Brasil e EUA foram duramente testados, mas democracias prevaleceram, diz Biden a Lula

Democracia, meio ambiente, combate à desigualdade social e racismo foram os temas que dominaram a conversa de Lula e Biden, no Salão Oval da Casa Branca

Encontro de Lula com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden em 10/02/2023
Encontro de Lula com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden em 10/02/2023

O presidente americano, Joe Biden, disse ter sido uma honra receber o presidente Lula de volta à Casa Branca. “As nossas duas nações são democracias fortes e foram testadas, duramente testadas. Em ambos os casos a democracia prevaleceu”, afirmou no salão oval.

Biden comentou sobre a conversa que teve com Lula no início de janeiro – por ocasião da invasão ao Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) – e reafirmou seu compromisso inabalável à democracia.

Receba no seu e-mail a Calculadora de Aposentadoria 1-3-6-9® e descubra quanto você precisa juntar para se aposentar sem depender do INSS

Com a inscrição você concorda com os Termos de Uso e Política de Privacidade e passa a receber nossas newsletters gratuitamente

“Eu afirmei o apoio incondicional dos EUA à democracia brasileira e o respeito pela livre vontade do povo brasileiro. Somos as duas maiores democracias do hemisfério e Brasil e EUA se unem para rejeitar a violência política e os ataques às nossas instituições”, declarou Biden.

O americano ressaltou que temas como os direitos humanos e o Estado de Direito são valores que o Brasil e os Estados Unidos prezam.

Últimas em Política

“Nossos valores em comum e os fortes laços entre os nossos povos tornam Brasil e EUA parceiros naturais para enfrentar os desafios globais atuais e especialmente as mudanças climáticas.

Muito obrigado pelo empenho em avançar a nossa parceria, este é um momento importante para os nossos países e acredito que para o mundo inteiro e eu pessoalmente espero com otimismo poder trabalhar com o senhor”, finalizou o presidente americano.

O encontro entre a primeira-dama brasileira, Rosângela da Silva e a primeira-dama americana, Jill Biden, foi cancelado. Segundo a Casa Branca, Jill não estava se sentindo bem.

Democracia, meio ambiente, desigualdade e racismo

Lula disse a Biden que, além de recolocar o Brasil na nova geopolítica mundial por ter ficado isolado por quatro anos, pretende reforçar a defesa da democracia. Lula fez várias críticas ao ex-presidente Bolsonaro, acusando-o de não gostar de manter relações com nenhum país e de disseminar “fake news”. Ao que Biden respondeu “sounds familiar” (parece familiar), em uma alusão ao ex-presidente Donald Trump, que adotou a mesma tática durante as eleições presidenciais nos EUA.

“O Brasil é um país em que o povo gosta de paz, de democracia, de trabalhar, de carnaval, de samba e de muita alegria. E esse é o Brasil que nós estamos tentando recolocar no mundo”, afirmou o presidente brasileiro. Lula disse que os EUA representam muito para o Brasil, pela relação histórica, política, econômica, comercial e cultural. “Nunca mais permita que haja um novo capítulo do Capitólio. E que nunca mais haja o que aconteceu no Brasil”, destacou Lula.

Desigualdade e racismo

Sobre o combate à desigualdade e a questão racial, Lula afirmou que jovens negros da periferia são vítimas, muitas vezes, da incapacidade do Estado. Para o presidente brasileiro, a violência que existe na periferia é a ausência do Estado com políticas públicas para garantir “sonhos à juventude”.

Clima

A questão climática é outro ponto comum entre o Brasil e os EUA. “Nós temos um compromisso desde 2009 em Copenhague quando participei da COP 15 em que nós assumimos o compromisso de reduzir o desmatamento em 80% e as emissões dos gases do efeito estufa em 30% e nós cumprimos isso”, destacou Lula.

Desmatamento da Amazônia

Para ele, a Amazônia foi, nos últimos anos, “invadida pela irracionalidade política, irracionalidade humana, porque nós tivemos um presidente que mandava desmatar, mandava garimpo entrar nas áreas indígenas e mandava garimpar nas florestas que nós demarcávamos como reserva na Amazônia”.

O presidente brasileiro disse que até 2030 haverá desmatamento zero na Amazônia.

Segundo o presidente brasileiro, a ideia é transformar a Amazônia em um centro de pesquisa compartilhado com o mundo inteiro para seja possível tirar proveito da riqueza da biodiversidade da Amazônia e transformar essa riqueza em melhoria de vida para a qualidade do povo que vive na Amazônia.

“Cuidar da Amazônia hoje é cuidar do planeta Terra e cuidar do planeta Terra é cuidar da nossa sobrevivência”, afirmou Lula. Outra abordagem de Lula foi sobre a criação de uma governança mundial mais forte em que todos os países respeitem e cumpram as decisões.

“Se não houver governança mundial forte, que forme decisões que todos os países podem cumprir, não vai dar certo. Alguma coisa a gente tem que fazer para obrigar os países, o nosso Congresso, os nossos empresários a acatar medidas. Se isso não acontecer, a nossa questão climática ficará muito prejudicada e eu não acho que temos muito tempo”, destacou.

Bolsonaro e o ‘genocídio’ yanomami

Lula disse mais cedo que Jair Bolsonaro deverá ser condenado por alguma corte internacional pelo que classificou como “genocídio” praticado contra a população durante a pandemia e também por omissão contra o povo indígena Yanomami.

Lula fez as afirmações em entrevista à jornalista Christiane Amanpour, na CNN americana, durante sua visita a Washington.

Ele disse que Bolsonaro é responsável por metade das quase 700 mil mortes causadas pela covid-19 no Brasil. E que o ex-presidente facilitou a ação do garimpo ilegal em terras indígenas.

Amanpour perguntou a Lula se ele achava que Bolsonaro, que está em Orlando desde 30 de dezembro, deveria ter o direito de permanecer nos EUA.

Lula afirmou que não conversará com o presidente dos EUA, Joe Biden, sobre o tema. Os dois líderes se encontram na tarde de hoje na Casa Branca.

“Não vou falar com o Biden sobre isso. Isso vai depender da Justiça brasileira. Eu trabalho com a ideia de que todo mundo tem direito à presunção de inocência. Ele tem direito de se explicar para sociedade. E eu tenho o direito de que isso aconteça da forma mais democrática possível.

Ele tem o direito de ser tratado da forma como eu não fui tratado”, disse Lula. “Eu não vim aqui para falar mal sobre um presidente que foi a fotocópia do que o Trump foi para os EUA.”

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


VER MAIS NOTÍCIAS