Reunião no Planalto dá início à transição de governo
Ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, confirma acerto com Gleisi Hoffmann, presidente do PT
A transição entre os governos Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começa oficialmente nesta quinta-feira (3) com uma reunião no Palácio do Planalto. O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, recebe em seu gabinete, às 14 horas, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), a presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (SP), e o ex-ministro Aloizio Mercadante. Será o primeiro encontro oficial entre integrantes da atual e da futura gestão.
Nogueira disse ainda ao Valor que o governo de transição será instalado na sexta-feira no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília. O local é o mesmo que recebeu a transição entre Michel Temer e Bolsonaro. Nogueira afirmou que o acerto foi feito diretamente com Gleisi.
Receba no seu e-mail a Calculadora de Aposentadoria 1-3-6-9® e descubra quanto você precisa juntar para se aposentar sem depender do INSS
Nogueira, Alckmin, Gleisi e Mercadante encontram nesta sexta-feira também o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, em outro passo para a transição. Dantas deve se encontrar com Nogueira pela manhã e com o trio de aliados de Lula.
O TCU abriu na última segunda-feira um processo de acompanhamento da transição e criou um grupo de trabalho, formado por Dantas e os ministros Vital do Rêgo, Jorge Oliveira e Antonio Anastasia, relator do processo.
Últimas em Política
Na terça, Bolsonaro fez um pronunciamento à imprensa no Palácio da Alvorada em que disse respeitar a Constituição, embora não tenha explicitamente reconhecido a derrota. Logo em seguida, Nogueira afirmou que tinha aval para seguir com a transição.
No fim da tarde de terça, Bolsonaro visitou o Supremo Tribunal Federal (STF), onde se reuniu com ministros da Corte. O ministro Edson Fachin, ao deixar o tribunal, foi o único a se pronunciar sobre o encontro.
“O presidente da República usou o verbo acabar no passado. Acabou”, disse Fachin.
Apesar dos bloqueios de rodovias e protestos promovidos por bolsonaristas, Nogueira e a cúpula da campanha de Lula já conversavam sobre a troca de bastão. E já começaram a surgir os primeiros possíveis nomes para formar o futuro governo.
Ex-governador de São Paulo e candidato derrotado ao Senado, Márcio França (PSB) é cotado para assumir o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), segundo interlocutores de Lula.
O petista defendeu na campanha a volta do MDIC à composição da Esplanada dos Ministérios. A pasta havia sido extinta e incorporada ao “superministério” da Economia, sob comando de Paulo Guedes, desde o início de 2019.
França deve ser um dos ministros do PSB de Alckmin. Ele já havia sido vice de Alckmin no último mandato dele como governador de São Paulo e assumiu o Palácio dos Bandeirantes por nove meses, em 2018, mas perdeu a reeleição para João Doria, então no PSDB.
Apesar de uma liderança confortável nas pesquisas, na corrida para o Senado este ano, França perdeu a vaga para Marcos Pontes (PL), ex-ministro de Ciência e Tecnologia do governo Bolsonaro.
De acordo com interlocutores de Lula, ainda não se pode dar como certa a escolha. Ele gosta do perfil de um empresário — “caixeiro-viajante”, como gosta de dizer — para o MDIC. Caso surja um nome nesse perfil, França poderia ser deslocado para outra pasta. Sua presença na Esplanada a partir de 2023, porém, é tida como muito provável.