Kamala Harris age rapidamente para atrair doadores ricos e resolver questão de vice

Vários doadores democratas já tinham prometido proativamente o seu apoio financeiro a Harris se Biden se retirasse da corrida presidencial

Kamala Harris, vice-presidente dos Estados Unidos, em discurso. Foto: Divulgação/Casa Branca

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, e seus aliados entraram em ação para consolidar o apoio de grandes doadores à sua possível campanha à Presidência. Isso logo após o presidente Joe Biden ter anunciado sua desistência da corrida presidencial no domingo (21).

Harris e o seu marido, Doug Emhoff, mantiveram uma série de conversas privadas no domingo com indivíduos ricos que apoiaram a sua carreira política no passado. Eles disseram aos doadores que ela estava preparada para ser a candidata se o Partido Democrata a quiser, e que ela poderia derrotar Donald Trump, segundo pessoas familiarizadas com as conversas.

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Vários doadores democratas já tinham prometido proativamente o seu apoio financeiro a Harris se e quando Biden se retirasse.

Wall Street

As conversas privadas são um sinal de quão profunda é a ligação de Harris com a comunidade de doadores e de quão importante será alinhar o seu apoio para que ela garanta a nomeação presidencial do Partido Democrata.

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Seus laços começaram durante o tempo em que ela passou próxima à comunidade tecnológica de San Francisco como promotora distrital da cidade e agora se estendem a Wall Street e aos magnatas da indústria do entretenimento em Los Angeles, onde ela e Emhoff moram quando não estão em Washington, D.C.

Embora outros candidatos possam entrar na disputa, Biden transferiu seus comitês de arrecadação de fundos para Harris no domingo, e ela já garantiu o apoio de algumas das elites mais ricas do partido.

Poucos minutos após o anúncio de Biden, o cofundador do LinkedIn, Reid Hoffman, disse que apoiaria Harris para presidente. A dupla George e Alex Soros, pai e filho, disse que ambos também a apoiam, de acordo com um porta-voz.

“Kamala Harris é a pessoa certa no momento certo”, disse Hoffman, que doou mais de US$ 8 milhões para apoiar Biden neste ciclo. “A formação e a liderança de Harris no crescimento da economia e na proteção da nossa democracia a posicionam de forma única para resistir ao extremismo de Trump.”

Quem pode derrotar Trump?

Embora Harris seja a candidata potencial mais visível para substituir Biden, não há garantia de que ela estará na chapa. O Partido Democrata está em território desconhecido enquanto se move para selecionar um novo candidato.

Alguns sindicatos, outra fonte importante de apoio aos candidatos democratas, elogiaram pública e privadamente o histórico trabalhista de Harris, incluindo o United Auto Workers. A maioria estava esperando para decidir sobre um endosso até que seus comitês executivos pudessem se reunir.

A Federação Americana de Professores, no entanto, convocou rapidamente o seu conselho executivo e apoiou a vice-presidente, disse o presidente da AFT, Randi Weingarten, no X.

Vários políticos democratas também apoiaram Harris rapidamente no domingo, incluindo alguns que foram discutidos como potenciais companheiros de chapa dela. Eles incluem o senador do Arizona, Mark Kelly, o secretário de transportes Pete Buttigieg, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, o governador da Carolina do Norte, Roy Cooper, e o governador da Pensilvânia, Josh Shapiro.

O ex-presidente Bill Clinton e a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, indicada pelo Partido Democrata em 2016, também anunciaram o seu apoio.

Enquanto isso, alguns doadores céticos em relação a Harris pediram que o partido analisasse suas opções.

“A saída de Biden agora dá aos democratas pelo menos uma chance de vitória. Minha esperança é que eles se comprometam com uma convenção verdadeiramente aberta”, disse Mark Pincus, ex-presidente-executivo da empresa de videogames Zynga, que investiu dinheiro na campanha de reeleição de Biden.

Nas últimas semanas, Pincus tornou-se cada vez mais cético em relação à capacidade de liderança do presidente e apelou publicamente para que ele se afastasse da corrida.

“Minha maior esperança é que eles mudem de direção e promovam uma plataforma mais mainstream e pró-América, em vez de se moverem ainda mais para a esquerda. Neste ponto, estou indeciso”, disse ele.

O doador democrata e investidor de capital de risco Vinod Khosla também pediu uma convenção aberta, ao mesmo tempo que deu seu apoio a Shapiro e à governadora de Michigan, Gretchen Whitmer.

“É hora de ter uma convenção aberta e conseguir um candidato mais moderado que possa facilmente vencer DonaldTrump. Todo eleitor socialmente liberal, climático e fiscal deveria querer que isso equilibrasse nossa abordagem”, disse ele no X.

Em Los Angeles, um grupo de doadoras ricas juntou-se a uma chamada Zoom cerca de uma hora após o anúncio de Biden para discutir como podem apoiar Harris, disse a conselheira democrata de doadores Hannah Linkenhoker, que participou na reunião.

“Os doadores estão entusiasmados e prontos para apoiá-la”, disse Linkenhoker. “Vamos trazer tudo o que temos para elegê-la.”

Potenciais vices

Harris também tratou de se mover rapidamente no domingo para administrar uma questão-chave caso ela seja a candidata democrata a presidente: quem será seu ou sua vice.

