Frente ampla da campanha de Lula ganha mais força em reação aos golpistas
Analistas de mercado viram com bons olhos o governo federal ter feito a intervenção na Segurança do Distrito Federal
Os ativos de risco fecharam segunda-feira (9) mostrando que o impacto da depredação de Brasília reverberou moderadamente no mercado. Embora dólar, juros e bolsa tenham começado o dia um pouco pressionados, a reação do governo federal contra os movimentos golpistas mostrou que o presidente Lula saiu fortalecido do episódio e as forças democráticas se uniram, voltando a dar fôlego ao que ficou conhecido como frente ampla durante a campanha.
Na abertura dos mercados, conversei com o analista-chefe do Jota, Fábio Zambeli que pontuou dois resultados do episódio de domingo que fortalecem o presidente eleito e colocam o ex-presidente, Jair Bolsonaro, na rota da inelegibilidade para 2026.
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“Eu vejo Lula com um ativo político nas mãos”, disse Zambeli na conversa que você pode ver aqui na íntegra.
Segundo ele, Lula tem condições agora para, de fato, criar um governo de frente ampla com adesão de setores que antes estavam desconfiados. A pergunta é se ele está disposto a operacionalizar este ativo. “Ele tem que aproveitar esta oportunidade”, acrescentou.
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A reação dura do governo federal com foco em encontrar e punir também os financiadores, mais a reunião com governadores que, independentemente do campo político, se mostraram ao lado do presidente contra tentativas de golpe, mostram que Lula está atento a esta movimentação. “Ele é o presidente da República que assume desde a redemocratização com a menor expectativa de sucesso”, diz Zambeli. O episódio deverá ter um impacto positivo na popularidade do presidente.
“O que está provado é que a disposição dos radicais em atuar não é só retórica. Isso ajuda Lula”, disse Zambeli. “Quando o governo é vitima de um ataque como este, é natural que a população de um pouco mais de crédito, acredito que a popularidade de Lula tende a aumentar um pouco na esteira de que os democratas devem se juntar”, acrescentou.
Outro ponto que deverá fortalecer Lula é em relação aos militares. Analistas de mercado viram com bons olhos o governo federal ter feito a intervenção na Segurança do Distrito Federal. Houve o afastamento do governador Ibaneis Rocha pelo ministro Alexandre de Moraes e a não participação do exército.
Ficou claro que não tem risco para golpe como mostrou a reação de líderes internacionais. “O episódio de domingo ajuda a dissipar as forças golpistas que há dentro das Forças Armadas”, disse Zambeli. “A gente sabe o quanto os militares são sensíveis ao governo americano. Esse movimento internacional acaba melindrando essas forças golpistas”.
Mesmo aliados do ex-presidente não concordam com o que ocorreu. As lideranças políticas que poderiam se agrupar em torno de Bolsonaro se dispersaram. “A ideia é vamos sair de perto desses caras porque são tóxicos, são radioativos. É um duro golpe contra esse processo de liderança de oposição”.
Assim, o que se vê é uma oposição enfraquecida. Bolsonaro que ainda era visto como uma força política para liderar a oposição, sai com risco de perder seus direitos políticos.