PIB do Brasil no 2º trimestre leva mercado a rever crescimento da economia para 2024

Crescimento de 1,4% veio acima da expectativa do mercado financeiro

PIB cresce acima da expectativa e leva economistas a revisarem crescimento da economia em 2024. Foto: José Paulo Lacerda/CNI
PIB cresce acima da expectativa e leva economistas a revisarem crescimento da economia em 2024. Foto: José Paulo Lacerda/CNI

Surpreendidos pelo alta do PIB do Brasil de 1,4% no segundo trimestre de 2024, economistas do mercado financeiro começam a revisar as estimativas de crescimento da economia do Brasil para este ano. Puxado pela expansão de serviços, indústria e consumo das famílias, a economia permanece aquecida e deve crescer por volta de 3%, segundo cálculos de bancos e gestores.

O PIB do Brasil foi divulgado nesta terça-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Do lado da demanda doméstica, também foi registrado crescimento bem acima das expectativas. O conjunto de despesa das famílias, governo e de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) aumentou 1,4% ante o primeiro trimestre. Por outro lado, o dado reforça a alta dos juros pelo BC, na visão do mercado.

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Destaques do PIB: indústria e serviços compensam agro

O PIB do Brasil no segundo trimestre surpreendeu as expectativas e apresentou crescimento de 1,4%, bem superior às projeções do mercado de 0,9%. Já na comparação anual, a economia cresceu 0,7 pontos porcentuais.

Assim, economistas apontam a indústria como um dos motores do PIB, com alta de 1,8% em relação ao primeiro trimestre. Sendo assim, o setor reverteu a queda de 0,1% sofrida no período.

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A alta do setor foi puxada, de acordo com Luis Otávio Leal, economista da G5 Partners, pela indústria de transformação e construção civil.

Somado à indústria, a expansão de 1% de serviços no PIB do Brasil no trimestre foi suficiente para compensar o recuo do agronegócio, cuja atividade encolheu 2,3%. É a avaliação de José Alfaix, economista da Rio Bravo Investimentos.

Já a demanda doméstica cresceu em linha com o PIB. Tatiana Pinheiro, economista da Galapagos Capital, destaca os investimentos em bens de capital, que expandiu 2,1% no trimestre e 5,7% na comparação anual.

“Este crescimento forte da economia levou ao vazamento via importações”, diz a economista. O PIB das importações subiu 7,6% no segundo trimestre em relação aos primeiros três meses do ano.

Economistas revisam PIB do Brasil em 2024 para cerca de 3%

A partir do PIB desta terça-feira, a Galapagos deve revisar a estimativa de PIB de 2024 para 2,7%. A expectativa anterior era de 2% a 2,5%.

É a mesma visão da consultoria G5 Partners.

“Diante do resultado surpreendente do PIB do segundo trimestre, alteramos nossa projeção para o PIB de 2024 de 2,5% para 2,7%”, diz Leal. “Com possível viés de alta caso a atividade não apresente acomodação no segundo semestre”, prossegue.

O banco americano Goldman Sachs foi mais um a elevar estimativas do PIB do Brasil para 2024. Segundo Alberto Ramos, economista do Goldman, os números fortes divulgados pelo IBGE devem fazer com que a economia cresça 3% neste ano, ante a expectativa prévia de 2,5%.

“Adiante, esperamos que a atividade se beneficie de estímulo fiscal pró-cíclico, aumento generoso do salário mínimo, reviravolta no ciclo de crédito e alto crescimento de renda entre as famílias”, aponta Ramos.

PIB também reforça alta da Selic em setembro

Por outro lado, a forte produção da economia mostra ao Banco Central que será necessário um aperto maior da taxa de juros para levar a inflação à meta.

O Goldman Sachs afirma que o PIB do segundo trimestre “aumenta de maneira significativa as as chances de alta de juros na próxima reunião do Copom”.

Na leitura do banco, houve “clara deterioração da trajetória da inflação” no Brasil, pressionada por forte demanda e mercado de trabalho aquecido.

Alfaix, da Rio Bravo, afirma que o contracionismo da atual taxa Selic, a 10,50% ao ano, perdeu força diante do “expancionismo fiscal”.

“As preocupações com a elevação da Selic se mostram cada vez mais coerentes, já que observamos uma economia muito forte, e a ascensão de pressões inflacionárias”, explica.

Além disso, a taxa mais restritiva de juros deve levar à contração da economia e diminuição do PIB do Brasil até dezembro.

A Azimut Wealth destaca que o investimento em bens de capital, por exemplo, deve sofrer com um ciclo de alta da Selic. Conforme a avaliação do economista da gestora, Gino Olivares, a demanda doméstica tende a esfriar nos próximos trimestres.

“Revisões do PIB nas próximas semanas serão, muito provavelmente, consequência de um crescimento maior do que o esperado no primeiro semestre do que da perspectiva de uma aceleração do crescimento no segundo”, conclui.

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