Harris telefonou no domingo para dois governadores democratas que foram mencionados como potenciais companheiros de chapa em sua provável disputa contra o ex-presidente Donald Trump.

Ela manteve ligações separadas com o governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, e com o governador da Carolina do Norte, Roy Cooper, de acordo com pessoas familiarizadas com as ligações.

Cooper expressou seu apoio para que Harris seja a candidato do partido, disse uma das pessoas. Shapiro e Cooper lideram dois dos principais estados decisivos na eleição de novembro são aliados do presidente Biden e da campanha. Assim como Harris, ambos atuaram como procuradores-gerais de seus estados.

Quem é Kamala Harris?

Após semanas de especulações e incertezas, Kamala Harris se prepara para assumir a candidatura democrata à presidência dos Estados Unidos, com Joe Biden se retirando oficialmente da corrida eleitoral de 2024. Hoje vice-presidente, ela emergiu como figura central do partido após semanas em que se manteve em silêncio enquanto se desenvolvia a crise da candidatura democrata.

Desde seu desempenho considerado “desastroso” no primeiro debate presidencial contra Donald Trump, Biden tentou conter as crescentes críticas e desafios à sua liderança, alterando drasticamente a trajetória de sua campanha. No entanto, seus esforços não foram suficientes para se manter na disputa e Harris, que até então permaneceu discreta em meio ao processo turbulento, já era a maior cotada para substituí-lo.

A vice-presidente possuía uma vantagem imediata de “herdar” todo o dinheiro de campanha de Biden por já estar na chapa do partido ao lado dele, segundo as leis de financiamento de campanhas dos EUA. Do contrário, transferir esse dinheiro para qualquer outro candidato dependeria de um processo burocratico mais complexo.

Mesmo assim, a sua ascensão para disputar o principal cargo do país vem gerando reações em todo o alto escalão de seu partido, com alguns doadores céticos e apreensivos sobre sua capacidade de derrotar Trump em 5 de novembro em meio a baixos índices de aprovação desde que assumiu a vice-presidência.

Primeira mulher presidente?

Harris, de 59 anos, tornou-se não só a primeira mulher, mas também a primeira pessoa negra na história dos EUA a conquistar a vice-presidência, fazendo dela uma pioneira política instantânea com altas expectativas de sucesso. Mas desde então sua popularidade tem sido abafada e atormentada por baixas avaliações, tornando-a um alvo fácil para ataques de republicanos.

Pessoas do governo, legisladores e líderes democratas atribuíram, em entrevista ao “Financial Times” (FT), a baixa popularidade de Harris a uma combinação do ambiente político hiperpolarizado dos EUA e as lutas que qualquer vice-presidente enfrenta em se destacar como segundo no comando.

Além disso, quando assumiu a vice-presidência, ela foi designada pelo presidente Biden com a missão diplomática de resolver as “causas raízes” da migração de países como Guatemala, El Salvador e Honduras, na fronteira sul, um assunto polarizador entre a população americana.

Filha de acadêmicos indianos e jamaicanos, Kamala nasceu em Oakland, na Califórnia, uma das cidades mais perigosas dos EUA. Ela frequentou a universidade historicamente negra Howard University e depois estudou direito na Universidade da Califórnia, em São Francisco.

Antes de assumir a cadeira de vice, lançou sua carreira como procuradora, se tornando a primeira mulher procuradora-geral da Califórnia em 2011. Cinco anos depois, foi eleita para o Senado dos EUA, onde adotou posições duras contra Trump e bandeiras que envolvem a reforma da polícia, mas também acenou ao centro, com propostas de corte de impostos da classe média.

Potencial abafado

Quando Biden a escolheu como sua candidata a vice-presidente em 2020, acreditava-se que Kamala seria a cotada para ser a próxima candidata democrata para a presidência em 2024, já que Biden terminará seu mandato com 82 anos e foi o presidente mais velho a tomar posse.

No entanto, até recentemente, o potencial político de Harris tinha sido abafado por circunstâncias fora de seu controle, como as restrições de viagens por conta da pandemia no início do mandato e a necessidade de permanecer em Washington para dar votos de desempate em legislações importantes e confirmações no Senado, mantendo-a um tanto escondida.

Logo após o primeiro debate entre Trump e Biden no final de junho, que desencadeou uma crise no Partido Democrata, Harris deu uma entrevista à emissora americana “CNN”, conseguindo mudar o foco da polêmica sobre a capacidade mental do presidente de seguir para mais um próximo mandato para Trump.

“As pessoas podem debater sobre pontos de estilo, mas, em última análise, esta eleição e quem será presidente dos Estados Unidos têm que ser sobre substância, e a diferença é clara”, disse ela, criticando Trump por seu papel no ataque ao Congresso dos EUA em 6 de janeiro de 2021.

Sua performance agradou muitos líderes do partido democrata, que afirmaram ao “FT” que foi mais uma evidência de que Harris tinha “encontrado sua própria voz” nos últimos meses. Isso abriu caminho para o partido deixar de lado algumas inseguranças que assolaram sua vice-presidência e pressionassem para que ela assumisse com uma melhor escolha para a disputa contra presidencial.

Com informações do Valor Econômico

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