temos muita coisa para conversar porque os Estados Unidos padecem de uma necessidade democrática tanto quanto o Brasil”, comentou. “O que o Donald Trump fez na democracia americana é o mesmo estrago que o Bolsonaro fez no Brasil”, comentou.

PEC da Transição

Lula disse que não há um valor mínimo além do teto de gastos que ele deseje obter com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, enviada ao Congresso nesta semana. Ele falou ainda que não há sinal de que os parlamentares queiram promover mudanças na PEC, mas ponderou que “se precisar ter acordo, nós sabemos negociar”.

A proposta retira do cálculo do teto os valor total dos benefícios pagos pelo Bolsa Família de R$ 600, estimado em R$ 175 bilhões. Ontem, aliados do presidente disseram que o mínimo aceitável seria um gasto extrateto de R$ 140 bilhões.

“Não tem valor mínimo. Você é muito jovem. Se um dia você tiver que negociar, nunca ceda na tua proposta principal antes do limite da negociação. Se eu já agora colocar um limite para menos, é o de menos que vai valer. Então, se eu tiver que falar, eu falo para mais”, disse Lula a uma repórter que o questionou sobre o assunto.

“O que me interessa é a PEC que nós mandamos. Essa PEC já foi conversada com o presidente da Câmara e o presidente do Senado. Já foi conversada com várias lideranças. Até agora não há sinal de que as pessoas querem mudar a PEC. As pessoas sabem que não é o governo que precisa dessa PEC, é o Brasil que precisa dessa PEC.”

Lula criticou o governo do presidente Jair Bolsonaro por ter deixado um Orçamento sem verbas suficientes para gastos que ele considera essenciais.

“Quem deveria ter colocado a quantidade de recursos no Orçamento era o atual governo. O que ele está fazendo é tirar mais dinheiro, mais dinheiro da Saúde, mais dinheiro da Educação. Me parece que eles querem deixar este país a zero para a gente começar a governar”, disse.

“Nós queremos a PEC porque nós precisamos investir em algumas coisas. Nós precisamos retomar o Minha Casa, Minha Vida, nós precisamos colocar um pouco de dinheiro no SUS. Nós temos coisas imprescindíveis para o povo brasileiro. Então, eu espero que o Congresso Nacional, Câmara e Senado, tenham sensibilidade e possam votar do jeito que nós queremos. Se precisar ter um acordo, nós também sabemos negociar.”

Lula também foi instado a comentar as negociações no Congresso para que se incluam as emendas de relator, o chamado Orçamento secreto, no texto da PEC, tornando-as impositivas. Ele disse não haver espaço para isso e que as emendas devem ser liberadas “de acordo com os interesses do governo”.

“Dentro da PEC de transição não há espaço pra discutir emenda. Eu fui favorável que o deputado tenha emenda, mas que ela não seja secreta. É importante que a emenda seja dentro da programação de necessidade do governo. E que essa emenda seja liberada de acordo com os interesses do governo”, afirmou.

“Não pode continuar da forma que tá. Acho que todo mundo entende isso. Eu estou muito tranquilo porque já conversei com muitos deputados e a PEC não trata de emenda. A PEC trata das necessidades básicas do nosso país.”

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