Ian Bremmer, CEO da Eurasia: ‘Bolsonaro e Lula não poderiam ser mais diferentes’ – e isso é bom para você, investidor

Apesar de ver investidores mais confiantes com Brasil após eleições, cientista político americano pondera que Congresso está muito parecido com passado recente

Ian Bremmer: cientista político norte-americano, presidente e fundador da consultoria de risco político Eurasia. Foto: Febraban Tech 2023/Divulgação
Ian Bremmer: cientista político norte-americano, presidente e fundador da consultoria de risco político Eurasia. Foto: Febraban Tech 2023/Divulgação

O Brasil de hoje mostra mais estabilidade para o mundo, diz o cientista político Ian Bremmer, presidente e fundador da consultoria de risco político Eurasia. Para ele, o país se destaca entre os emergentes, mesmo com pouca perspectiva de crescimento. E o fator político ajuda.

“Bolsonaro e Lula não poderiam ser mais diferentes”, afirma, apontando que essa é uma boa notícia para os investidores. “Mas que o Congresso de hoje não é tão diferente. E esse é um ponto de atenção”, pondera.

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Ian Bremmer veio ao Brasil para participar de um evento promovido pela Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) nesta quarta-feira (28), na cidade de São Paulo.

Crítico de Bolsonaro

Bremmer era um dos críticos do governo de Jair Bolsonaro. Ele chegou a dizer, no ano passado, que o ex-presidente prejudicava a imagem do país ao “dizer idiotices”. Em sua opinião, o Brasil de agora, apesar de caro se comparado com outros emergente, recuperou em parte a boa vontade do investidos estrangeiro justamente por um cenário político com mais estabilidade.

“O Brasil se destaca na América Latina nesse cenário global de juros altos e inflação. Entre os emergentes, não é uma Índia, que cresce muito, mas não é a Turquia, cheia de problemas, ou a Argentina, que vai colapsar daqui a pouco”, diz.

Oportunidade climática

Falando exclusivamente sobre o interesse do investidor estrangeiros, o fundador da Eurasia diz que a oportunidade do Brasil deverá vir com a questão climática, um tema que considera inevitável. O mundo deve injetar liquidez nos ativos brasileiros que se associam ao tema, ele acredita.

“Eu não vou dizer o que vocês devem fazer com o país de vocês, eu sei que isso irrita muito. Eu acredito, no entanto, que os ricos que querem a conservação do Brasil devam pagar por isso”, diz ele, referindo-se a um debate que ganhou destaque na COP-27, conferência sobre o clima que aconteceu no ano passado, no Egito, sobre a necessidade de mercados mais ajudarem a arcar com os custos da conservação do meio ambiente no Brasil.

“Eu vejo os países do G-7 falando sobre isso. Mas eu não acho que os países do G-20 estão preparados para essa conversa.”

Rússia será um problema

No cenário internacional, Ian Bremmer se diz preocupado principalmente com os desdobramentos da guerra da Rússia na Ucrânia. Para ele, os acontecimentos recentes entre o governo de Vladmir Putin e os revolucionários do Grupo Wagner, apontam uma fragilidade do líder russo e fazem com que a Ucrânia, neste momento, fique mais próxima de algo como uma vitória nessa guerra. No entanto, os desdobramentos do conflito são potencialmente complicados para o mundo.

Essa guerra pode acabar e eu voltar aqui em um ano e você não me perguntar nada sobre a Ucrânia. Mas com certeza vai me perguntar sobre a Rússia”, diz. “Eu não vejo a Rússia integrada ao ocidente e à Europa nunca mais. E eles são uma potência cibernética e nuclear”, afirma.

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