Como será o desempenho da Bolsa com Lula na Presidência?
Saiba o que o mercado espera de impacto na Bolsa de Valores durante o terceiro mandato de Lula
Com Luiz Inácio Lula da Silva eleito para um terceiro mandato como presidente do Brasil, os investidores se perguntam qual o impacto do resultado das eleições nos próximos quatro anos. A Inteligência Financeira conversou com especialistas no assunto para traçar cenários e saber como fica o desempenho da Bolsa com Lula eleito.
Curto prazo
Para Sérgio Zanini, sócio e gestor da Galapagos Capital, a segunda-feira deve apresentar muita volatilidade e, a partir daí, os preços devem ter estabilidade um pouco maior. “Tirando qualquer fator que fuja do resultado dar urnas, o normal é que os preços se ajustem na segunda-feira e uma nova tendência em função da nova informação seja criada”, afirma.
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Carlos Macedo, economista e especialista em alocação de investimentos da Warren, pontua que as 48 horas depois do pleito são cruciais para a precificação de ativos e é necessário que os investidores fiquem atentos ao pós eleições.
Um dos fatores que pode fazer preço imediatamente na Bolsa é o anúncio da equipe econômica do governo. O mercado espera que o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles seja anunciado rapidamente. Se isto acontecer, a reação deve ser positiva e até impulsionar o Ibovespa na segunda-feira.
Os investidores ainda ficarão de olho na reação dos bolsonaristas ao resultado do pleito. Contestações e ameaças golpistas devem causar nervosismo no mercado até o dia 1º de janeiro, quando Lula assume a presidência.
O que esperar de Lula na Presidência?
É fato que o mercado estaria mais animado com Bolsonaro reeleito. Uma pesquisa da Warren feita antes do segundo turno com 120 agentes do mercado financeiro mostra que a maioria esperava a Bolsa entre 120 mil e 130 mil ponto no fim de 2022 com uma reeleição de Bolsonaro, enquanto o patamar esperado para uma eventual vitória de Lula era de 110 mil a 120 mil pontos.
Porém, mesmo que Lula não agrade tanto o mercado quanto Bolsonaro, Carlos Macedo afirma que a Bolsa deve avançar nos próximos anos: “os preços estão descontados e talvez estejamos próximos do fim do ciclo de aperto monetário. Além disso, as reformas vão andar, mas nada vai ser excelente, como sempre acontece no Brasil”.
Entre as reformas, a mais importante é a tributária, que já foi discutida no Congresso, mas ficou para 2023. Um fator que pode atrapalhar a Bolsa no governo Lula é a taxação dividendos, vista como inevitável independentemente do governo de 2023 a 2026. Sérgio Zanini diz que o Brasil provavelmente não caminhará para a redução de impostos: “O imposto sobre dividendos será realidade, a dúvida é a magnitude dessa taxação”, diz Zanini.
Âncora fiscal e estatais
Outro tema quente para a gestão Lula é a âncora fiscal que o novo governo vai desenhar. O mercado já esperava um substituto para o teto de gastos, que não vinha sendo respeitado, mas agora quer sinais mais claros sobre como os gastos do governo serão controlados nos próximos quatro anos. Para Macedo, “o grande receio do mercado em relação a Lula é o populismo”, que pode significar gastos exagerados do governo.
Os agentes ainda vão monitorar o uso de bancos públicos no governo petista. “A principal diferença para Bolsonaro do governo Lula é uma provável taxa de juro neutra mais alta, porque parte do programa econômico do petista consiste em usar bancos públicos para participar do mercado de crédito de maneira mais ativa”, analisa Sérgio Zanini.
Para o especialista, é mais difícil controlar a inflação com a participação mais ativa de bancos públicos no mercado de crédito porque isto pode gerar uma concorrência “desleal” e dificultar a transmissão da taxa de juros para a economia brasileira.