Avião presidencial é enviado para tentar resgatar brasileiros sitiados na Faixa de Gaza

Lula também conversou com o presidente de Israel e pediu que seja estabelecido um corredor humanitário

Fumaça de explosão provocada por ataque aéreo israelense na Cidade de Gaza. Foto: HATEM MOUSSA/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Fumaça de explosão provocada por ataque aéreo israelense na Cidade de Gaza. Foto: HATEM MOUSSA/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

O governo brasileiro enviou na quinta-feira (12) um avião VC-2 (Embraer), da Presidência da República, para o resgate de cerca de 20 pessoas que estão sitiadas na Faixa de Gaza. A aeronave partiu em direção a Roma, onde vai aguardar a autorização para buscar os brasileiros no Egito.

O avião tem capacidade para 40 passageiros e partiu por volta de 16h30. A previsão é que ele chegue em Roma, na Itália, por volta das 6h (hora local). Segundo o Itamaraty, a aeronave foi acionada de emergência enquanto a diplomacia negocia uma janela para a retirada dos brasileiros de Gaza.

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Cerca de 20 brasileiros demonstraram o interesse de deixar a Faixa de Gaza, após o início do conflito entre o Hamas e Israel. O exército israelense fez um cerco ao território e cortou o fornecimento de combustível e energia elétrica.

Segundo o Itamaraty, a maior parte dos brasileiros identificados em Gaza está alojada em uma escola e são mulheres e crianças. O número de interessados, que chegou a 30, agora gira em torno de 22. Eles foram atendidos com alimentos, colchões e roupas de cama.

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A embaixada brasileira em Tel Aviv solicitou formalmente ao governo de Israel que o local não seja alvo de bombardeios. Enquanto isso, a diplomacia negocia com o Egito a retirada deles por terra, por uma passagem pela cidade de Rafah.

O ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, falou ao telefone com o chanceler egípcio Sameh Shoukry na quarta (11) e pediu autorização para que os brasileiros façam o trânsito pelo país.

De lá, eles seriam conduzidos até o aeroporto, que fica a cerca de 50 quilômetros da fronteira, e embarcados para o Brasil. O primeiro sinal foi positivo e agora o governo trabalha para viabilizar a retirada.

Na quinta, pela manhã, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Celso Amorim, conversou com a assessora de segurança nacional do Egito, Faisa Aboul Naga.

Um dos obstáculos para a passagem dos brasileiros é que a cidade de Rafah foi alvo de bombardeios nos últimos dias, e o governo egípcio afirma que não há condições físicas – as estradas estão danificadas – e em segurança para o trânsito de civis na região.

O chanceler egípcio, Shoukry, fez um pronunciamento em que afirmou que a fronteira do país com Gaza está aberta para questões humanitárias e fez um apelo a Israel para evitar bombardeios na região.

As identidades de 28 brasileiros que estão em Gaza e que manifestaram o desejo de serem repatriados foram entregues pela embaixada do Brasil no Cairo ao governo egípcio. Uma das preocupações das autoridades do Egito é que terroristas entrem no país junto com refugiados, por isso o assunto é delicado.

O Itamaraty informou que já contratou veículos para o transporte dos brasileiros até a fronteira egípcia e aguarda apenas a autorização do país.

A retirada de civis sitiados em Gaza pela fronteira com o Egito é um dos assuntos que o Brasil vai levar para a reunião do Conselho de Segurança da ONU, convocada para esta sexta-feira (13), em Nova York. Os países vão discutir a viabilidade de se criar um corredor seguro para o deslocamento de civis.

Neste momento, a saída de pessoas de Gaza pelo lado israelense está completamente bloqueada, o que restringe o acesso ao lado egípcio.

Para viabilizar o corredor humanitário pesam, no entanto, questões geopolíticas, como a tentativa do Egito de se manter distante do conflito entre Israel e o Hamas. A diplomacia brasileira tem sustentado que a prioridade neste momento é salvar vidas de civis e evitar uma escalada ainda maior da guerra.

Lula conversa com presidente de Israel

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou na quinta por telefone com o presidente de Israel, Isaac Herzog. Em postagem no X, antigo Twitter, Lula contou que agradeceu o apoio para a operação de retirada dos brasileiros que desejam retornar ao Brasil.

“Reafirmei a condenação brasileira aos ataques terroristas e nossa solidariedade com os familiares das vítimas. Solicitei ao Presidente todas as iniciativas possíveis para que não falte água, luz e remédios em hospitais”, postou Lula.

O presidente ainda demonstrou indignação com o fato de inocentes estarem sendo vítimas “da insanidade daqueles que querem a guerra”.

“Transmiti meu apelo por um corredor humanitário para que as pessoas que queiram sair da Faixa de Gaza pelo Egito tenham segurança. E que o Brasil está à disposição para tentar encontrar um caminho para a paz.” Não houve menção ao nome do Hamas.

Junto com a mensagem publicada na rede social, foi postada a foto abaixo do presidente Lula, a primeira desde a cirurgia feita no dia 29 de setembro no lado direito do quadril e também o procedimento nas pálpebras.

Com informações do Estadão Conteúdo

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