Lula pode agravar conflito entre políticas fiscal e monetária, diz Affonso Pastore

Para Pastore, que foi presidente do BC, a solução é uma política monetária restritiva e elevação do desemprego

O ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore — Foto: Leo Pinheiro/Valor
O ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore — Foto: Leo Pinheiro/Valor

O economista e ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore, que dirigiu a instituição no período final da ditadura militar, disse que o Brasil vive um conflito entre as políticas fiscal e monetária.

Em painel do Macro Vision, evento promovido pelo Itaú BBA na tarde desta quinta-feira (8), Pastore disse que isso pode ser agravado em 2023, com a possibilidade de o aumento de gastos contrapor a política do Banco Central, de limitação de gastos via juros altos.

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“Existe um conflito fiscal-monetário”, diz Pastore. Para o economista, a solução para atenuar esse conflito passaria por uma política monetária restritiva e elevação da taxa de desemprego, que deve ser o caminho contrário ao que Lula deve tomar no seu primeiro ano de mandato, com a perspectiva de aumentar gastos e ao menos frear a taxa de juros.

“Com um governo que só acredita que crescimento vem com gasto público, isso agrava a situação (de conflito entre fiscal e monetária)”, diz Pastore.

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“Uma das claras consequências está no aumento dos prêmios de risco, estamos falando de aumento da taxa de juros de 1 ano para 14% desde que Lula falou em expandir os gastos”, completa o economista.

Ele diz ainda que há uma redução sutil da percepção do mercado de que as taxas de juros chegaram ao máximo, e ressalta que ainda há uma elevação da percepção de que pode haver aumento dos juros durante o primeiro ano do mandato de Lula, que poderia ser causado por uma deterioração da situação fiscal do país.

“Tem um conflito enorme (entre políticas fiscal e monetária” que a gente terá que ver como resolver”, completa.

Ainda assim, Pastore ressalta que essa percepção de recrudescimento da política monetária é a menos aceita entre os agentes do mercado.

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