Eleições dos EUA: plano de Trump para o Fed pode prejudicar confiança do mercado, diz diretor da Eurasia

Jon Lieber diz que plano de Trump de criar 'Fed paralelo' pode prejudicar confiança do mercado; Eurasia vê vantagem dele em eleição dos EUA

Jon Liber, da Eurasia, vê Trump como favorito para eleição dos EUA. Foto: Divulgação/Itaú Unibanco
Jon Liber, da Eurasia, vê Trump como favorito para eleição dos EUA. Foto: Divulgação/Itaú Unibanco

A pouco menos de um mês para as eleições dos Estados Unidos, o chefe de pesquisa e diretor da Eurasia Group para o país, Jon Lieber, alerta que o plano de Donald Trump de instalar uma administração paralela dentro do banco central norte-americano, o Federal Reserve, pode ter “consequências globais” no mercado financeiro.

Lieber refere-se ao plano do time de campanha do candidato Republicano à presidência dos Estados Unidos de aprovar no Congresso um termo de resignação do atual presidente do Fed, Jerome Powell, antes do término de seu mandato em 2026. A fala foi feita por Scott Besent, um dos assessores econômicos do republicano.

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Plano de Trump pode arruinar independência do Fed, diz Lieber

O diretor da Eurasia Group acredita que, caso o republicano ganhe as eleições dos EUA e siga adiante com o plano de escolher a dedo o próximo presidente do Fed, a percepção do mercado sobre a independência do Fed deve erodir.

“Criar um Federal Reserve paralelo pode erodir a confiança do mercado em um Fed independente. Isso teria impactos globais em mercados”, diz Lieber. O diretor da Eurasia Group participou de painel do Itaú BBA Macro Vision, nesta segunda-feira (14).

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Enquanto isso, na visão de Lieber, uma vitória da vice-presidente e candidata democrata, Kamala Harris, nas eleições dos EUA deve trazer um cenário de poucas alterações no curso da política monetária.

A maior diferença entre o republicano e a democrata, segundo o chefe de pesquisas, está nos temas de tarifas comerciais e imigração.

“Vemos Kamala mantendo o nível atual, apesar de degradado, de relações com a China, inclusive tarifas comerciais vigentes”, argumenta.

“Já sob Trump, podemos ver um aumento de tarifas, gerando um rompimento do fluxo de exportações globais da China para outros países”, pontua Lieber. De acordo com ele, não apenas a China pode sofrer mais sanções comerciais dos EUA, mas países que são dependentes de bens vindos do gigante asiático e mantém relações com os americanos, como México, podem sofrer restrições.

Eleições dos EUA: ‘achamos que Trump tem pequena vantagem’

Ao comentar sobre quem pode levar a Casa Branca em 2024, John Lieber disse que Trump possui uma pequena vantagem sobre Kamala Harris nas eleições dos Estados Unidos.

“Queria ter convicção e não tenho ideia, é uma corrida muito apertada, por enquanto acreditamos que Trump pode ganhar por pouco”, disse o diretor da Eurasia Group.

A vantagem, então, vem de dois fatores. No sistema de colegiado, os republicanos levam vantagem porque têm mais força em zonas rurais. O segundo fator está nos eleitores que não são capturados pelas pesquisas de intenção de voto.

“Acredito que, mesmo quatro anos depois, os eleitores brancos de Trump ainda não estão atendendo aos telefonemas (das pesquisas), o que dá uma ligeira vantagem a ele.”

Caso Trump ganhe, ele ainda teria uma vantagem sobre o esquema de governo com o Congresso e o Senado americano.

Lieber estima que o partido Republicano tem mais de 70% de chance de ganhar mais da metade das cadeiras do Senado, no mínimo 61. São 100 vagas no total.

Assim, Trump pode garantir o Senado, hoje democrata, e formar um Congresso tecnicamente empatado.

Para Harris, o cenário é mais difícil. Os democratas tem projeção para perder o Senado e, mesmo levando vantagens em projeções de vagas no Congresso, podem perder a disputa. “Seria um governo democrata sem união”, completa Lieber.

Como Harris e Trump podem garantir a vitória

Claro, as eleições dos EUA dependem de vitórias e derrotas nos estados-pêndulo, ou swing states em inglês. O chefe de pesquisa das américas para a Eurasia, por fim, explica como Kamala ou Trump podem garantir a Presidência.

“Os swing states de Carolina do Norte e Georgia são muito importantes para Harris. Se ela ganhar os dois estados, tem uma boa indicação de que será a próxima presidente.”

“Mas se Trump ganhar Carolina do Norte e Georgia, teremos que esperar mais. E, depois, se ganhar na Pensilvânia, ele provavelmente será presidente.”

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