CPMI dos Atos Golpistas: Governistas miram convocação de Bolsonaro

Na abertura dos trabalhos, a oposição sinaliza que deve priorizar a atuação de ex-ministro do GSI

A relatora da CPMI dos Atos Golpistas, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), e o presidente, deputado Arthur Oliveira Maia (União-BA), na abertura dos trabalhos. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
A relatora da CPMI dos Atos Golpistas, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), e o presidente, deputado Arthur Oliveira Maia (União-BA), na abertura dos trabalhos. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Integrantes da base governista na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas de 8 de janeiro vão centrar esforços para convocar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ainda não há consenso sobre qual o momento mais oportuno para apresentar o requerimento de convocação.

Uma ala governista defende que é melhor esperar o andamento da CPMI e deixar para ouvir Bolsonaro mais para o final. O entendimento é de que, com mais informações à disposição da CPMI, a situação do ex-presidente ficaria insustentável.

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“Eu acho que o Bolsonaro não é uma questão de início da CPI. Pode chegar a ele mais para o final dos trabalhos”, defendeu a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

Governistas também vão preparar requerimentos para convocação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e do ex-major do Exército Ailton Barros.

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Presos na operação da Polícia Federal que apura suspeitas em falsificação em certificados de vacinação contra covid-19, os dois trocaram mensagens sobre uma suposta tentativa de golpe para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em outra frente a ser encampada por governistas, haverá requerimentos para convocação de empresários que aparecem em investigações em curso como financiadores dos ataques às sedes do Palácio do Planalto, Supremo Tribunal Federal (STF) e Congresso Nacional.

No mês passado, o ministro da Secretaria das Relações Institucionais (SRI), Alexandre Padilha, já havia deixado claro a disposição governista de focar em Bolsonaro durante a CPMI.

“O ex-presidente é o responsável moral, espiritual, organizativo pelos atos terroristas do dia 8 de janeiro. Durante quatro anos ele semeou o ódio nesse país, semeou o ódio contra a Suprema Corte, contra o Judiciário, contra o sistema eleitoral brasileiro. Ficou o tempo todo estimulando atitudes golpistas”, disse.

Do outro lado

Do lado oposicionista, a prioridade é a convocação do general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Ele pediu exoneração do cargo após a CNN divulgar imagens em que aparece caminhando no Palácio do Planalto, em postura passiva, ao lado de vândalos.

A principal tese defendida pela oposição é de que houve conivência do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com os golpistas que atacaram o Planalto.

Filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que a oposição vai preparar um relatório paralelo e reforçou que a prioridade é a convocação do ex-ministro Gonçalves Dias.

O senador afirmou também que a expectativa do grupo de oposição é esclarecer que Bolsonaro não teve nenhuma participação nos atos do dia 8 e cobrar do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, respostas pelo ocorrido.

“Nós temos a consciência de que, por parte do ex-presidente, não há nenhum tipo de dolo, nenhuma tentativa de incentivo, nós temos a obrigação de defender a verdade”, disse.

A senadora Soraya Thronicke (União-MS) afirmou ao Valor que atuará de forma independente na CPMI. “Eu defendo e terei uma postura pragmática e independente. E acredito na mão firme do relator para que a investigação transcorra sem muito tumulto”, disse.

Apesar da fala, Thronicke sinalizou que deve apoiar a linha do governo no colegiado. Ela defendeu a convocação de Bolsonaro e se disse satisfeita com a respostas do Executivo sobre os atos do dia 8 de janeiro. “Eu estou satisfeita com as respostas dadas pelo governo e certa de que não houve omissão”, disse a senadora.

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