Cravar vitória de Milei ou Massa na eleição da Argentina é ‘muito difícil’, diz cientista da Eurasia
Para o cientista político Christopher Garman, Massa tem ligeira vantagem na corrida eleitoral na Argentina, mas vem caindo em pesquisas
O cenário na Argentina caminha para a eleição mais disputada dos últimos anos. Para o cientista político da Eurasia Group no Brasil, Christopher Garman, “é muito difícil” cravar quem será o próximo presidente argentino. Se será o peronista e ministro da Economia Sergio Massa ou o liberal-extremista Javier Millei.
Massa, que foi vitorioso no primeiro turno da eleição na Argentina, carrega um “pequeno favoritismo” na disputa, afirma Garman. O candidato peronista, segundo o cientista político, soube explorar melhor o temor do eleitorado sobre os planos de Milei para a economia do país, mas vem perdendo a vantagem nas pesquisas.
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Garman: ‘Existe risco de que Milei não sobreviva ao mandato’
O cientista da Eurasia afirma que a chance de vitória de Milei é praticamente a mesma de Massa, um cenário “cinquenta-cinquenta”. Mas, caso Milei prevaleça no segundo turno, ele não deve encarar um parlamento de portas abertas para suas ideias mais radicais.
“Ele não terá maioria no parlamento argentino”, argumenta Christopher Garman. A aliança com a candidata do ex-presidente Maurício Macron, Patrícia Bullrich, pode ajudar a viabilizar um possível governo Milei no legislativo. Mas isso pode pressionar a condução da economia do país.
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“Ao contrário do (ex-presidente) Jair Bolsonaro, que delegou suas ideias na economia para seu ‘posto Ipiranga’ do Paulo Guedes, Milei tem planos mais bem-definidos para o que ele quer na economia”, prossegue.
Mas essas ideias podem levar a um aprofundamento da crise argentina. O país lida com uma taxa de inflação de mais de 130% ao ano. “A proposta de dolarizar a economia da Argentina, por exemplo, pode levar a uma crise mais aguda”, diz Garman. “Milei vai precisar de apoio inclusive para aprovar emendas que alteram a constituição argentina.”
Para Eurasia, risco de guerra em Israel se alastrar é de 30%
No painel do Itaú BBA Macro Vision, o cientista político também comentou sobre riscos da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas se alastrarem. A possibilidade do conflito envolver mais países aumentou nas últimas semanas, em um fenômeno que Garman chama “efeito de cauda”.
“Hoje temos na Eurasia uma chance de alastramento deste conflito (em Israel) de 30%” diz Garman.
Se, no início, outros países e milícias estavam com medo de abrirem um novo fronte de guerra com Israel, hoje esse temor ficou mais pulverizado. A Eurasia teme um “efeito dominó”, ou seja, um ataque indireto que desencadeie reações de países como Irã ou Estados Unidos.
Eleições nos Estados Unidos em 2024
A Eurasia vem medindo também o cenário de pré-eleição nos Estados Unidos. O país terá sua próxima eleição presidencial em 2024. O atual presidente norte-americano, Joe Biden, tem intenção de concorrer à reeleição pelos Democratas, enquanto o favorito do partido Republicano é o ex-presidente Donald Trump.
Ambos tem obstáculos a serem enfrentados na corrida eleitoral. Garman aponta que Trump enfrenta indicidamento judicial e, possivelmente, pode tornar-se inelegível. “Isso fortaleceria os Republicanos, mas enfraqueceria Trump”, afirma.
Já Biden tem sua popularidade corroendo com as condições da economia americana. Os juros nominais do país estão no maior patamar desde 2008, enquanto a inflação continua alta. “Outro aspecto é a idade de Biden. Sua capacidade mental mostra vulnerabilidade que pode ser explorada”, diz Garman.